sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Como jogou o Porto no Mónaco




Em pressão alta, com bloco subido e procurando recuperação de bola o mais rapidamente possível. Lembrando o que aqui escrevi sobre a forma como jogou o Real Madrid e em comparação...


"O Barça dava largura máxima, parecia quase uma equipa de futebol de 7 a sair desde o pontapé de baliza. Essas eram as duas únicas opções que o Real deixava livre, os 2 centrais. A partir daí, fechada todas as linhas. Não em basculação defensiva, mas sim subindo as várias linhas de pressão."


O Porto não. Procurava imediatamente subir os seus médios de forma a pressionar a saída de bola a partir do corredor central. Kléber saia ao central de um lado, quando havia variação, ou Guarín ou Moutinho pressionavam imediatamente tentando reduzir o tempo de decisão e procurando o erro. Boa estratégia e pensamento do treinador procurando que a bola fosse chegando consecutivamente em condições desfavoráveis aos médios do Barça. E também ao contrário do que fez o Real, o Porto defendeu em basculação defensiva, não jogando ao homem e anulando as opções através do homem, procurando através do espaço. Aqui o Barça sentiu-se mais à vontade pois o Porto procurou retirar profundidade, mas o Barça imprimiu largura, colando Dani Alves e Pedro em cima da linha lateral, obrigando o Porto e o seu bloco defensivo, caso os movimentos de equilíbrio não fossem suficientemente rápidos, a dar espaço para penetração através desse corredor.


"O Real procurou ganhar sempre a bola o mais à frente possível pois só assim conseguiria retirar metros e espaço para pensar ao Barça. O Barça é a melhor equipa do Mundo a jogar sob pressão. Mas sentiu muitas dificuldades. Erraram alguns passes (coisa rara) em transição e em organização. O Real recuperou muitas bolas dentro do meio-campo do Barça através da sua 2ª e 3ª linha de pressão."


O Porto não o conseguiu. Enquanto o Real procurou recuperar em todas as zonas do campo, dando menos ênfase ao corredor central em transição (defesas centrais), focando a sua área nos jogadores seguintes, da 2ª fase de construção, procurando então o desequilíbrio defensivo que o Barça poderia ter através da recuperação da 1ª zona de construção do Barça, o Porto tentou anular logo essa 1ª zona, pressionando os centrais, o que deixou a equipa mais exposta, menos junta, o que acabou também por dar mais espaço ao Barça para sair. Mesmo que o primeiro passe saia deficitário (o que aconteceu algumas vezes), a superior capacidade técnica e de movimentação de Dani Alves, Xavi, Iniesta, resolveriam os problemas.


"O difícil de tudo isto foi a forma como os jogadores se conseguiam manter próximos e com grande equilíbrio entre si. Raramente se desposicionaram. Quando recuperavam havia rapidamente junto a si várias opções de passe para sair rápido em ataque rápido."


O Porto também não o conseguiu. A linha defensiva esteve subida, mas a saída em pressão de um dos médios interiores, acompanhando o movimento do avançado, fez com que os extremos do Porto, o seu 6, e o outro interior, estivessem algo longe desses 2 primeiros elementos na saída de pressão. Foi uma zona desarticulada e sobretudo longíncua, o que fez com que sempre que houve recuperação de bola, em vez de passe de ruptura ou em apoio frontal, ou penetração, tenha existido quase sempre uma temporização, ou para trás, ou para o lado, o que fez com que o Barça rapidamente se posicionasse.

PS1: Não quero com este post dizer que o Porto deveria ter jogado como o Real, mas sim realçar que dentro do mesmo princípio, podem haver várias formas de o interpretar, através dos seus sub-princípios, e colocar em práctica a estratégia posicional dessa forma de jogar. A estratégia das equipas é sempre diferente, porque os jogadores são diferentes, as características diferentes, as necessidades diferentes, as armas e respostas diferentes, tudo isso diferente, mesmo defendendo as mesmas formas de jogar.

PS2: O Porto precisa de um avançado de topo, no imediato. Mesmo que Kléber venha a ser, daqui por 1 ou 2 anos, um grande avançado do nosso campeonato.

domingo, 21 de agosto de 2011

Onde estão e onde estarão...


Num país onde o talento nasce de dia para dia, o Brasil volta a ser campeão mundial de sub-20. Vamos para o plantel dos últimos vencedores pelo Brasil da segunda competição mais importante da FIFA.

2003:

Jefferson (Botafogo)
Dani Alves (Barcelona)
Alcides (Dnipro)
Adaílton (FC Sion)
Daniel Carvalho (Atlético Mineiro)
Dudu Cearense (Atlético Mineiro)
Adriano (Barcelona)
Juninho (Daegu depois de passagem pelo Nacional da Madeira)
Jardel (Caldense, passagem pelo Estrela e Penafiel)
Nilmar (Villarreal)
Kléber (Palmeiras)
Fernando (Ceará)
Andrey (Criciuma)
Coelho (Karabukspor)
Gabriel Santos (América Mineiro)
Renato Silva (Vasco)
Carlos Alberto (Góias)
Andrezinho (Internacional)
Fernandinho (Shakthar)
Dagoberto (São Paulo)

PS: Não se espantem os leitores que daqui por 8 anos, dos 28 jogadores que hoje disputaram a final do Mundial sub-20, apenas se lembre dos nomes de Mika, Danilo (Brasil), Philippe Coutinho, Óscar e Nelson Oliveira.

Abram alas para...


Nelson Oliveira, o melhor jogador da selecção nacional sub-20, vice-campeã mundial, ele que foi bola de prata da competição e o melhor marcador de Portugal com 4 golos. Jogadores com as suas características e sobretudo qualidade, terão o futuro que quiserem. Nelson vai chegar ao plantel principal do Benfica e com atenção ao talento que tem, o Benfica, dentro de alguns anos, será curto para ele.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A pressão alta em Camp Nou


Devia ser escrito um livro sobre a primeira parte do Barça-Real para a Supertaça Espanhola para entrar nos manuais de como defender alto, próximo, de forma sufocante, anulando opções do adversário, e saindo quase sempre em superioridade numérica para o contra-ataque! E a grande dificuldade está aqui.

Já ouvi muitos treinadores dizerem que jogar em pressão alta com o Barcelona é suicídio, porque eles conseguem arranjar facilmente soluções e se está a desproteger a zona defensiva e a dar espaço entre-linhas para os grandes criativos do Barça se superiorizarem.

Mourinho foi genial. O Barça dava largura máxima, parecia quase uma equipa de futebol de 7 a sair desde o pontapé de baliza. Essas eram as duas únicas opções que o Real deixava livre, os 2 centrais. A partir daí, fechada todas as linhas. Não em basculação defensiva, mas sim subindo as várias linhas de pressão. 1ª - Benzema e Ozil. Com o francês a sair sempre à zona da bola no primeiro passe e o alemão a tentar dificultar imediatamente na recepção do portador quando havia passe vertical, a procurar progressão. 2ª - Di Maria, Ronaldo, Khedira e Xabi Alonso com uma diferença: nos corredores laterais, procuraram antecipação, agressivos (Dí Maria nos primeiros minutos ganhou algumas bolas) Khedira e Alonso no corredor central mais em contenção, não deixando virar, procurando evitar que Xavi ou Iniesta tivessem tempo para pensar. 3ª, junto ao meio-campo, de igual forma. Sérgio Ramos e Coentrão agressivos e procurando antecipar. Carvalho e Pepe igual.

O Real procurou ganhar sempre a bola o mais à frente possível pois só assim conseguiria retirar metros e espaço para pensar ao Barça. O Barça é a melhor equipa do Mundo a jogar sob pressão. Mas sentiu muitas dificuldades. Erraram alguns passes (coisa rara) em transição e em organização. O Real recuperou muitas bolas dentro do meio-campo do Barça através da sua 2ª e 3ª linha de pressão.

O difícil de tudo isto foi a forma como os jogadores se conseguiam manter próximos e com grande equilíbrio entre si. Raramente se desposicionaram. Quando recuperavam havia rapidamente junto a si várias opções de passe para sair rápido em ataque rápido. E aqui o princípio de Mourinho preconizado em treino é muito difícil de se parar.

Mesmo em pressão e garantido o equilíbrio - o tal homem dos equilíbrios - (ler este post de Maio http://vidadofutebol.blogspot.com/2011/05/tera-mourinho-errado.html), o jogador próximo do centro de jogo era rapidamente solicitado aquando da recuperação de bola procurando ser ele a decidir o lançamento do ataque rápido desposicionando a cobertura ofensiva do Barça e explorando alguma má organização da última linha do Barça (o que acontece muito poucas vezes).

O Barcelona dando muita largura fez com que os seus jogadores estivessem algo afastados, e quando procuravam os apoios para progredir, aproximando-se, fossem rapidamente abafados pela zona de pressão do Real, procurando a antecipação.

Ainda hoje li um texto sobre a questão da pressão alta e este jogo no dia de hoje fez todo o sentido. Sem dúvida que o principal para se efectuar é haver uma boa ocupação do espaço e proximidade entre sectores e linhas. É o mais importante pois permite a cada jogador correr menos, mas de forma mais eficiente. Contudo nesta altura da época, a dimensão física é fundamental, e estar em grande ritmo na fase defensiva e ofensiva do jogo, torna-se papel extremamente difícil. O tempo que o Real aguentou fazê-lo, foi a melhor equipa a jogar contra este Barcelona que me lembro de ter visto jogar.

PS: Claro que numa equipa onde pontificam jogadores como Messi, Iniesta e Xavi, por muito que se jogue bem, por muito que se cresça tacticamente, por muito bons que também se seja, é quase missão extra-terrestre superiorizar-se a eles.

PS2: O Real precisa urgentemente de um avançado de classe Mundial. Hoje tinha feito golos em Camp Nou e a Taça era de Mourinho.

PS3: Estou farto de ver Busquets e Dani Alves constantemente no chão a pedir faltas e cartões. De ver Messi a chutar bolas para longe e a enervar os adversários. E de ver o Barça a vitimizar-se.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O erro na posição 6 de Jesus


Em transição defensiva. E vão 3 anos que a equipa sofre golos, ou se desequilibra, sempre da mesma forma. E quem estuda bem o Benfica de Jesus, torna-se fácil explorar uma das poucas debilidades notórias que tem dentro do seu modelo de jogo. Continuo a defender que o erro é seu, porque apesar da forma como estuda e entende a fase defensiva, no momento da transição defensiva, o princípio que escolhe, apesar de ser acertado, é muito difícil de colocar em prática.

Fruto do envolvimento ofensivo dos laterais, em transição defensiva, Javi equilibra a linha de 4 na zona em que falta um jogador (normalmente o defesa lateral). É difícil equilibrar rápido e sair da mesma forma ao portador da bola conseguindo fechar rápido o corredor central e garantir proximidade e cobertura defensiva correcta. Jesus consegue-o. Continua sem o conseguir é equilibrar a zona 6, de onde saiu Javi. Normalmente porque a velocidade do contra-ataque é elevada. Javi não é propriamente veloz. E demora eternidades alguém a equilibrar a zona 6. E o golo do Twente hoje acontece novamente fruto disso (lentidão de Javi, ou alguém, a fechar o espaço 6 próximo dos centrais).


szólj hozzá: Twente 1-0 Benfica

É pena não dar para ver no vídeo o momento anterior em que o Benfica tentava o ataque rápido. Com um passe vertical o Twente consegue ultrapassar as 2 primeiras linhas de pressão do Benfica. Em apoio frontal os holandeses conseguem situação de 3x4. Impensável. Maxi aberto permitiu espaço. E Javi foi muito lento a recuperar e estar próximo dos centrais (movimento fundamental em organização defensiva). E a linha de 4 defensiva nem estava com muitos metros atrás de si. Demoraram os 4 jogadores a fechar o corredor central. Errou no posicionamento Javi que permite que o jogador do Twente receba de frente para os 2 centrais, no corredor central. E erra também Luisão que abre espaço interior para a penetração ou o remate como se viu. Tentando remediar o erro primário de Maxi, não pode nunca descurar a proximidade do outro central, no caso Garay. E Luisão fê-lo.

Desconcentração e erro básico que a outro nível ditaria certamente muitas dificuldades do Benfica frente a um adversário frágil como os holandeses desta noite.

domingo, 14 de agosto de 2011

Uma estreia nada especial


A pouca irreverência dos jogadores ofensivos não explica tudo. Ver este Chelsea foi como ver uma equipa bem organizada, forte no passe, mas lenta, pragmática e sem capacidade de encontrar soluções na zona de decisão. Sempre sem recursos, sem ideias...

Uma organização ofensiva capaz a nível posicional mas muito fraca em termos de mobilidade. Tanto que nem foi possível perceber a quem assistiu ao encontro descortinar que tipo de combinações tácticas o Chelsea fazia. A pouca capacidade dos laterais penetrarem com qualidade, aliada a uma zona de construção sem irreverência, sem lances de rasgos, sem capacidade para penetrar na última linha defensiva do Stoke.

A nota da estreia é negativa para Villas Boas. Mas não só porque este Chelsea precisa urgentemente de um extremo e de um avançado de classe mundial.

Jeffrén e Nolito: Levem a bola para casa


Os processos são em tudo idênticos. A formatização dos extremos da cantera do Barcelona é centrada nisto. Desengane-se o leitor que pensa que o título reproduz algum sentimento negativo quanto ao individualismo dos dois jogadores. Errado. Centramos sim a nossa visão na casa pródiga do jogo de futebol, o corredor central, onde os 2 espanhóis definem como meta quase todos os seus lances.

Jeffrén terá certamente um espaço de claro destaque no Sporting. Mais do que Capel, sem qualquer tipo de dúvida. E talvez mais do que qualquer outro jogador do actual plantel dos leões, apenas a par do rendimento grande que certamente Domingos saberá retirar de Izmailov e Rinaudo.

A forma como o jogador dos leões desenvolveu o seu futebol hoje frente ao Olhanense deixou os adeptos do Sporting, certamente, com um grande sorriso. O corredor central não é a sua casa de partida mas a sua finalidade. Procurou-o vezes sem conta. No entanto é capaz também de oferecer verticalidade e largura. Velocidade de ponta, grande aceleração. Certamente que o Sporting há muitos anos não tinha um extremo com esta qualidade. Arrisco-me mesmo a dizer desde a vaga Quaresma/Ronaldo/Nani.

Já Nolito, sem a velocidade de ponta do leão, continua a assumir-se como um dos grandes destaques do Benfica. O corredor central e a facilidade com que executa no mesmo, são estonteantes. Já se sabe que quando Nolito recebe aborda a penetração. Vira-se sempre para a baliza e vai para cima. Aí procura o apoio frontal, lateral, ou a cobertura ofensiva. Raras vezes o drible como Jesus até já quis fazer crer. Mas quando o faz, também é difícil de parar. Acima de tudo é a sua intensidade, dinâmica e constante capacidade de mobilidade que fazem a diferença.

PS: Por falar em Mobilidade, um princípio fundamental na fase ofensiva do jogo, alguém me explica se o meio-campo da selecção nacional de sub-20 com Júlio Alves, Pelé e Danilo conhece esse princípio?

sábado, 13 de agosto de 2011

O homem Jesus


Jorge Jesus é um dos melhores treinadores portugueses da actualidade. Considero que em termos tácticos, de concepção de jogo, leitura, organização das suas equipas, sistematização, modelo de jogo, está o nível dos melhores do Mundo. Tem um problema grave e que pode desarticular tudo isso: a gestão de recursos.

Não vou entrar por questões de saturação de jogadores em relação a ele. Não conheço, abstenho-me de o fazer. Mas como é possível em análise ao jogo frente ao Gil Vicente ler isto, dito pelo técnico do Benfica:

"Depois os jogadores que entraram na segunda parte também não o fizeram muito bem."

Qual é a reacção possível de um atleta ao ouvir isto? Tanto os que jogaram na 2ª parte, ao que ele se refere, como os que possivelmente podem vir a jogar outras 2ªs partes menos conseguidas?

"Não nos podemos esquecer de que Nolito veio do Barcelona B. E uma coisa é jogar no Barcelona, outra é jogar no Barcelona B"
Como é possível vir a público dizer tamanha barbaridade sobre um jogador da sua equipa, na qual ele tem de sentir que é o técnico o seu principal motivo de motivação, ambição, superação? O que sentiu Nolito ao ouvir isto da parte da pessoa que para ele tem de ser considerada como o seu nº1?
Ausência de Capdevila na UEFA: "Não me interessa o passado"

O que sente o Capdevila, campeão do Mundo e da Europa, numa altura delicada, que procura atingir índices físicos aceitáveis, motivar-se, ambientar-se a uma realidade diferente, quando não está imediatamente a jogar e a fazer o que mais gosta, e ainda ler uma frase destas do seu novo treinador?

Para não falar da pré-época de David Simão, um jogador com 15 anos de Benfica, que nem um minuto teve direito no jogo de apresentação da equipa no Estádio da Luz, para jogarem 45 minutos atletas que nem 1 treino tinham feito com a equipa.

Para não falar que um jogador castigado pelo seu clube por ter assinado pelo Benfica, chega, e faz 45 minutos em jogos de pré-época, no total, e sendo a única opção para o ataque no 1º jogo para o campeonato, não entra. Falo de Mora.

Para não falar da insistência em desvalorizar e esquecer Urreta. O melhor extremo do plantel em perspectiva futura.

Para não falar do esquecimento de Bruno César que custou ao clube 6 milhões de euros.

Para não falar das correrias e dos espectáculos de show-off que produs no banco quando a equipa está em vantagem em clara procura de protagonismo.

PS1: O Benfica tem fabulosos jogadores de futebol.

PS2: Qualquer insucesso desta época deve-se apenas ao treinador. E eu em todas as outras temporadas critiquei a direcção.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Destaques e Previsões: SL Benfica


Melhor Jogador - Pablo Aimar. É indispensável no Benfica e parece caminhar para mais uma grande época de sucesso. A forma como dizima o sector defensivo do Arsenal é elucidativo daquilo que ainda pode dar a este Benfica. Tanto no 4-1-3-2 como no meio 4-3-3 meio 4-4-2 clássico que Jesus está a testar, fruto do posicionamento do argentino, será fundamental.

Melhor Reforço - Alex Witsel. É jogador da cabeça aos pés, disso nunca houve dúvidas. Com bola e sem ela. Muito inteligente, ocupa muito bem o espaço em cobertura ofensiva, na forma como equilibra a equipa, como sai em pressão, e como tecnicamente é forte em progressão. Ele e Aimar + 9.

Melhor Criativo - Nico Gaitán. Característica fundamental no balanceamento ofensivo que as equipas de Jesus têm. O argentino vai explodir este ano e estou em crer que vai ser dos jogadores mais em foco dos campeonatos europeus nesta época. Notável poder de criar algo de génio no jogo, cada vez melhor sob o ponto de vista da zona de decisão, e da forma como executa, é certo que tem de ganhar outra agressividade e dinâmica, mas é um jogador fabuloso. E pode jogar em todas as posições ofensivas deste Benfica exceptuando a 9.

Melhor Equilíbrio - Maxi Pereira. De Agosto de 2010: "Para além disso, apresenta-se muito forte em progressão, o que permite à equipa subir linhas e ter opções mais próximas em transição. No espaço interior, e em espaço curto, faz a diferença. Neste 4x1x3x2, a forma como equilibra constantemente as saídas em pressão de Ramires, ou aparece como referência posicional no corredor lateral direito em profundidade, segurando bem e partindo melhor em progressão, faz com que o Benfica jogue mais próximo e mais forte no típico jogo do passe curto e ruptura rápida posicional."

Mais Oportunidades - Urreta. Insisto. Com oportunidade vai dar alegrias aos adeptos. É o único extremo vertical do plantel, de largura e profundidade. Capaz de dar alternativas diferentes ao modelo de jogo do treinador.

Vai Explodir - Nolito. Impressionante a intensidade e dinâmica do seu jogo. Mas se olharmos para Jeffren ou Pedrito percebemos o ADN do seu futebol. Muito talento, muito forte na zona de decisão, a manter o nível que tem apresentado, é outra das figuras em perspectiva do próximo campeonato.

Fora Dela - Oscar Cardozo. Naquilo que é o futebol do Benfica, e até porque os extremos do plantel derivam invariavelmente para o corredor central, e fazem dele o corredor mais importante para a organização ofensiva da equipa, Cardozo perde espaço. Porque não terá ninguém que faça 5 ou 6 cruzamentos por jogo. E porque isso deixou de ser princípio preconizado pelo modelo de jogo.

Pior do 11 - Enzo Pérez. Não está a ter uma adaptação fácil e acima de tudo não está a demonstrar as qualidades que são precisas para aquele espaço. Jogador veloz, mas incapaz de alternar movimentos interiores com capacidade de largura. Deriva sempre para dentro e pouca diferença tem feito na zona de decisão. Vamos ver.

Contra a Corrente - Bruno César tem muito para dar. Pensa muito bem o jogo, revela pormenores de jogador adulto. Assim tenha tempo e espaço para se adaptar ainda vai calar muito boa gente. Como 10.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Manuel Machado, a transição e a bola parada


Se há golos em que os treinadores acabam por deter certo tipo de responsabilidade são os de bola parada. Quer os lances ofensivos, como defensivos. Certo que tudo depende do jogador, da forma como define a zona pré-definida, como ataca a bola, como protege a linha da baliza ou as linhas que podem ser escolhidas pelo atacante para procurar o remate.

Contudo, Manuel Machado ainda não entendeu que o futebol evoluiu e ele está a ficar para trás. Tudo bem que qualquer treinador tem o seu modelo de jogo e defende os seus princípios. Contudo, a forma como Machado se recusa em evoluir a sua forma de jogar faz um dos melhores Vitórias dos últimos anos em termos de opções de plantel ser uma equipa facilmente fragilizada pelo adversário.

A zona defensiva, em transição, é um exemplo. Se repararmos, o Vitória raramente pressiona o portador da bola ou sai em sua direcção. A primeira preocupação defensiva dos jogadores é organizar rapidamente a linha e fechar os espaços do corredor central. Contudo, permitindo espaço, progressão, penetração, ao portador da bola, faz com que os defesas recuem, defendem mais atrás, e estejam mais fragilizados. Tudo bem que não desequilibram a zona. Mas vão contra o primeiro princípio fundamental da defesa: pressão. Saída ao portador da bola. Fechar espaços e linhas. Diminuir tempo para pensar e executar.

As bolas paradas então é incrível. Defesa individual? Coloca a nu a fragilidade de um jogador em relação a outro. Pela velocidade de deslocamento. Pela capacidade de se desmarcar em função da bola e não do homem. Machado ainda não o entendeu. E os golos por responsabilidade sua e do seu modelo preconizado em treino, sucedem-se. Vamos ver alguns:



Todos os jogadores procuram seguir os seus adversários de marcação. Só quando a bola está a chegar perto é que olham para ela. Anderson Santana quando a tenta atacar já perdeu posição e tempo de salto para Maicon que facilmente desequilibra todo o lance.




Todos os defesas se preocuparam em marcar, em cima, sem espaço, o adversário. Esqueceram-se de defender o espaço mais importante: o seu mesmo. Bola no primeiro poste sem um único jogador para a interceptar.




Momento fundamental do golo, ou erro principal, está em Alex. Quando a bola chega para Álvaro Pereira, se o primeiro objectivo de Alex, em vez de ser, correr para trás, e organizar a linha, impossível num contra-ataque, tem saído na pressão ao portador da bola, diminuindo o seu tempo de execução, tinha permitido à cobertura defensiva chegar mais rápido perto de Hulk e evitar que este tivesse espaço, sobretudo, e tempo para variar o centro de jogo e encontrar James sozinho.



Um homem no primeiro poste. Tudo o resto em marcação individual. Basta o choque entre uns, a falta de coordenação dos outros, para o desequilíbrio individual acontecer. Quem sabe onde a bola vai cair e mais rapidamente a ataca (quem joga em função dela) desequilibra.

domingo, 7 de agosto de 2011

90 minutos a ver Hulk


1' Recebe em apoio e devolve a Souza.
3' Condução e penetração, cruzamento a deixar Rolando 1x0 frente com o GR.
4' Descaído sobre o lado direito, dentro da grande área faz cruzamento de letra deixando Rolando com o golo na cabeça. 1-0.
6' Movimento de penetração, drible sobre o lateral do Vitória remate de pé direito grande defesa do GR.
10' Troca de flanco.
11' Recepção em apoio, toca no lateral do seu lado.
15' Troca de flanco.
16' Contra-ataque, dribla um adversário, ultrapassa o segundo em velocidade e joga em Kléber continuando o movimento de ruptura.
19' Disputa bola de cabeça a meio-campo ganhando ao adversário.
20' Penetração e drible sobre um adversário, remate muito por cima.
23' Passe curto para Sapunaru.
24' Recepção em fase de organização, toca curto em Moutinho, movimento de ruptura mas a bola não chega.
26' Contra-ataque, 1x4, penetra sobre a linha de 4, ultrapassa um jogador em velocidade e remata de pé direito à figura do GR.
27' Perseguido por 2 adversários, tentativa de recepção falhada a passe de ruptura pelo ar.
27' Passe curto para central.
28' Recepção à entrada da área do adversário, procura espaço para rematar perdendo a bola.
32' Disputa bola aérea perdendo para adversário.
34' Toque curto para central.
39' Bate livre lateral para alívio da defesa.
39' Recepção e falta sofrida.
40' Bate livre lateral que após desvio isola Rolando para golo. 2-1.
43' Ataque rápido, falha passe para subida do lateral pela frente.
44' Procura jogo em zona de transição, recebe, passa e movimenta-se.

2ª Parte

45' Sofre falta.
47' Pressão na zona de transição do adversário a obrigar ao erro.
47' Recepção e procura variar centro de jogo mas erra o passe.
48' Movimento de ruptura quase consegue recepção dentro da área.
49' Ataque rápido protege a bola, derruba adversário com o corpo penetração e passe a procurar isolar Kléber com intercepção do adversário.
50' Zona de construção, passe errado.
51' Recepção em apoio, acelera contra 2 adversários, ganha lançamento.
52' Falta sofrida.
52' Bate livre a tentar surpreender, ganhando canto.
52' Bate o canto, procura bola nas costas de Moutinho, tenta alvejar a baliza, sai torto.
55' Contra-ataque, ultrapassa em velocidade adversário sofrendo carga. Fica penalty por assinalar.
58' Contra-ataque parte metros atrás do adversário e quase ganha a bola.
60' Falta sofrida.
61' Recepção orientada, ultrapassa adversário, penetração e liberta para o corredor central.
61' Disputa de bola com adversário dentro da área ficando a pedir penalty.
63' Solicitado sob pressão perdendo a bola.
64' Explosão em velocidade sobre lateral, ultrapassa-o em velocidade, aguenta carga do extremo, entra na área, passe atrasado Kléber não chega.
67' Recuperação de bola.
69' Passe curto em apoio.
72' Recuperação de bola, temporiza, joga em Falcão que falha a recepção.
74' Tenta levantar a bola sobre o adversário, perde e faz falta.
76' Bola aliviada pela defesa, de primeira chuta ao lado.
77' Procura tocar curto e movimento de ruptura mas a bola fica curta.
78' Canto batido defesa corta.
79' Temporiza, penetra, perde no primeiro drible, mas ganha o ressalto em velocidade, cruza de pé direito mas ninguém chega.
81' Recebe e devolve.
81' Procura espaço no corredor central, cruza para Falcão que recebe dentro da área.
85' Bate livre de muito longe para fora.
89' No meio de três, aguenta a carga, tenta o drible e perde à entrada da área.
90' Falta sofrida.
91' Recebe, progride imediatamente, passa para Falcão.
93' Passe de calcanhar para Guarín.
93' Procura isolar Kléber mas fora-de-jogo.

54 intervenções no jogo! Que barbaridade. Para quem referia vezes sem conta que Hulk era um jogador muito mau na zona de decisão, desengane-se. Volta a estar ligado aos 2 golos do Porto. Quase todos os lances de perigo dos azuis e brancos saíram dos seus pés. Está mais forte em organização ofensiva porque está a decidir melhor. Em transição é dos melhores do Mundo.

Portugal no Mundial sub-20

Não sei se reflexo daquilo que são muitos dos erros que aconteceram na formação em Portugal nos últimos anos, mas a verdade é que a geração que se encontra a disputar o Mundial da categoria é das mais fracas que Portugal conheceu nos últimos anos. Sim, a opinião é contra a corrente mas vejamos quantos são os jogadores daquele grupo que podem aspirar a uma carreira de dimensão, digo, sequer, média, a nível europeu.

Em zona de construção são muito poucos os recursos que esta equipa apresenta. Se Pelé erra quase tudo o que são acções técnicas de jogo, mesmo Danilo continua com alguns problemas a nível de posicionamento e, sobretudo, fraco no primeiro toque e passe, então deixemos que Saná, sem dúvida um talento, mas que estagnou aos 17 anos, assuma um futebol demasiadamente defensivo e de recurso ao jogo directo para criar problemas.

Desta Selecção podemos retirar:

- Caetano pela grande intensidade que coloca nas suas acções. Sempre em alta rotação, inteligente, muito forte sem bola, veloz, criativo.

- Nelson Oliveira, o maior talento dos últimos anos em Portugal. Tem tudo para atingir um patamar alto nos próximos 10 anos. Velocidade, técnica, fisicamente muito dotado, facilidade de remate. Contudo, nunca será um 9 puro.

- Mika, seguro, tranquilo, boas estiradas, capaz de assumir a liderança de uma equipa. Pode vir a ser uma boa surpresa.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Roberto


Em Maio...
"Roberto é um guarda-redes de equipa grande, com formação nesse sentido, mas ainda sem capacidade actual para se encaixar nesse papel. A forma como passa minutos atrás de minutos sem ser chamado a uma intervenção, faz baixar os seus índices de concentração e quem sabe colocar a nu algumas das suas lacunas a nível de posicionamento pois a fracção de segundos para se colocar em posição de intervenção no lance não são suficientes para ele (e nem sempre a sua presença física disfarça). Não concordo com quem diz que o Benfica está a trabalhar um jogador porque acredita que tem altura e perfil de guarda-redes de top, mas que o espanhol a nível técnico é fraco. Não concordo nada. Roberto a nível técnico é dos melhores guarda-redes da Europa e que passaram pelo Benfica depois de MPH. Só Enke rivaliza com ele. Roberto entre os postes é dos melhores guarda-redes que actuou nos campeonatos europeus este ano. Ágil, excelentes reflexos, um "monstro" no 1 contra 1. Tudo o que são bolas laterais, cruzamentos (essencialmente), remates, ou seja, todas as bolas que não em posição frontal, Roberto vacila. Há um jogo esta época de infeliz memória para os encarnados que deveria ser alvo de reflexão. Título do Porto, na Luz, a defesa que faz a terminar o jogo a uma investida de Cristian Rodriguez é monstruosa, e uma hora antes, numa bola de Guarin, faz um dos momentos mais incríveis que um guarda-redes teve na Luz. Falta de confiança? Então como superou o momento? Há algo mais que não bate certo."
Vamos esperar por nova época no Saragoça para tirar conclusões definitivas.