Numa altura de nova descrença absoluta no reino leonino, em que depois da derrota em Paços, voltam a perder, e logo em casa, frente aos dinamarqueses do Brondby, por 2-0, complicando e muito as contas do acesso às competições europeias esta temporada, resta-me fazer uma análise fria e objectiva aos grandes problemas do actual Sporting.
Muito Mau (Colectivo):
- Incapacidade de criar zonas de pressão e fazê-lo de forma colectiva. A pressão do Sporting é esporádica e espaçada. Ainda não entendi de que forma o bloco se organiza em pressão de acordo com os momentos do adversário. Sai um jogador em pressão correcta para encurtar espaço e queimar linhas aqui e ali, e o culpado é ele, pois não houve seguimento, e ele criou um espaço para o adversário progredir.
- Distância de linhas. Incompreensível a forma como o Sporting não encontra soluções na sua transição ofensiva. Jogam muito distantes, sobretudo o duplo pivot a meio-campo dos avançados. Os movimentos interiores dos jogadores dos corredores laterais que o técnico exploram não são aproveitados pois não existe um apoio frontal imediato de um dos dois avançados, e quando o há, a bola morre ali. Solicitação quase sempre (perdida) do passe longo directo nos homens da frente. O bloco está muito recuado e as segundas bolas são uma miragem.
- Transição defensiva. Péssimo, péssimo, péssimo! Maniche e André Santos demoram eternidades a recuperar, não existindo um ponto fixo de equilíbrio do jogo da equipa em transição defensiva que deveria permitir aos colegas recuperar. Sobem de forma descoordenada e encontram-se quase sempre mal posicionados. Já para não falar dos laterais. A equipa está quase sempre partida em 2 em contra-pé.
- Não será certamente do treino mas o Sporting é das piores equipas do Mundo na zona de finalização. Raramente existem soluções, e quando elas aparecem, alguém as desperdiça. Mal sob o ponto de vista de criação e mobilidade no último reduto. Isto é trabalho e potenciação do modelo de jogo.
Muito Mau (Individual):
- Os sportinguistas adoram a raça e as correrias de João Pereira. Para mim, é mau demais como jogador. Primeiramente instável e sem estofo mental para estas competências. Em adversidade já sabemos quem erra e faz asneira ao nível disciplinar. Depois, muito mau em termos de ocupação do espaço interior e da cobertura defensiva. Fecha mal o seu espaço e é frequentemente batido por mau posicionamento.
- Nuno André Coelho é jovem, tem a sua qualidade, mas longe de ser um jogador de uma equipa que se considera grande. Mediano em quase tudo. A compleição física ajuda a disfarçar mas em antecipação é nulo, em leitura nem se fala.
- Maniche parece não querer assumir nada neste Sporting. Lento a recuperar, mal sob o ponto de vista posicional, sem fôlego para queimar metros entre linhas, fraco no último terço e na organização, tenta invariavelmente os mesmos desequilíbrios: passe para o lateral. Muito curto.
- Postiga é dos melhores avançados da Liga na recepção, no drible sob pressão, na protecção da bola. Apesar de continuar a achar que se trata de um problema de confiança e instabilidade, é o pior da Liga a finalizar. Muito mau.
- Liedson até subiu de rendimento, mas não chega. Não pressiona, não apresenta mobilidade, não cria desequilíbrios, não ganha vantagem em quase nada, e ainda finaliza mal. O que se passa?
Ainda assim...
- É o capitão e está em quase tudo o que existe de correcto no jogo do Sporting. Luta, essencialmente compreende o seu papel dentro de campo, muito inteligente nas abordagens e na forma como consegue fazer subir a equipa a partir de trás. Falo de Carriço.
- Vukcevic já se cansou de ser segunda opção. Vinha a ser dos melhores do Sporting e insiste-se em colocá-lo como reserva. Alguém explique a Paulo Sérgio que ele como segundo avançado e com mobilidade de exploração entre linhas, ia dar que falar.
- Jaime Valdés é o melhor jogador do Sporting. Muito forte no critério, na forma como assume o jogo e encara de frente os adversários. Normalmente jogadores assim, de fino recorte, só correm com bola. Errado. Jaime Valdés também vai atrás dela e luta pela sua posse. Uma surpresa.