sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Como jogou o Porto no Mónaco




Em pressão alta, com bloco subido e procurando recuperação de bola o mais rapidamente possível. Lembrando o que aqui escrevi sobre a forma como jogou o Real Madrid e em comparação...


"O Barça dava largura máxima, parecia quase uma equipa de futebol de 7 a sair desde o pontapé de baliza. Essas eram as duas únicas opções que o Real deixava livre, os 2 centrais. A partir daí, fechada todas as linhas. Não em basculação defensiva, mas sim subindo as várias linhas de pressão."


O Porto não. Procurava imediatamente subir os seus médios de forma a pressionar a saída de bola a partir do corredor central. Kléber saia ao central de um lado, quando havia variação, ou Guarín ou Moutinho pressionavam imediatamente tentando reduzir o tempo de decisão e procurando o erro. Boa estratégia e pensamento do treinador procurando que a bola fosse chegando consecutivamente em condições desfavoráveis aos médios do Barça. E também ao contrário do que fez o Real, o Porto defendeu em basculação defensiva, não jogando ao homem e anulando as opções através do homem, procurando através do espaço. Aqui o Barça sentiu-se mais à vontade pois o Porto procurou retirar profundidade, mas o Barça imprimiu largura, colando Dani Alves e Pedro em cima da linha lateral, obrigando o Porto e o seu bloco defensivo, caso os movimentos de equilíbrio não fossem suficientemente rápidos, a dar espaço para penetração através desse corredor.


"O Real procurou ganhar sempre a bola o mais à frente possível pois só assim conseguiria retirar metros e espaço para pensar ao Barça. O Barça é a melhor equipa do Mundo a jogar sob pressão. Mas sentiu muitas dificuldades. Erraram alguns passes (coisa rara) em transição e em organização. O Real recuperou muitas bolas dentro do meio-campo do Barça através da sua 2ª e 3ª linha de pressão."


O Porto não o conseguiu. Enquanto o Real procurou recuperar em todas as zonas do campo, dando menos ênfase ao corredor central em transição (defesas centrais), focando a sua área nos jogadores seguintes, da 2ª fase de construção, procurando então o desequilíbrio defensivo que o Barça poderia ter através da recuperação da 1ª zona de construção do Barça, o Porto tentou anular logo essa 1ª zona, pressionando os centrais, o que deixou a equipa mais exposta, menos junta, o que acabou também por dar mais espaço ao Barça para sair. Mesmo que o primeiro passe saia deficitário (o que aconteceu algumas vezes), a superior capacidade técnica e de movimentação de Dani Alves, Xavi, Iniesta, resolveriam os problemas.


"O difícil de tudo isto foi a forma como os jogadores se conseguiam manter próximos e com grande equilíbrio entre si. Raramente se desposicionaram. Quando recuperavam havia rapidamente junto a si várias opções de passe para sair rápido em ataque rápido."


O Porto também não o conseguiu. A linha defensiva esteve subida, mas a saída em pressão de um dos médios interiores, acompanhando o movimento do avançado, fez com que os extremos do Porto, o seu 6, e o outro interior, estivessem algo longe desses 2 primeiros elementos na saída de pressão. Foi uma zona desarticulada e sobretudo longíncua, o que fez com que sempre que houve recuperação de bola, em vez de passe de ruptura ou em apoio frontal, ou penetração, tenha existido quase sempre uma temporização, ou para trás, ou para o lado, o que fez com que o Barça rapidamente se posicionasse.

PS1: Não quero com este post dizer que o Porto deveria ter jogado como o Real, mas sim realçar que dentro do mesmo princípio, podem haver várias formas de o interpretar, através dos seus sub-princípios, e colocar em práctica a estratégia posicional dessa forma de jogar. A estratégia das equipas é sempre diferente, porque os jogadores são diferentes, as características diferentes, as necessidades diferentes, as armas e respostas diferentes, tudo isso diferente, mesmo defendendo as mesmas formas de jogar.

PS2: O Porto precisa de um avançado de topo, no imediato. Mesmo que Kléber venha a ser, daqui por 1 ou 2 anos, um grande avançado do nosso campeonato.

domingo, 21 de agosto de 2011

Onde estão e onde estarão...


Num país onde o talento nasce de dia para dia, o Brasil volta a ser campeão mundial de sub-20. Vamos para o plantel dos últimos vencedores pelo Brasil da segunda competição mais importante da FIFA.

2003:

Jefferson (Botafogo)
Dani Alves (Barcelona)
Alcides (Dnipro)
Adaílton (FC Sion)
Daniel Carvalho (Atlético Mineiro)
Dudu Cearense (Atlético Mineiro)
Adriano (Barcelona)
Juninho (Daegu depois de passagem pelo Nacional da Madeira)
Jardel (Caldense, passagem pelo Estrela e Penafiel)
Nilmar (Villarreal)
Kléber (Palmeiras)
Fernando (Ceará)
Andrey (Criciuma)
Coelho (Karabukspor)
Gabriel Santos (América Mineiro)
Renato Silva (Vasco)
Carlos Alberto (Góias)
Andrezinho (Internacional)
Fernandinho (Shakthar)
Dagoberto (São Paulo)

PS: Não se espantem os leitores que daqui por 8 anos, dos 28 jogadores que hoje disputaram a final do Mundial sub-20, apenas se lembre dos nomes de Mika, Danilo (Brasil), Philippe Coutinho, Óscar e Nelson Oliveira.

Abram alas para...


Nelson Oliveira, o melhor jogador da selecção nacional sub-20, vice-campeã mundial, ele que foi bola de prata da competição e o melhor marcador de Portugal com 4 golos. Jogadores com as suas características e sobretudo qualidade, terão o futuro que quiserem. Nelson vai chegar ao plantel principal do Benfica e com atenção ao talento que tem, o Benfica, dentro de alguns anos, será curto para ele.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A pressão alta em Camp Nou


Devia ser escrito um livro sobre a primeira parte do Barça-Real para a Supertaça Espanhola para entrar nos manuais de como defender alto, próximo, de forma sufocante, anulando opções do adversário, e saindo quase sempre em superioridade numérica para o contra-ataque! E a grande dificuldade está aqui.

Já ouvi muitos treinadores dizerem que jogar em pressão alta com o Barcelona é suicídio, porque eles conseguem arranjar facilmente soluções e se está a desproteger a zona defensiva e a dar espaço entre-linhas para os grandes criativos do Barça se superiorizarem.

Mourinho foi genial. O Barça dava largura máxima, parecia quase uma equipa de futebol de 7 a sair desde o pontapé de baliza. Essas eram as duas únicas opções que o Real deixava livre, os 2 centrais. A partir daí, fechada todas as linhas. Não em basculação defensiva, mas sim subindo as várias linhas de pressão. 1ª - Benzema e Ozil. Com o francês a sair sempre à zona da bola no primeiro passe e o alemão a tentar dificultar imediatamente na recepção do portador quando havia passe vertical, a procurar progressão. 2ª - Di Maria, Ronaldo, Khedira e Xabi Alonso com uma diferença: nos corredores laterais, procuraram antecipação, agressivos (Dí Maria nos primeiros minutos ganhou algumas bolas) Khedira e Alonso no corredor central mais em contenção, não deixando virar, procurando evitar que Xavi ou Iniesta tivessem tempo para pensar. 3ª, junto ao meio-campo, de igual forma. Sérgio Ramos e Coentrão agressivos e procurando antecipar. Carvalho e Pepe igual.

O Real procurou ganhar sempre a bola o mais à frente possível pois só assim conseguiria retirar metros e espaço para pensar ao Barça. O Barça é a melhor equipa do Mundo a jogar sob pressão. Mas sentiu muitas dificuldades. Erraram alguns passes (coisa rara) em transição e em organização. O Real recuperou muitas bolas dentro do meio-campo do Barça através da sua 2ª e 3ª linha de pressão.

O difícil de tudo isto foi a forma como os jogadores se conseguiam manter próximos e com grande equilíbrio entre si. Raramente se desposicionaram. Quando recuperavam havia rapidamente junto a si várias opções de passe para sair rápido em ataque rápido. E aqui o princípio de Mourinho preconizado em treino é muito difícil de se parar.

Mesmo em pressão e garantido o equilíbrio - o tal homem dos equilíbrios - (ler este post de Maio http://vidadofutebol.blogspot.com/2011/05/tera-mourinho-errado.html), o jogador próximo do centro de jogo era rapidamente solicitado aquando da recuperação de bola procurando ser ele a decidir o lançamento do ataque rápido desposicionando a cobertura ofensiva do Barça e explorando alguma má organização da última linha do Barça (o que acontece muito poucas vezes).

O Barcelona dando muita largura fez com que os seus jogadores estivessem algo afastados, e quando procuravam os apoios para progredir, aproximando-se, fossem rapidamente abafados pela zona de pressão do Real, procurando a antecipação.

Ainda hoje li um texto sobre a questão da pressão alta e este jogo no dia de hoje fez todo o sentido. Sem dúvida que o principal para se efectuar é haver uma boa ocupação do espaço e proximidade entre sectores e linhas. É o mais importante pois permite a cada jogador correr menos, mas de forma mais eficiente. Contudo nesta altura da época, a dimensão física é fundamental, e estar em grande ritmo na fase defensiva e ofensiva do jogo, torna-se papel extremamente difícil. O tempo que o Real aguentou fazê-lo, foi a melhor equipa a jogar contra este Barcelona que me lembro de ter visto jogar.

PS: Claro que numa equipa onde pontificam jogadores como Messi, Iniesta e Xavi, por muito que se jogue bem, por muito que se cresça tacticamente, por muito bons que também se seja, é quase missão extra-terrestre superiorizar-se a eles.

PS2: O Real precisa urgentemente de um avançado de classe Mundial. Hoje tinha feito golos em Camp Nou e a Taça era de Mourinho.

PS3: Estou farto de ver Busquets e Dani Alves constantemente no chão a pedir faltas e cartões. De ver Messi a chutar bolas para longe e a enervar os adversários. E de ver o Barça a vitimizar-se.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O erro na posição 6 de Jesus


Em transição defensiva. E vão 3 anos que a equipa sofre golos, ou se desequilibra, sempre da mesma forma. E quem estuda bem o Benfica de Jesus, torna-se fácil explorar uma das poucas debilidades notórias que tem dentro do seu modelo de jogo. Continuo a defender que o erro é seu, porque apesar da forma como estuda e entende a fase defensiva, no momento da transição defensiva, o princípio que escolhe, apesar de ser acertado, é muito difícil de colocar em prática.

Fruto do envolvimento ofensivo dos laterais, em transição defensiva, Javi equilibra a linha de 4 na zona em que falta um jogador (normalmente o defesa lateral). É difícil equilibrar rápido e sair da mesma forma ao portador da bola conseguindo fechar rápido o corredor central e garantir proximidade e cobertura defensiva correcta. Jesus consegue-o. Continua sem o conseguir é equilibrar a zona 6, de onde saiu Javi. Normalmente porque a velocidade do contra-ataque é elevada. Javi não é propriamente veloz. E demora eternidades alguém a equilibrar a zona 6. E o golo do Twente hoje acontece novamente fruto disso (lentidão de Javi, ou alguém, a fechar o espaço 6 próximo dos centrais).


szólj hozzá: Twente 1-0 Benfica

É pena não dar para ver no vídeo o momento anterior em que o Benfica tentava o ataque rápido. Com um passe vertical o Twente consegue ultrapassar as 2 primeiras linhas de pressão do Benfica. Em apoio frontal os holandeses conseguem situação de 3x4. Impensável. Maxi aberto permitiu espaço. E Javi foi muito lento a recuperar e estar próximo dos centrais (movimento fundamental em organização defensiva). E a linha de 4 defensiva nem estava com muitos metros atrás de si. Demoraram os 4 jogadores a fechar o corredor central. Errou no posicionamento Javi que permite que o jogador do Twente receba de frente para os 2 centrais, no corredor central. E erra também Luisão que abre espaço interior para a penetração ou o remate como se viu. Tentando remediar o erro primário de Maxi, não pode nunca descurar a proximidade do outro central, no caso Garay. E Luisão fê-lo.

Desconcentração e erro básico que a outro nível ditaria certamente muitas dificuldades do Benfica frente a um adversário frágil como os holandeses desta noite.

domingo, 14 de agosto de 2011

Uma estreia nada especial


A pouca irreverência dos jogadores ofensivos não explica tudo. Ver este Chelsea foi como ver uma equipa bem organizada, forte no passe, mas lenta, pragmática e sem capacidade de encontrar soluções na zona de decisão. Sempre sem recursos, sem ideias...

Uma organização ofensiva capaz a nível posicional mas muito fraca em termos de mobilidade. Tanto que nem foi possível perceber a quem assistiu ao encontro descortinar que tipo de combinações tácticas o Chelsea fazia. A pouca capacidade dos laterais penetrarem com qualidade, aliada a uma zona de construção sem irreverência, sem lances de rasgos, sem capacidade para penetrar na última linha defensiva do Stoke.

A nota da estreia é negativa para Villas Boas. Mas não só porque este Chelsea precisa urgentemente de um extremo e de um avançado de classe mundial.

Jeffrén e Nolito: Levem a bola para casa


Os processos são em tudo idênticos. A formatização dos extremos da cantera do Barcelona é centrada nisto. Desengane-se o leitor que pensa que o título reproduz algum sentimento negativo quanto ao individualismo dos dois jogadores. Errado. Centramos sim a nossa visão na casa pródiga do jogo de futebol, o corredor central, onde os 2 espanhóis definem como meta quase todos os seus lances.

Jeffrén terá certamente um espaço de claro destaque no Sporting. Mais do que Capel, sem qualquer tipo de dúvida. E talvez mais do que qualquer outro jogador do actual plantel dos leões, apenas a par do rendimento grande que certamente Domingos saberá retirar de Izmailov e Rinaudo.

A forma como o jogador dos leões desenvolveu o seu futebol hoje frente ao Olhanense deixou os adeptos do Sporting, certamente, com um grande sorriso. O corredor central não é a sua casa de partida mas a sua finalidade. Procurou-o vezes sem conta. No entanto é capaz também de oferecer verticalidade e largura. Velocidade de ponta, grande aceleração. Certamente que o Sporting há muitos anos não tinha um extremo com esta qualidade. Arrisco-me mesmo a dizer desde a vaga Quaresma/Ronaldo/Nani.

Já Nolito, sem a velocidade de ponta do leão, continua a assumir-se como um dos grandes destaques do Benfica. O corredor central e a facilidade com que executa no mesmo, são estonteantes. Já se sabe que quando Nolito recebe aborda a penetração. Vira-se sempre para a baliza e vai para cima. Aí procura o apoio frontal, lateral, ou a cobertura ofensiva. Raras vezes o drible como Jesus até já quis fazer crer. Mas quando o faz, também é difícil de parar. Acima de tudo é a sua intensidade, dinâmica e constante capacidade de mobilidade que fazem a diferença.

PS: Por falar em Mobilidade, um princípio fundamental na fase ofensiva do jogo, alguém me explica se o meio-campo da selecção nacional de sub-20 com Júlio Alves, Pelé e Danilo conhece esse princípio?

sábado, 13 de agosto de 2011

O homem Jesus


Jorge Jesus é um dos melhores treinadores portugueses da actualidade. Considero que em termos tácticos, de concepção de jogo, leitura, organização das suas equipas, sistematização, modelo de jogo, está o nível dos melhores do Mundo. Tem um problema grave e que pode desarticular tudo isso: a gestão de recursos.

Não vou entrar por questões de saturação de jogadores em relação a ele. Não conheço, abstenho-me de o fazer. Mas como é possível em análise ao jogo frente ao Gil Vicente ler isto, dito pelo técnico do Benfica:

"Depois os jogadores que entraram na segunda parte também não o fizeram muito bem."

Qual é a reacção possível de um atleta ao ouvir isto? Tanto os que jogaram na 2ª parte, ao que ele se refere, como os que possivelmente podem vir a jogar outras 2ªs partes menos conseguidas?

"Não nos podemos esquecer de que Nolito veio do Barcelona B. E uma coisa é jogar no Barcelona, outra é jogar no Barcelona B"
Como é possível vir a público dizer tamanha barbaridade sobre um jogador da sua equipa, na qual ele tem de sentir que é o técnico o seu principal motivo de motivação, ambição, superação? O que sentiu Nolito ao ouvir isto da parte da pessoa que para ele tem de ser considerada como o seu nº1?
Ausência de Capdevila na UEFA: "Não me interessa o passado"

O que sente o Capdevila, campeão do Mundo e da Europa, numa altura delicada, que procura atingir índices físicos aceitáveis, motivar-se, ambientar-se a uma realidade diferente, quando não está imediatamente a jogar e a fazer o que mais gosta, e ainda ler uma frase destas do seu novo treinador?

Para não falar da pré-época de David Simão, um jogador com 15 anos de Benfica, que nem um minuto teve direito no jogo de apresentação da equipa no Estádio da Luz, para jogarem 45 minutos atletas que nem 1 treino tinham feito com a equipa.

Para não falar que um jogador castigado pelo seu clube por ter assinado pelo Benfica, chega, e faz 45 minutos em jogos de pré-época, no total, e sendo a única opção para o ataque no 1º jogo para o campeonato, não entra. Falo de Mora.

Para não falar da insistência em desvalorizar e esquecer Urreta. O melhor extremo do plantel em perspectiva futura.

Para não falar do esquecimento de Bruno César que custou ao clube 6 milhões de euros.

Para não falar das correrias e dos espectáculos de show-off que produs no banco quando a equipa está em vantagem em clara procura de protagonismo.

PS1: O Benfica tem fabulosos jogadores de futebol.

PS2: Qualquer insucesso desta época deve-se apenas ao treinador. E eu em todas as outras temporadas critiquei a direcção.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Destaques e Previsões: SL Benfica


Melhor Jogador - Pablo Aimar. É indispensável no Benfica e parece caminhar para mais uma grande época de sucesso. A forma como dizima o sector defensivo do Arsenal é elucidativo daquilo que ainda pode dar a este Benfica. Tanto no 4-1-3-2 como no meio 4-3-3 meio 4-4-2 clássico que Jesus está a testar, fruto do posicionamento do argentino, será fundamental.

Melhor Reforço - Alex Witsel. É jogador da cabeça aos pés, disso nunca houve dúvidas. Com bola e sem ela. Muito inteligente, ocupa muito bem o espaço em cobertura ofensiva, na forma como equilibra a equipa, como sai em pressão, e como tecnicamente é forte em progressão. Ele e Aimar + 9.

Melhor Criativo - Nico Gaitán. Característica fundamental no balanceamento ofensivo que as equipas de Jesus têm. O argentino vai explodir este ano e estou em crer que vai ser dos jogadores mais em foco dos campeonatos europeus nesta época. Notável poder de criar algo de génio no jogo, cada vez melhor sob o ponto de vista da zona de decisão, e da forma como executa, é certo que tem de ganhar outra agressividade e dinâmica, mas é um jogador fabuloso. E pode jogar em todas as posições ofensivas deste Benfica exceptuando a 9.

Melhor Equilíbrio - Maxi Pereira. De Agosto de 2010: "Para além disso, apresenta-se muito forte em progressão, o que permite à equipa subir linhas e ter opções mais próximas em transição. No espaço interior, e em espaço curto, faz a diferença. Neste 4x1x3x2, a forma como equilibra constantemente as saídas em pressão de Ramires, ou aparece como referência posicional no corredor lateral direito em profundidade, segurando bem e partindo melhor em progressão, faz com que o Benfica jogue mais próximo e mais forte no típico jogo do passe curto e ruptura rápida posicional."

Mais Oportunidades - Urreta. Insisto. Com oportunidade vai dar alegrias aos adeptos. É o único extremo vertical do plantel, de largura e profundidade. Capaz de dar alternativas diferentes ao modelo de jogo do treinador.

Vai Explodir - Nolito. Impressionante a intensidade e dinâmica do seu jogo. Mas se olharmos para Jeffren ou Pedrito percebemos o ADN do seu futebol. Muito talento, muito forte na zona de decisão, a manter o nível que tem apresentado, é outra das figuras em perspectiva do próximo campeonato.

Fora Dela - Oscar Cardozo. Naquilo que é o futebol do Benfica, e até porque os extremos do plantel derivam invariavelmente para o corredor central, e fazem dele o corredor mais importante para a organização ofensiva da equipa, Cardozo perde espaço. Porque não terá ninguém que faça 5 ou 6 cruzamentos por jogo. E porque isso deixou de ser princípio preconizado pelo modelo de jogo.

Pior do 11 - Enzo Pérez. Não está a ter uma adaptação fácil e acima de tudo não está a demonstrar as qualidades que são precisas para aquele espaço. Jogador veloz, mas incapaz de alternar movimentos interiores com capacidade de largura. Deriva sempre para dentro e pouca diferença tem feito na zona de decisão. Vamos ver.

Contra a Corrente - Bruno César tem muito para dar. Pensa muito bem o jogo, revela pormenores de jogador adulto. Assim tenha tempo e espaço para se adaptar ainda vai calar muito boa gente. Como 10.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Manuel Machado, a transição e a bola parada


Se há golos em que os treinadores acabam por deter certo tipo de responsabilidade são os de bola parada. Quer os lances ofensivos, como defensivos. Certo que tudo depende do jogador, da forma como define a zona pré-definida, como ataca a bola, como protege a linha da baliza ou as linhas que podem ser escolhidas pelo atacante para procurar o remate.

Contudo, Manuel Machado ainda não entendeu que o futebol evoluiu e ele está a ficar para trás. Tudo bem que qualquer treinador tem o seu modelo de jogo e defende os seus princípios. Contudo, a forma como Machado se recusa em evoluir a sua forma de jogar faz um dos melhores Vitórias dos últimos anos em termos de opções de plantel ser uma equipa facilmente fragilizada pelo adversário.

A zona defensiva, em transição, é um exemplo. Se repararmos, o Vitória raramente pressiona o portador da bola ou sai em sua direcção. A primeira preocupação defensiva dos jogadores é organizar rapidamente a linha e fechar os espaços do corredor central. Contudo, permitindo espaço, progressão, penetração, ao portador da bola, faz com que os defesas recuem, defendem mais atrás, e estejam mais fragilizados. Tudo bem que não desequilibram a zona. Mas vão contra o primeiro princípio fundamental da defesa: pressão. Saída ao portador da bola. Fechar espaços e linhas. Diminuir tempo para pensar e executar.

As bolas paradas então é incrível. Defesa individual? Coloca a nu a fragilidade de um jogador em relação a outro. Pela velocidade de deslocamento. Pela capacidade de se desmarcar em função da bola e não do homem. Machado ainda não o entendeu. E os golos por responsabilidade sua e do seu modelo preconizado em treino, sucedem-se. Vamos ver alguns:



Todos os jogadores procuram seguir os seus adversários de marcação. Só quando a bola está a chegar perto é que olham para ela. Anderson Santana quando a tenta atacar já perdeu posição e tempo de salto para Maicon que facilmente desequilibra todo o lance.




Todos os defesas se preocuparam em marcar, em cima, sem espaço, o adversário. Esqueceram-se de defender o espaço mais importante: o seu mesmo. Bola no primeiro poste sem um único jogador para a interceptar.




Momento fundamental do golo, ou erro principal, está em Alex. Quando a bola chega para Álvaro Pereira, se o primeiro objectivo de Alex, em vez de ser, correr para trás, e organizar a linha, impossível num contra-ataque, tem saído na pressão ao portador da bola, diminuindo o seu tempo de execução, tinha permitido à cobertura defensiva chegar mais rápido perto de Hulk e evitar que este tivesse espaço, sobretudo, e tempo para variar o centro de jogo e encontrar James sozinho.



Um homem no primeiro poste. Tudo o resto em marcação individual. Basta o choque entre uns, a falta de coordenação dos outros, para o desequilíbrio individual acontecer. Quem sabe onde a bola vai cair e mais rapidamente a ataca (quem joga em função dela) desequilibra.

domingo, 7 de agosto de 2011

90 minutos a ver Hulk


1' Recebe em apoio e devolve a Souza.
3' Condução e penetração, cruzamento a deixar Rolando 1x0 frente com o GR.
4' Descaído sobre o lado direito, dentro da grande área faz cruzamento de letra deixando Rolando com o golo na cabeça. 1-0.
6' Movimento de penetração, drible sobre o lateral do Vitória remate de pé direito grande defesa do GR.
10' Troca de flanco.
11' Recepção em apoio, toca no lateral do seu lado.
15' Troca de flanco.
16' Contra-ataque, dribla um adversário, ultrapassa o segundo em velocidade e joga em Kléber continuando o movimento de ruptura.
19' Disputa bola de cabeça a meio-campo ganhando ao adversário.
20' Penetração e drible sobre um adversário, remate muito por cima.
23' Passe curto para Sapunaru.
24' Recepção em fase de organização, toca curto em Moutinho, movimento de ruptura mas a bola não chega.
26' Contra-ataque, 1x4, penetra sobre a linha de 4, ultrapassa um jogador em velocidade e remata de pé direito à figura do GR.
27' Perseguido por 2 adversários, tentativa de recepção falhada a passe de ruptura pelo ar.
27' Passe curto para central.
28' Recepção à entrada da área do adversário, procura espaço para rematar perdendo a bola.
32' Disputa bola aérea perdendo para adversário.
34' Toque curto para central.
39' Bate livre lateral para alívio da defesa.
39' Recepção e falta sofrida.
40' Bate livre lateral que após desvio isola Rolando para golo. 2-1.
43' Ataque rápido, falha passe para subida do lateral pela frente.
44' Procura jogo em zona de transição, recebe, passa e movimenta-se.

2ª Parte

45' Sofre falta.
47' Pressão na zona de transição do adversário a obrigar ao erro.
47' Recepção e procura variar centro de jogo mas erra o passe.
48' Movimento de ruptura quase consegue recepção dentro da área.
49' Ataque rápido protege a bola, derruba adversário com o corpo penetração e passe a procurar isolar Kléber com intercepção do adversário.
50' Zona de construção, passe errado.
51' Recepção em apoio, acelera contra 2 adversários, ganha lançamento.
52' Falta sofrida.
52' Bate livre a tentar surpreender, ganhando canto.
52' Bate o canto, procura bola nas costas de Moutinho, tenta alvejar a baliza, sai torto.
55' Contra-ataque, ultrapassa em velocidade adversário sofrendo carga. Fica penalty por assinalar.
58' Contra-ataque parte metros atrás do adversário e quase ganha a bola.
60' Falta sofrida.
61' Recepção orientada, ultrapassa adversário, penetração e liberta para o corredor central.
61' Disputa de bola com adversário dentro da área ficando a pedir penalty.
63' Solicitado sob pressão perdendo a bola.
64' Explosão em velocidade sobre lateral, ultrapassa-o em velocidade, aguenta carga do extremo, entra na área, passe atrasado Kléber não chega.
67' Recuperação de bola.
69' Passe curto em apoio.
72' Recuperação de bola, temporiza, joga em Falcão que falha a recepção.
74' Tenta levantar a bola sobre o adversário, perde e faz falta.
76' Bola aliviada pela defesa, de primeira chuta ao lado.
77' Procura tocar curto e movimento de ruptura mas a bola fica curta.
78' Canto batido defesa corta.
79' Temporiza, penetra, perde no primeiro drible, mas ganha o ressalto em velocidade, cruza de pé direito mas ninguém chega.
81' Recebe e devolve.
81' Procura espaço no corredor central, cruza para Falcão que recebe dentro da área.
85' Bate livre de muito longe para fora.
89' No meio de três, aguenta a carga, tenta o drible e perde à entrada da área.
90' Falta sofrida.
91' Recebe, progride imediatamente, passa para Falcão.
93' Passe de calcanhar para Guarín.
93' Procura isolar Kléber mas fora-de-jogo.

54 intervenções no jogo! Que barbaridade. Para quem referia vezes sem conta que Hulk era um jogador muito mau na zona de decisão, desengane-se. Volta a estar ligado aos 2 golos do Porto. Quase todos os lances de perigo dos azuis e brancos saíram dos seus pés. Está mais forte em organização ofensiva porque está a decidir melhor. Em transição é dos melhores do Mundo.

Portugal no Mundial sub-20

Não sei se reflexo daquilo que são muitos dos erros que aconteceram na formação em Portugal nos últimos anos, mas a verdade é que a geração que se encontra a disputar o Mundial da categoria é das mais fracas que Portugal conheceu nos últimos anos. Sim, a opinião é contra a corrente mas vejamos quantos são os jogadores daquele grupo que podem aspirar a uma carreira de dimensão, digo, sequer, média, a nível europeu.

Em zona de construção são muito poucos os recursos que esta equipa apresenta. Se Pelé erra quase tudo o que são acções técnicas de jogo, mesmo Danilo continua com alguns problemas a nível de posicionamento e, sobretudo, fraco no primeiro toque e passe, então deixemos que Saná, sem dúvida um talento, mas que estagnou aos 17 anos, assuma um futebol demasiadamente defensivo e de recurso ao jogo directo para criar problemas.

Desta Selecção podemos retirar:

- Caetano pela grande intensidade que coloca nas suas acções. Sempre em alta rotação, inteligente, muito forte sem bola, veloz, criativo.

- Nelson Oliveira, o maior talento dos últimos anos em Portugal. Tem tudo para atingir um patamar alto nos próximos 10 anos. Velocidade, técnica, fisicamente muito dotado, facilidade de remate. Contudo, nunca será um 9 puro.

- Mika, seguro, tranquilo, boas estiradas, capaz de assumir a liderança de uma equipa. Pode vir a ser uma boa surpresa.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Roberto


Em Maio...
"Roberto é um guarda-redes de equipa grande, com formação nesse sentido, mas ainda sem capacidade actual para se encaixar nesse papel. A forma como passa minutos atrás de minutos sem ser chamado a uma intervenção, faz baixar os seus índices de concentração e quem sabe colocar a nu algumas das suas lacunas a nível de posicionamento pois a fracção de segundos para se colocar em posição de intervenção no lance não são suficientes para ele (e nem sempre a sua presença física disfarça). Não concordo com quem diz que o Benfica está a trabalhar um jogador porque acredita que tem altura e perfil de guarda-redes de top, mas que o espanhol a nível técnico é fraco. Não concordo nada. Roberto a nível técnico é dos melhores guarda-redes da Europa e que passaram pelo Benfica depois de MPH. Só Enke rivaliza com ele. Roberto entre os postes é dos melhores guarda-redes que actuou nos campeonatos europeus este ano. Ágil, excelentes reflexos, um "monstro" no 1 contra 1. Tudo o que são bolas laterais, cruzamentos (essencialmente), remates, ou seja, todas as bolas que não em posição frontal, Roberto vacila. Há um jogo esta época de infeliz memória para os encarnados que deveria ser alvo de reflexão. Título do Porto, na Luz, a defesa que faz a terminar o jogo a uma investida de Cristian Rodriguez é monstruosa, e uma hora antes, numa bola de Guarin, faz um dos momentos mais incríveis que um guarda-redes teve na Luz. Falta de confiança? Então como superou o momento? Há algo mais que não bate certo."
Vamos esperar por nova época no Saragoça para tirar conclusões definitivas.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O Vit. Setúbal e os princípios de jogo


Olhando para este Vitória de Setúbal de Bruno Ribeiro, que conseguiu inverter a tendência, na época passada, e registar alguns resultados interessantes, a verdade, é que olhando para a constituição do plantel e observando a pré-época dos sadinos, vemos alguns problemas claros na sua constituição.

Velhos são os trapos. E no futebol ainda mais. O Setúbal conta com a experiência de Ricardo Silva (35 anos), Anderson do Ó (30 anos), Zé Pedro (32 anos), Hugo Leal (31 anos), Neca (31 anos) e Cláudio Pitbull (29 anos). Uma base experiente e sólida com muitos anos de 1ª divisão. Mas isso não chega.

O Setúbal jogando num sistema assente no 4-3-3 (com Hugo Leal a 6, Neca e Zé Pedro como Interiores), com o triângulo invertido, apresentando um 6, e 2 interiores, tem de ter muito mais dinâmica e intensidade desse sector. Mesmo que Pitbull baixe em apoio frontal para a zona de construção, o Setúbal apresenta grandes lacunas em transição ofensiva, a sua grande arma perspectivável, sobretudo.

Observando os princípios ofensivos, em termos de progressão, é demorada, Neca, Hugo Leal e Zé Pedro demoram muito a acelerar o jogo e são raros os movimentos que executam em penetração (princípio específico), a cobertura ofensiva demora, pois são lentos a reagir, espaço não pode ser largo e profundo, pois abre muito espaço no corredor central que ambos os três médios têm dificuldade em explorar, pela falta de mobilidade.

Defensivamente, a condição física, ou falta dela, sobretudo em ocupar rapidamente a zona desprotegida em pressão, ou o equilíbrio defensivo, faz deste Setúbal uma equipa desprotegida e facilmente atacável nos 3 corredores do jogo.

Prospecção Internacional (Extremos) - Carcela


Mehdi Carcela (Standard Liège)

Idade: 22 anos
Peso: 68kg
Altura: 175cm
Nacionalidade: Belgo/Marroquino

É caso para dizer que tão novo, a Bélgica perdeu mais um grande talento para a sua formação. Carcela optou pela nacionalidade marroquina e já é internacional por aquele país africano. Extremo de grande qualidade, pode ser um dos próximos a dar o salto do Standard, depois de Witsel.

O extremo formado no clube belga é uma das coqueluches da equipa. Jogá-lo é como ter um carro a alta cilindrada por qualquer corredor. Ambidestro, faz ambos os flancos com a mesma notoriedade. De grande rotação, uma alta mudança de velocidade, classe e poder de drible, foram os atributos que vem demonstrando no primeiro escalão belga onde na temporada passada, jogando sobre os flancos, apontou 13 golos. Não demora muito a dar o salto.


terça-feira, 26 de julho de 2011

Prospecção Nacional (Defesas) - Luis Dias


Luis Dias (Atlético CP)

Idade: 30 anos
Peso: 73kg
Altura: 176cm
Nacionalidade: Português

Depois de formação no Odivelas, com passagem pelos Juniores do Sporting, Luis Dias tem construído uma carreira em crescendo e que atingiu o seu auge no histórico da Tapadinha. Na temporada passada foi uma das grandes figuras dos alcantarenses na subida à Orangina e promete ser, de toda a prova, um dos jogadores em maior destaque.

Ambidestro, joga como lateral direito ou esquerdo, com igual competência. Jogador de grande rotação e intensidade, muito veloz, agressivo, culto tacticamente e com grande poder de antecipação, fruto da sua capacidade de aceleração. Tecnicamente é um jogador dotado, capaz de jogar no um contra um e desequilibrar em penetração ou procurando os apoios frontais.

Já jogou na Roménia, ao serviço do Gloria Buzau. Aos 30 anos e pelo futebol que apresenta poderá ter uma época de grande nível na Liga Orangina.


Relembrar...

Este blog já leva mais de 2 anos, e foram muitos os jogadores de quem falei na secção de Prospecção Nacional e Internacional. Vou tentar fazer um apanhado para relembrar a altura em que falei dos mesmos, e onde se encontram de momento.

Bony Wilfried, (Jan 11) - Sparta Praga para Vitesse

Robert Lewandowski, (Jan 10) - Lech para Dortmund

Ben Khalifa, (Jan 10) - Grasshopers para Wolfsburg

Seferovic, (Jan 10) - Grasshopers para Fiorentina

Franco Jara, (Dez 09) - A.Sarandí para Benfica

Doumbia, (Dez 09) - Young Boys para CSKA

Rudnevs, (Dez 09) - Zalaegerzseg para Lech

Javier Hernandez, (Dez 09) - Chivas para Man Utd

Dejan Lekic, (Dez 09) - Red Star para Osasuna

James Rodriguez, (Dez 09) - Banfield para FC Porto

Lodeiro, (Dez 09) - Nacional para Ajax

Formica, (Dez 09) - Newells para Blackburn

Otamendi, Velez para FC Porto

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A Orangina (Belenenses)


O Belenenses volta a ter uma época onde só pode ser candidato à subida. Pelo seu historial, pela experiência do técnico, por grande parte do plantel ser transitório do ano anterior, e pelo investimento feito.

Ainda assim é uma equipa com lacunas, sem grandes rasgos criativos e ainda com muito trabalho pela frente. Nomeadamente em organização ofensiva são poucas as opções mecanizadas pelos jogadores, ainda à procura de conseguir aumentar o seu nível exibicional em relação a momentos anteriores.

Na baliza Coelho, emprestado pelo Paços de Ferreira, deverá ter tarefa difícil perante a concorrência do brasileiro Paulo César. No sector defensivo, Pedro Ribeiro, ex-Trofense, com formação no FC Porto, pode ser um dos líderes do grupo. Jogador de qualidade. Léo Kanu ex-Benfica não me parece que venha a ser opção. Fraco tecnicamente, denota problemas posicionais, é também lento de movimentos. Faz valer a sua estrutura física (1,96 cmg e 88kg) e pouco mais. André Pires, um dos produtos de mais valia da formação do Belém, tem ainda muito que trabalhar para ser uma opção clara do onze. Até para explicar isso o Belém acaba de garantir Igor Pita (ex-Nacional, Beira-Mar e Marítimo).

No sector intermediário, Rodrigo António, ex-Marítimo, pode assumir um papel de destaque, denotando ainda assim os problemas de dinâmica e intensidade de jogo que faz com que o Belém em transição ofensiva pareça uma equipa lenta sempre que a 1ª fase de construção começa na sua zona de acção. Zázá quanto a mim seria uma opção mais forte para o lugar de 6. Celestino e Miguel Rosa são dois jogadores para outras andanças e vão assumir papel fundamental na equipa.

Ofensivamente, atenção à irreverência e velocidade do ex-Junior Ricardo Viegas, mas será na já experiência de azul de Fredy e Abel Camará que o Belém procurará resolver problemas. Os reforços Tomané (ex-Sporting e Tourizense) e Maranhão procuram ser opções claras para o técnico José Mota.

À partida parece-me que as possibilidades de subida dos azuis do Restelo não são as maiores, ainda assim, a aposta na juventude portuguesa, aliada à experiência do seu treinador, fundamental para estas divisões, podem valer uma surpresa no final da temporada.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O desarticulado campo curto do Benfica


"Defensivamente fomos muito mais capazes. Chegaram alguns jogadores que actuam nas devidas posições e isso notou-se".

A frase é de Jorge Jesus em comentário ao jogo de apresentação frente ao Toulouse.

Não concordo em nada com o treinador do Benfica. A equipa encarnada continua com muitos problemas no seu sector defensivo e esses mesmos problemas dependem exclusivamente das opções do técnico. E continua a ter 2 pontos chaves: falta de redução de espaços entre-linhas e pouca capacidade posicional da linha defensiva.

Se a importância de Javi Garcia na posição 6 era extrema, e continua a sê-lo, facilmente percebemos que não há nenhum jogador na equipa do Benfica capaz de compreender a necessidade posicional que um 6 de um sistema totalmente balanceado para o ataque e com os laterais a oferecer constante profundidade tem de ter.

O 6 neste Benfica tem de ser aquilo que é o médio espanhol. Um jogador de contenção, inteligente na fase ofensiva, que procure muitas vezes fazer uma linha de 3, com os laterais a fazer campo grande, mas essencialmente que em transição defensiva procure equilibrar a linha de 4, reduzindo os espaços no corredor central.

Quem vê este Benfica em transição defensiva é como ver um mapa da batalha naval com as águias a mostrar-nos a zona onde estão os submarinos. Nestes jogos de pré-época, qualquer que seja o jogador criativo da equipa adversária que consiga penetrar no corredor central, vê um Benfica demasiado preocupado em correr para trás, e pouco preocupado em fazer a saída ao portador da bola, fechando o corredor central, e eliminado as suas linhas de passe em rotura.

Chega a ser confrangedor o distanciamento que a linha defensiva tem do seu 6, ou do primeiro jogador que em transição defensiva venha a ocupar o espaço deixado pelo mesmo (entramos novamente no erro constante da época passada).

Olhando para o jogo de hoje com o Toulouse, percebe-se o porquê de Emerson ter feito, em todo o jogo, talvez, duas ou três recuperações de bola. O seu posicionamento esteve ao nível de qualquer Escola ou Infantil de um clube da AF Lisboa. Nunca fechou o corredor central. Raramente dobrou em cobertura defensiva o central do seu lado. Poucas vezes ganhou, pela inteligência, a posição. Hoje contra Hulk ou Varela o resultado era favorável em 9 em cada 10 arrancadas para os portistas.

1- Jesus tem de perceber rapidamente que Matic não é opção para a posição 6, apesar de ser um óptimo reforço, não tem cultura posicional defensiva para desempenhar papel tão importante de um sistema como este.

2- Emerson vai a tempo de melhorar, e muito, claro! Mas se Jesus dizia que ele valia pela sua capacidade defensiva, então nem preciso de ver mais nada do mesmo ofensivamente (Nem um treino fez, porque jogou? Com tempo parece-me ter potencial).

3- André Almeida não faz nada de correcto ao longo do tempo que está em campo. Vai ficar no plantel?

4- Este post não pretende justificar a falta de criatividade ofensiva e de opções que os jogadores detêm em campo na zona de decisão.

5- Javi García, Gaitán, Aimar, Witsel e Nolito são os 5 pilares do Benfica de momento. Se lhes juntarmos, Luisão, Garay, Maxi, Capdevilla, sobra apenas um elemento de campo para o onze. E eu apostaria ou Jara, ou Saviola.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A Orangina (Leixões)


Leixões - A força dos Bebés

O Leixões é, apesar da permanência ao longo dos anos pelas divisões secundárias do nosso futebol, um dos clubes mais acarinhados do norte do país. Uma força que os seus responsáveis quiseram agora recuperar com a aposta clara em produtos da casa. E com uma política que deveria ser seguida por alguns dos grandes. Se não reparem:

Para a baliza, tem 2 portugueses, formados no Leixões, e um brasileiro, Waldson, 21 anos, que se acredita poder ser uma mais valia. Sector defensivo conta com Zé Pedro e Paulinho (20 anos, vieram dos Juniores do clube depois de toda a formação no FC Porto), Nuno Silva (7 anos de casa), Nélson Sampaio e Sequeira (produtos dos Juniores do clube, resultantes da aposta do Dep. Prospecção) e Joel, aos 31 anos, com toda a formação no Leixões. Hanin, ex-jogador do Le Havre e William, recrutado ao Boavista, são os 2 estrangeiros do sector defensivo.

O sector intermediário é também elucidativo. Capela foi recrutado ao Milhoeirense. André Carvalho ao Varzim. Jean Sony cumpre o 4º ano de clube e Tiago Borges o 2º depois de formação no FC Porto. Pedro Santos recrutado ao Casa Pia continua a experiência em Matosinhos, a passo que Paulo Tavares, João Patrão e Pedro Seabra fizeram toda a formação no clube a que se junta o ex-junior Luís Silva.

Wesllem foi recrutado ao Penafiel. Diego Mourão ao Vizela e Hernâni ao União da Madeira. Fangueiro, produto da casa, continua, tal como Tiago Cintra, que fez toda a formação no Leixões até sair enquanto Juvenil para o FC Porto. João Beirão é outro ex-Junior com formação nos bebés.

No final do ano faremos contas.

O que nos diz a experiência da saúde financeira do Porto

Confesso que foi com alguma surpresa que vejo o FC Porto confirmar a contratação de Danilo por um valor de 13 milhões de €. Da mesma forma como ficarei surpreendido quando confirmarem oficialmente a compra de Alex Sandro por 9,5 milhões de €. Com isto, o FC Porto gasta quase o mesmo, com dois jogadores para o sector defensivo, que, por exemplo, o Benfica pagou por Witsel, Enzo Pérez, Bruno César e Garay... juntos!

Pode ser uma nova forma de o Benfica abordar as guerras de verão com os azuis e brancos. Inflacionando o passe de jogadores que, do meu ponto de vista, em nada viriam acrescentar mais valias desportivas aos encarnados.

Mas vai uma aposta que até final do Mercado o FC Porto igualará, ou mesmo duplicará, em vendas, o valor que agora dispendeu? Nomes: Álvaro Pereira, Cristian Rodriguez e Fucile. Secalhar Falcão.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Urretaviscaya


Testes a sério. Este não foi o primeiro. O primeiro acontece na Luz, num dia de chuva, sem extremos disponíveis, e com o uruguaio a rubricar uma grande exibição frente ao FC Porto. Hoje voltou, pela segunda vez, desde que Jesus é treinar, a integrar-se num grupo já rotinado e com experiência, excepção feita a Bruno César.

Tem sido uma odisseia a carreira de Urretaviscaya na Luz. Se o primeiro empréstimo ao Peñarol é discutível, o segundo ao Deportivo compreende-se e aplaude-se, novo empréstimo ao Peñarol é não mais se não voltar a atrasar a adaptação europeia do jogador. No meio desta indefinição, com o Benfica ao barulho, também, brilha pelas selecções jovens do Uruguai.

Novamente no Benfica, e numa pré-época carregada de jogadores, um dos destaques tem de ser ele. Pela diferença que trás à equipa. É o único extremo do plantel. Extremo na verdadeira acepção da palavra. Jogador vertical, de corredor lateral, predominância clara de linha, procura da linha de fundo e capacidade de servir os colegas na área.

Poucos existem na equipa com a sua velocidade. Ainda por cima Urreta vem mostrando também uma grande capacidade de jogar ao primeiro toque e procurar acelerar o processo ofensivo. Em transição está-se a revelar também importante pela forma como consegue rapidamente descortinar uma boa opção (a imaturidade leva-o por vezes a perder algumas bolas por ser prático nas suas acções).

Se compreendo a vinda de Witsel, claramente necessário, até pelo jogador que é, se Enzo Pérez é um jogador claramente mais, de qualquer equipa, já não se pode perceber a não permanência do uruguaio no plantel. Porque em qualquer que seja o sistema, ele cabe. Até porque é o único do plantel com características únicas para dar largura e profundidade ao jogo da equipa pelos corredores laterais. E se Jesus o pede em várias fases do jogo, tem de ter alguém que o faça.

Aimar é dono do 10. Witsel espreita, também podendo jogar na direita. Gaitán faz os 4 lugares ofensivos. Bruno César (que vem decrescendo) idem. Nolito na esquerda. Enzo Pérez na direita e também a 10. E Urreta, diferente de todos, ou na direita ou na esquerda. Há lugar para todos e tem de haver espaço para o uruguaio.

domingo, 17 de julho de 2011

Guadiana dia 3


- Dois Benficas. Um a partir de Witsel e Matic para a frente, e destes para trás. Uma linha ofensiva com qualidade técnica muito acima da média (o facto de não jogar Cardozo dá outra mobilidade e outra qualidade de movimentação à fase ofensiva do Benfica), com bons apontamentos, bom entendimento, bons lances, e uma linha defensiva fraca, para além de não ter rotinas a falhar situações básicas de ocupação de espaço.

- Urreta acaba por ser o melhor da segunda metade. Muito veloz, um quebra-cabeças para a defesa belga, apesar de algumas más decisões que resultaram em perdas de bola, fez um bonito golo, criou dois ou três lances de perigo para a sua equipa. Assim não se entende o seu empréstimo. Tem de ficar.

- David Simão adaptado não pode dar mais do que aquilo. Ainda assim, certinho, excelente lance na assistência para o golo de Urreta.

- Nolito e Aimar algo afastados do jogo. Ainda assim bons apontamentos quando chamados a intervir. Bruno César viu-se mais em decisões erradas do que outra coisa.

- Artur mostrou o que falei no outro dia. Lento de movimentos e pouco capaz no 1x0. Assim se viu no primeiro e segundo golo dos belgas. De qualquer forma seguro e sereno nas restantes vezes que foi chamado a intervir, muito bem em algumas acções na 2ª parte.

- André Almeida é muito fraco. Continua a fazer quase tudo mal. A atacar e a defender (inexistente). E Wass?

- Matic é reforço, já se sabia. No 4-4-2 que o Benfica apresentou na primeira parte ganha outra capacidade em progressão por não jogar a 6. No 2º tempo a sua capacidade física e inteligência posicional fizeram com que recuperasse inúmeras bolas.

- Witsel sem bola é um dos melhores dos últimos anos da Liga. Fantástico na cobertura ofensiva e equilíbrio, recuperou muitas bolas na primeira zona de construção dos belgas, tecnicamente dotado, muito bom na forma como protege a bola em progressão. É craque!

- Enzo Perez fez os melhores 45 minutos da pré-época. Muito veloz, aqui e ali com uma ou outra má decisão, mas outro portento físico para Jesus explorar.

- Gaitán é isto. Muita classe, excelente visão e leitura. Bons apontamentos ao nível do passe. Parece quase desaproveitado encostado ao corredor lateral.

- Jara tem de melhorar urgentemente no primeiro toque e depois será um dos melhores do Benfica. Saviola continua muito preso de movimentos, lento e pouco astuto nas decisões. De qualquer forma, capacidade de movimento e leitura posicional ao nível dos melhores do Mundo.

Ídolos: Fábio Coentrão


A vida e história de Fábio Coentrão serve, nos dias de hoje, como um exemplo para todos aqueles que um dia aspiram ser jogadores profissionais de futebol. Olhando para o seu trajecto e para o quase esquecimento que foi alvo, em determinada altura da sua carreira, a verdade é que graças ao seu esforço e dedicação tornou-se num dos melhores laterais esquerdos do futebol mundial.

Foi em 2004, ainda com 16 anos, que Carlos Brito o lançou na primeira divisão ao serviço do seu clube de sempre, o Rio Ave. Sendo então um extremo, de inegáveis recursos técnicos e uma imensa criatividade no seu pé esquerdo, foi na época seguinte que se afirmou na Liga de Honra, tendo saído em 2007 para o Benfica, falando-se com alguma insistência, na altura, numa transferência já certa para o Sporting, e dias depois, com o Chelsea a intrometer-se na jogada.

A verdade é que Coentrão, um extremo irreverente, veloz, não teve espaço (fez apenas 2 jogos como titular) num Benfica à procura de títulos e sem espaço para experiências, foi emprestado em Janeiro, nessa época ao Nacional, onde se destacou como titular e uma das figuras dos insulares, tendo realizado inclusivamente uma exibição de sonho no Dragão onde fez 2 golos.



A experiência seguinte passou por novo empréstimo, desta vez aos espanhóis do Saragoça, recém promovidos à Liga BBVA. E aqui, muitas dúvidas se colocaram sobre a sua possibilidade de singrar ao mais alto nível. No seu primeiro teste de fogo, vacilou, nada jogou, e em Janeiro estava de regresso ao seu clube de sempre, o Rio Ave, para novo empréstimo. Em Espanha falava-se de pouca capacidade de sacrifício, muitas saídas nocturnas, saudades de casa, e Coentrão regressou.

Poucos jogos realizou completos, apesar de novo golo no Dragão (tendo apontado mais 2 na Liga em 16 jogos) e a dúvida mantinha-se. Os bons apontamentos eram evidentes mas até que ponto estaria preparado para o mais alto nível?

Em 2009/10, tudo muda. O seu interesse em regressar ao Benfica até nem era muito, pois acreditava que poucas oportunidades teria, mas tudo Jesus mudou. Coentrão foi aposta como reserva do argentino Dí Maria e o Benfica ganhava uma ala esquerda terrível. Foram vários os jogos que o caxineiro entrou já com as defesas adversárias desgastadas e partia a loiça toda, como se diz na gíria.



Começava a ser curto para tanto futebol apresentado o papel de 2ª escolha e Jesus começou a pensar numa forma de conciliar Dí Maria (na sua melhor época de sempre) e Coentrão no onze. César Peixoto não era uma opção tão consistente como o homem das Caxinas e é na 8ª jornada do campeonato, frente ao Nacional, que Jesus o testa pela primeira vez como lateral. O Benfica ganhou 6-1 e a ala esquerda com Dí Maria e Coentrão foi avassaladora.

Desde esse momento, não mais perdeu o posto. Com grande capacidade física para fazer autênticas piscinas pelo flanco, sempre em alta rotação, agressivo defensivamente, aprendeu durante mais algum tempo a forma de aperfeiçoar características defensivas, coberturas, equilíbrios, saídas em pressão, e tornou-se um dos elementos chaves da equipa de Jesus que se tornou campeã nacional.



Fez, ao todo, 31 jogos como titular, dos 47 disputados pelo Benfica. Sem surpresa, vai ao Mundial da África do Sul e assume a titularidade como Lateral Esquerdo. É, de forma destacada, considerado o melhor jogador da selecção nacional, surpreendendo tudo e todos, sobretudo pela forma como para além da segurança defensiva demonstrada ao mais alto nível, se tornou em quase todos os momentos o principal desequilibrador ofensivo da selecção.

Na época de toda a afirmação a nível europeu, foi o grande ídolo dos adeptos do Benfica, numa temporada que mais uma vez não conseguiram o título nacional, mas Coentrão a ser o ganha pão do grupo em muitos desafios, pela raça, vontade, e qualidade que demonstrou em todos os momentos. Sem férias e sem descanso, foi a grande figura da equipa e um dos melhores jogadores portugueses da actualidade. Em 50 jogos em todas as competições, foi titular em 49 (!!) o que demonstra a confiança do técnico e importância que tinha na equipa.



No Verão de 2011 sai para o Real Madrid pelo valor da cláusula de rescisão, 30 milhões de euros, e apesar das dúvidas dos espanhóis e da imprensa quanto aos números do negócio, ontem, na estreia frente ao LA Galaxy, foi considerado o melhor em campo, e levou os adeptos madrilenos a fazer comentários como "Assim Coentrão tira lugar até ao Casillas" ou "Ficámos com um Lamborghini".

Vai ser um dos melhores do Mundo!


sábado, 16 de julho de 2011

Trabzonspor


Uma história recente (clube fundado em 1967) mas em claro crescimento. Não é surpresa para ninguém o aparecimento desta equipa turca nas competições europeias. Já na temporada passada, as dificuldades que o Liverpool sentiu para garantir o apuramento para a Europe League, faziam crer uma temporada de sucesso para a equipa comandada por Senol Gunes, técnico que comandou a equipa nos anos 90 e que depois de uma passagem pelo comando da selecção nacional e por terras nipónicas, regressou para fazer crescer o clube.

Na temporada anterior venceram inclusivamente a Supertaça Turca. No campeonato, tudo se decidiu até ao último encontro. Cedendo apenas duas derrotas em toda a competição, terminaram com os mesmos 82 pontos que deram o título ao Fenerbahçe por vantagem no confronto directo. Sofreram apenas 23 golos, sendo a melhor defesa da prova.

É uma equipa madura e experiente, coesa no seu sector defensivo, com muitos argumentos ofensivos, mesmo apesar das saídas de Jajá e Yattara para as Arábias e Umur Bulut para França. Irreverente e com grande poder de decisão do meio-campo para a frente, promete criar dificuldades aos encarnados.

As figuras

Onur Kivrak (Guarda-Redes)


É ainda um jovem, como datam os seus 23 anos, mas é um dos esteios desta equipa. Excêntrico e algo louco na sua forma de abordar os lances, é um guarda-redes de amplos recursos, com grandes reflexos e excelente capacidade no um contra um. Não é um monstro físico na baliza, mas a sua elasticidade faz crer isso mesmo aos avançados contrários.

Hrvoje Cale (Defesa Central/Lateral Esquerdo)


Formado nas escolas do Dinamo Zagreb, assume-se aos 26 anos como uma das referências do campeonato turco. Jogador alto, agressivo no desarme, inteligente na ocupação do espaço defensivo, sobe também com alguma qualidade pelo seu flanco.

Serkan Balci (Lateral/Médio Direito)


Uma locomotiva pelo corredor direito. Turco de 27 anos, muito regular (fez 2875 minutos na temporada passada), é um jogador com uma intensidade e dinâmica impressionante, sempre a alta rotação, veloz, com qualidade técnica e poder de drible. Jogador muito semelhante a Maxi Pereira.

Didier Zokora (Médio Defensivo/Interior)


Um dos nomes mais credenciados que aos 30 anos conta com passagem por Sevilla e Tottenham. Jogador de preenchimento de espaços, muito rápido, é em transição ofensiva que mais desequilibra pela sua capacidade de progressão e velocidade com bola.

Gustavo Colman (Médio Centro/Ofensivo)


O jogador mais parecido com Deco que me lembro de ter visto jogar. Amplos recursos técnicos, excelente nas bolas paradas, muita qualidade no passe e visão de jogo. O rei do jogo dos turcos e um dos seus principais artistas.

Alanzinho (Extremo Esquerdo)



A fragilidade física explica o seu afastamento dos principais palcos europeus. De resto, tem muito futebol. Extremamente veloz com e sem bola, forte no drible curto e com muito critério na zona de decisão é, a par de Colman, a figura da equipa.

Adrian Mierzjewski (Médio Ofensivo/Extremo)


O grande reforço para a nova temporada. Aos 24 anos, o ex-capitão do Polónia Varsóvia, pode jogar em qualquer posição do meio-campo ofensivo, destacando-se pela sua capacidade em progressão, raça, dinâmica, e facilidade de remate com ambos os pés. É um jogador feito, muito dotado tecnicamente, e que pode aspirar a outros voos.

Burak Yilmaz (Avançado)


A referência ofensiva dos turcos. Aos 26 anos, é outro jogador feito. Na temporada passada apontou 19 golos na Liga, não sendo um jogador de área. É sobretudo forte em transição, explorando a sua velocidade e irreverência com bola, demonstra grande facilidade de remate e poder de fogo com espaço para finalizar. Muito forte a aparecer vindo de trás.


Ídolos: Ricardo Quaresma


Já é conhecida a minha admiração por este jogador desde o tempo que escrevo neste espaço, pelas linhas que lhe dediquei, aqui e aqui, sendo que numa altura em que se fala por esses blogs fora de um hipotético regresso a Portugal, a verdade é que dá vontade de lhe guardar algumas linhas em revisão de todos os momentos que enfrentou na sua carreira.

Como se do seu enorme talento estivéssemos a falar, em analogia, muito grande foi também a discrepância que o extremo português tem atingido ao longo da carreira. Nos momentos maus, alguns que passou, apelidam-no de demasiado inconsequente e pouco regular.

A verdade é que Ricardo Quaresma bem, confiante, motivado, é um jogador tremendamente eficaz, e um dos melhores na forma como alia espectáculo, diversão, virtuosismo, a eficiência e qualidade de decisão das suas acções.



Quaresma estreou-se aos 17 anos na equipa principal do Sporting pela mão de Boloni, onde começou desde logo a mostrar toda a sua irreverência e sentido criativo. Nas camadas jovens do clube leonino teve inclusivé algumas situações caricatas com alguns treinadores, que não gostavam do seu gesto técnico, a trivela, por este ir contra os ensinamentos base de um bom gesto técnico, mas a verdade é que o "cigano" vezes sem conta a utilizava e sempre com efeitos produtivos.

A transferência para Barcelona aparece numa altura ainda inacabada da sua formação enquanto jogador, sendo imediatamente aposta numa equipa em reformulação e em anos de poucos festejos na Catalunha.

Aos 20 anos, durou apenas uma época a passagem de Quaresma por terras espanholas, onde participou em pouco mais de 20 jogos pelos culés, tendo marcado apenas um golo, ele que entretanto se incompatibilizou de forma irremediável com Rijkaard.

Em 2004 transfere-se para o Porto e é nos dragões que assina os principais momentos de magia da sua carreira. Começou imediatamente a fazer furor nos azuis e brancos, ajudando o Porto à conquista da Supertaça (com um golo seu frente ao Benfica), marcando também na Supertaça Europeia frente ao Valência.



Desde aí, tudo é história, tudo são números. Mesmo sem ser coroado com o título nacional, faz 5 golos na época de estreia na Liga e é considerado o melhor jogador do campeonato. No ano seguinte, com Adriaanse, o Porto ganha tudo o que há para ganhar em Portugal, e Quaresma é novamente eleito o melhor jogador do campeonato, também com 5 golos em 29 jogos.

A produção do extremo na hora de finalizar ainda estava aquém daquilo que dele era esperado. Apesar das inúmeras assistências, dos excelentes golos, e de carregar uma equipa às costas, pedia-se ainda mais face ao talento que Quaresma apresentava.

Os dois anos seguintes, corresponderam exactamente ao esperado. 2006/2007, estabelece a marca de 6 golos e 17 assistências, novo record do campeonato, então pertencente a Drulovic na dupla com Jardel. Quaresma assistia e contribuía para muitos dos golos dos dragões. Brilha na Champions, faz golos decisivos, e melhor ainda está no ano seguinte, com 10 golos na Liga sendo eleito o 12º melhor jogador do Mundo pela FIFA.



Em 2008, a sua carreira muda de direcção e numa altura que se previa de verdadeira ascenção face ao seu talento, a curva foi descendente. Transferido para o Inter de Mourinho, não expressou dentro de um futebol táctico e maduro a sua irreverência, sentido dificuldades para se assumir dentro de uma equipa inclusivamente com alguma falta de virtuosismo na zona de decisão.

É então emprestado ao Chelsea onde também não convenceu e acabou por participar em poucos jogos pelos blues. Também a nível de Selecção ressentiu-se e depois de 2008 foram poucos os jogos que efectuou pela selecção numa altura que Ronaldo, Nani e Simão assumiam os lugares de extremos na equipa das Quinas.

Foi então que ao transferir-se para o Besiktas, teve a sua grande prova de fogo. E não desiludiu. Participou num total de 35 jogos pelos turcos, fez golos, 10 ao todo, e alguns de belo efeito, assumiu a liderança de uma equipa em construção com momentos de grande classe e virtuosismo.

Aos 27 anos é um produto inacabado do futebol português. O seu talento é monstruoso. Quer se goste, ou não, do estilo, foi, durante anos, um dos grandes jogadores portugueses. A qualidade técnica, o inúmero menú de dribles, recursos infindáveis de penetrar nas defesas contrárias e as coisas que inventa dentro de campo, fazem dele um jogador com uma carreira ainda aquém daquela que poderia ter atingido.

É que nunca perdeu as suas características e a sua forma de jogar, ao contrário de Cristiano Ronaldo, que se foi moldando num tipo de perfil mais completo e cirúrgico, Quaresma sempre foi classe e espectáculo, e continua nessa linha lógica que fazem dele um dos grandes extremos do futebol europeu. Não é tarde para Quaresma, não é tarde!


Guadiana dia 1


Há coisas por de mais evidentes e mesmo que a insistência na utilização massiva dos mesmos jogadores, quando, talvez, se pretendia, uma maior observação de alguns atletas ainda a necessitar de mostrar o que valem, vale sim a ideia de Jesus que já mostrou que todos os jogos para ele são finais de Liga dos Campeões e não abdica da vitória e de jogar com aqueles que mais confiança lhe dão. No entanto tem de haver espaço para algumas observações e os insistentes, que continuam a mostrar ao técnico serem merecedores de um lugar de relevo.

Os insistentes:

- Nolito foi o melhor jogador em campo no Estádio do Algarve. E ainda não foi hoje que se estreou inserido num grupo rotinado e com outra experiência. Grande intensidade em todas as suas acções, agressividade na procura da bola, pressão alta, grande qualidade técnica e poder de drible, inteligente, e com mentalidade. Esteve nos 2 golos da segunda metade. Muita atenção!

- Jara continua a somar pontos. Atabalhoado em algumas circunstâncias, mas com um pulmão gigante, rápido, tecnicamente forte, e com muita classe. Excelente golo.

- Urreta. Recuperou bolas, lançou situações de ataque, bons atributos técnicos, verticalidade no seu jogo. Tem de merecer lugar neste plantel.

Outros:

- Artur tem tido uma pré-época muito descansada em comparação, por exemplo, ao que foi a do ano passado com Roberto. Segurança e muita serenidade acima de tudo. Algo lento de movimentos quando enfrenta situações de 1x1. Vamos ver.

- André Almeida faz uma primeira parte ao nível do jogador que é. Desenganem-se os que acharam que esteve em bom plano na 2ª parte. O PSG com a expulsão abdicou do flanco esquerdo e abriu-se uma passadeira para o português.

- Fábio Faria continua sem comprometer mas não dá para mais do que o razoável. Miguel Vítor assinou o jogo mais completo da temporada e talvez tenha ganho um lugar, apesar dos erros de posicionamento aqui e ali que ainda apresenta. Para nº4 do sector defensivo parece-me a melhor escolha.

- Matic nunca será um 6. Bruno César nunca será um extremo. Dois jogadores fora de posição, com talento para muito mais, mas fora de contexto natural.

- Gaitán jogou hoje num lugar por onde poderá passar com alguma regularidade ao longo da época face às muitas opções de qualidade para o meio-campo. Tem de jogar mais sem bola e mostrar mais inteligência na leitura de jogo para explorar as debilidades posicionais dos adversários. Se o conseguir tem tudo para desempenhar o lugar melhor que Saviola.

- Aimar não sabe jogar mal, critério, na batuta do futebol ofensivo. Enzo fez uma exibição esforçada com um ou outro bom momento mas ainda algo aquém do que pode fazer.

- Witsel fez 45 minutos muito bons face o conhecimento que tem dos colegas. Sem comprometer, recuperou algumas bolas, forte na transição ofensiva, sentiu-se um Benfica ligado nos seus momentos o que numa altura de cansaço físico foi notório. Um problema resolvido para Jesus.

- Saviola. O excelente golo não espelha uma exibição muito apagada do argentino. Quase sempre lento a pensar e a executar, perdeu algumas bolas, falhou passes, esteve alheado de toda a 2ª parte até ao momento em que fez das suas. Falta de confiança? Motivação?

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Axel Witsel - O que esperar?


O Benfica garantiu a contratação do belga Axel Witsel, ao Standard Liége. Parece-me notória a ideia de Jesus, num Benfica claramente a insistir no erro de um sistema que dependia das movimentações e características de dois jogadores que já não conseguem expressar da mesma forma o que lhes era pedido, refiro-me a Ramires transferido para o Chelsea, e Saviola, muitos furos abaixo do que era o seu rendimento no primeiro ano de Benfica.

Witsel vem encaixar na ideia de um Benfica a ligar os seus momentos de jogo, um jogador com características físicas e técnicas para desempenhar essa função, embora, ainda, sem as rotinas necessárias para encaixar imediatamente na possível ideia que Jesus tem para a sua contratação.

Contudo o belga insere-se numa lista das melhores contratações dos últimos anos do futebol português. É um jogador que apesar de ter uma excelente cultura posicional, sente-se como peixe na água num sistema que lhe permita jogar de forma solta, no apoio aos avançados, podendo jogar como foco no corredor central, embora no corredor lateral se sinta também à vontade.

Witsel detém uma excelente capacidade de progressão com bola, penetra muito bem sobre as defesas contrárias, em drible ou em movimentos de tabelas com os colegas, fisicamente é muito dotado, rápido, agressivo sobre a bola, muito forte também no jogo aéreo, mas é sem dúvida a sua qualidade técnica a principal arma, chegando com muita facilidade a zonas de finalização onde apresenta uma excelente espontaneidade de remate de todas as formas e feitios.