segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Opinião: Visão de Mercado

O Mercado de Inverno, ano após ano, suscita muita curiosidade e excitação dos adeptos com vista ao reforço dos seus clubes. Pessoalmente, considero que Janeiro deve ser sempre um recurso, e nunca uma prioridade.

Na minha óptica, um clube que aposta muito em Janeiro, é um clube que trabalhou mal no Verão e nos mercados anteriores. A febre das contratações está ao rubro em Portugal, com o Benfica a desdobrar-se em negócios e mais negócios, o Sporting a ressuscitar e a perceber que tem de investir seriamente no plantel, e um FC Porto mais calado, atento, mas com uma estrutura escolhida e delineada desde a altura certa.

Azuis e brancos na sombra



E é por aí que vou começar. Pode parecer cliché ou não, mas o clube com maiores receitas de vendas, ultimamente, pouco investe em termos de números esperados face ao retorno em atletas. O mercado nacional tem sido a preferência dos azuis e brancos, nunca esquecendo o argentino, de onde aparecem as suas principais apostas ano após ano.

Face aquilo que são as necessidades aparentes do clube, na minha óptica, reforçar essencialmente o ataque com dois jogadores, um avançado diferente e um extremo puro, são vários os nomes que me vêm à cabeça de possíveis contratações dos azuis e brancos.

Desde já o regresso de Ukra. Como já referi num post anterior, Ukra já deu todos os sinais de a sua evolução ter atingido um nível de maturidade que lhe permite ambicionar terrenos mais exigentes. O Porto não tem nesta altura no plantel, um extremo puro, capaz de fazer ambas as faixas, que goste de ganhar a linha e criar desequilíbrios.

Se o Porto procurar o mercado argentino, poderá virar-se para Salvio, jovem promessa do Lanús, com muito potencial. A segunda peça que me parece faltar para o ataque do Porto, é um jogador de área, mais fixo, mais alto do que a dupla de irrequietos Farias e Falcão, capaz de fazer golos. Se o Porto procurar a Argentina, vai centrar esforços no Boghossian, e tinha qualidade para marcar 20 golos por ano na nossa Liga. Por outro lado, o empréstimo de Élton ao Vasco chegou ao fim e está aqui um nome apetecível para muitos clubes europeus.

Como vem sendo hábito, a estrutura não mexe, a política mantém-se, e poderá ou não dar os seus frutos. A verdade é que esta forma de acção (reforçando a confiança nos seus) é a que mais me agrada e a mais passível de dar excelentes frutos.

Um mercado louco (inesperado)?


O Benfica surge nesta altura como o clube mais forte dos denominados três grandes. Apresenta melhor futebol, melhor plantel, melhor ambientação dos reforços, e uma estrutura que parecia até aqui extremamente bem preparada para lutar por todas as frentes.

Curioso ou não, tendo em conta os últimos anos, é que o clube parece estar a perder o rigor e falam-se em imensos nomes para reforçar a equipa. Todos os dias aparecem jogadores novos na órbita do clube. Isto é o papel de jornalista, logicamente. Mas o Benfica tem de sair a terreno a por fim a esta situação (a menos que esteja realmente numa óptica de comprar) sob possibilidade de desestabilização do grupo.

Uma das maiores críticas apontadas a Jorge Jesus, é a sua obsessão por jogadores brasileiros e pelo mercado do Brasileirão. Na minha óptica o clube deve definir primeiramente, ao nível da sua estrutura, como as coisas se processam.

1- Quem define posições a reforçar? O treinador?
2- Quem define o perfil adequado face às exigências do ponto 1? O treinador?
3- Quem define os alvos face aos pontos 1 e 2? O treinador?

Então, teremos de aceitar que neste momento é Jorge Jesus que realiza as operações de reforço para o seu grupo e os dirigentes do Benfica estão disponíveis para lhe oferecer os recursos que ele pretende. Contudo, Jesus não pode querer singir-se a um mercado, admitindo que é o que melhor conhece, e esquecer os possíveis bons negócios a realizar fora dele.

Alan Kardec é nome confirmado. Conheço-o relativamente bem, já aqui falei dele, e apesar de ser suplente de uma equipa da 2ª divisão brasileira, reconheço-lhe qualidades para poder vingar na Europa. É jovem, forte de cabeça, bom finalizador, com trabalho e ambientação, poderá ser uma boa opção (mas vem como recurso).

Airton tem 19 anos, titular de um Mengão campeão, vem para uma posição deficitária no plantel e claramente que tem qualidade para vingar (mas vem como recurso).

O nome mais recentemente abordado é o de Eder Luis. Jogador com qualidade para resolver no um para um, muito forte em situações de contra-ataque, agressivo, tecnicista e que finaliza bem (mas vem, se vier, como recurso).

Pois bem, será esta a política correcta? Não deveria o Benfica apostar naquilo que já tem dentro do seu grupo, que até aqui foi suficiente, e até em situações impensáveis à partida, de impedimento de jogadores, como aconteceu contra o Porto, os "reservas" terem mostrado que têm qualidade para suprir as ausências?

Não deveria o Benfica virar-se para uma óptica de futuro e aproveitamento dos bons nomes que vão surgindo, para se reforçar? Como seria por exemplo o Ivan Marcone, na próxima época, do Arsenal de Sarandi, ou um feroz ataque ao Boghossian caso as propostas por Cardozo fossem realmente altas e houvesse interesse de ambas as partes (o que me custa a acreditar) em deixá-lo sair? Ou no Ramón Lateral Esquerdo do Vasco, e tão badalada contratação de um Guarda-Redes titular? Ou o garantir do Ruben Micael para o próximo ano?

É que não consigo perceber a vinda de Éder Luis (percebia para ser titular - pois tem qualidade) se cá está Urreta, não percebo a vinda de Kardec, quando se podia apostar em nomes mais fortes (apesar de ele ter qualidade) e até ao momento aceito Airton, embora desejasse outras opções.

Ah, e sem me esquecer, 2 milhões de euros pelo Fábio Faria? Um jogador que provavelmente vai mostrar ser algo "curto", para a dimensão do Benfica?

Estará o Sporting a querer ser, finalmente, grande?


Depois de um dos piores arranques de sempre, parece José Eduardo Bettencourt apostado em dotar o plantel do Sporting de opções capazes de lutar pelos pergaminhos (mesmo que seja um campeonato em cada 9 anos) do clube.

Esta situação actual é que não reflecte em nada a história e bom nome do clube, pois já se viu que a aposta desmesurada em jovens não pode ser desculpa para tudo, e tem sim, de ser alvo de reflexão por parte dos responsáveis, visto que nos últimos anos a "seca" tem sido maior do que a produtividade.

O Sporting urge reforços, urge soluções, mas a que ponto estará o clube disponível? Já sem qualquer património, com um passivo de quase 500 milhões de euros, será uma medida sustentável a contratação de nomes, pelos valores que se falam, na praça pública?

João Pereira parece-me uma excelente opção para o Sporting, numa posição claramente deficitária. 3 milhões de €, orçamento esgotado, pensaria eu. Mas parece que não.

O Sporting necessita de um Lateral Esquerdo. André Marques, Grimi ou Caneira, não podem ser soluções. Fala-se em Gareth Bale. Custa-me a acreditar, face ao talento e qualidade do jogador e mercados disponíveis para o receber.

Caso o Sporting avance para Evaldo e Ruben Micael, é a estratégia mais correcta que podem adoptar, pois são dois produtos portugueses (sim, o Evaldo passou a ser...), conhecedores do nosso campeonato, ambientados às exigências do clube, com talento e qualidade para se imporem.

Pongolle surge como um dos nomes sonantes, fala-se em quase 6 milhões de €, o que é um valor astronómico. Sinceramente não sou grande fã das qualidades do jogador, entendo que foi sempre uma promessa adiada, mas lá está, pode explodir em Portugal, pelo talento que lhe reconheço.

A minha questão é outra. Como pode um clube como o Sporting, dotado de inúmeros problemas financeiros, que recusou pagar mais 250 mil euros por um treinador, investir 9 milhões de € em dois jogadores, e parecer não ficar por aqui?

Estará José Eduardo Bettencourt, face às críticas que tem ouvido e às movimentações para o tirar da "cadeira do poder", necessitado de responder às vozes detractoras e com obrigação de apresentar resultados? Com que sustentabilidade? Que futuro para o Sporting?

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