segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Um clássico de contrastes


Numa semana atribulada, com muitas lesões e castigos, o Benfica deu este Domingo uma prova cabal do que deve ser uma equipa de futebol e porque princípios se deve reger. Sem os dois extremos que melhor esticam o jogo da equipa, sem o municiador e principal jogador que define critério e qualidade com bola na organização ofensiva da equipa e com as mais recentes incógnitas das exibições menos conseguidas ultimamente de jogadores como César Peixoto, Quim, ou mesmo as dúvidas sobre Menezes e Weldon, o Benfica mostrou hoje toda a qualidade e toda a vontade de uma equipa que tem de lutar por um só objectivo: ser campeão nacional.

O Benfica mostrou ter essencialmente união. Um plantel não são 11 jogadores. São 25/26/27, tanto faz. Todos têm de estar preparados física e psicologicamente para integrar as escolhas do técnico nos mais variados momentos, seja em que jogo for. E hoje Jesus manteve a metodologia de jogo colectivo e as directrizes da equipa nos seus variados momentos, alterando apenas os jogadores que foi obrigado a colocar em campo.

Individualmente o destaque vai para Saviola, que é na minha opinião o jogador mais importante na estrutura da equipa do Benfica. A forma como o Benfica faz a sua transição ofensiva e processa a sua organização ofensiva, é essencial ter um jogador das características do Saviola e com a sua inteligência e leitura de jogo. A qualidade com que desposiciona os jogadores defensivos contrários, a subtileza e imensa qualidade com que aproveita e explora as entre-linhas dos adversários, a qualidade de drible curto e progressão com bola... sem dúvida um fantástico jogador... e admito que quando saiu a confirmação da sua contratação torci o nariz. Já me provou que os grandes homens, joguem onde jogarem, têm brio e amor ao que fazem e é impossível não se render a um clube com a dimensão do Benfica.

Javi Garcia, autêntico patrão da equipa, arrisco-me já a dizer. Um lutador com inegável qualidade posicional e de cultura de jogo, um exímio recuperador de bolas e com uma garra e vontade incríveis. À Benfica, à antiga, realmente! David Luiz fez um jogo muito forte sob o ponto de vista de maturidade que por vezes lhe falta, inteligente e astuto a adivinhar muitas das movimentações do ataque do Porto em progressão, grande jogo. E, claro, Urreta não me surpreendeu, fez 50 minutos de muita qualidade, tem muito talento e para mim ele e Coentrão devem ser os donos daquele lugar.

Não podia deixar de destacar Ramires. Faltam-me adjectivos para qualificar a forma como sai de uma lesão grave e passado 6 dias está a jogar o clássico. Jogadores com este querer e vontade fazem falta ao futebol e à sociedade em geral. Incansável, um posso de força e qualidade!

O Porto apresentou-se demasiado receoso, continuo sem perceber a inexistência de uma aposta acertiva no Belluschi, pois o Porto sem ele joga claramente em inferioridade. Belluschi é um jogador com critério e qualidade na organização, remata bem de fora, sabe pautar os ritmos de jogo da sua equipa, é inteligente... não percebendo a insistência em Guarin, o jogador fetiche de Jesualdo.

Hulk está claramente fora de forma, é um jogador que na minha opinião com um trabalho sustentado de evolução das suas características pode ser de top mundial, mas que esta época tem tardado a dar o salto. Hoje foi preterido no assalto final do Porto, nunca esteve em jogo, sendo anulado com maior ou menor dificuldade pela defensiva do Benfica.

Bruno Alves e Raul Meireles são os melhores jogadores do Porto nesta altura, têm qualidade e identificação com as estratégias e exigência de um clube que nos últimos anos tem sido muito forte dentro e fora de portas.

Por falar em identidade, resta-me, para terminar, abordar a temática desta forma (que uma mensagem que recebi no telemóvel - não sei de quem, alguém que se acuse - me alterou para este facto): Nos 22 jogadores que entraram em campo, apenas 6 portugueses no onze, três para cada lado: Quim, César Peixoto e Carlos Martins no Benfica; Raul Meireles, Bruno Alves e Rolando no Porto. Que futuro para o futebol nacional?

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