...4-0 do Real Madrid na sua própria casa. Nada que não tivesse sido já debatido neste espaço nos últimos dias e até mesmo em outros momentos. Este modelo de Guardiola não exequível de acordo com os jogadores que tem à disposição acabaria por dar para o torto e de forma clamorosa. Esta não foi só a derrota mais pesada do técnico espanhol a este nível como foi também a que mais expõe as suas fragilidades.
Qualquer modelo de jogo deve ser direccionado para potenciar as características dos jogadores. Uma equipa como o Bayern que ganha tudo no ano passado, trucidando adversários (inclusivé a geração de Guardiola no Barcelona por 7-0), não pode mudar de forma tão radical como fez este ano apenas para ir ao encontro de um futebol de um treinador que acabou por recolher mais críticas do que propriamente elogios palpáveis num contexto onde seria difícil que isso acontecesse.
A componente estratégica é fundamental no jogo e sobretudo nos momentos das decisões. Jogar num bloco tão subido e em constantes igualdades posicionais nos momentos de transição defensiva frente a uma equipa que tem um jogador a decidir como Modric, um jogador que liga sectores de forma tremenda e que pela sua capacidade de aceleração garante rápidamente vantagem posicional em transição ofensiva chamado Di Maria, e jogadores que com espaço nas costas como Ronaldo e Bale, é garantir suicídio, e garantir a humilhação que se verificou hoje.
Mais grave ainda é abdicar do ADN da equipa, que fazia dos esquemas tácticos um dos seus alicerces, e que sofre três golos dessa forma. Guardiola não soube explorar o que a sua equipa tinha de mais forte, e isto não se resume a um jogo. Ganhar o campeonato alemão onde o único rival actual é o principal fornecedor de jogadores para a própria equipa não pode ser nunca um elogio. É apenas a sua obrigação. E fazer a figura que fez em alguns jogos do campeonato, recolhendo críticas constantes de todos os quadrantes do futebol e do próprio clube, e sair da forma como o fez hoje na Champions, mostrou um Guardiola derrotado e sobretudo demasiado agarrado a ideias que agora (tal como no ano passado no Barcelona x Bayern) se provam estar equivocadas.
O futebol está em constante mudança e a adaptação/evolução de treinadores e seus intérpretes é o garante de sucesso duradouro de estratégias e filosofias daqueles que ganham em todos os contextos possíveis. E se Mourinho, tão criticado nos dias de hoje, vencer este ano em Lisboa com um plantel muito inferior aos demais concorrentes, vamos ver quem tão cedo ganhará 3 champions em 3 países diferentes, 3 contextos diferentes...veremos!