quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A saída da mística


Primeiro do que tudo, referir-me aos valores do negócio. O FC Porto acaba de vender o seu capitão de 28 anos para a Rússia por um valor cifrado em 22 milhões de € a pronto. O Zenit, clube onde já militam Fernando Meira e Danny, parece não ter grandes receios em dispensar grandes quantias pelos seus reforços. Mais uma vez, o Porto assume a dianteira... tem sido muito o dinheiro lucrado em vendas.

O futebol português sofre um rombo grande com esta saída. É certo que se torna complicado gostar do feitio e do estilo, sobretudo pela agressividade desmedida de Bruno Alves. Mas ele é um capitão. Não admite falhas e muito menos desleixos. Foi assim com Tomás Costa, um dia no treino.

Sempre fui um dos grandes admiradores do seu futebol. Não é um jogador ao nível de um Luisão ou David Luiz, na leitura e ocupação do espaços, fazendo valer sem dúvida alguma a sua grande capacidade aérea onde é, possivelmente, o melhor jogador do Mundo na impulsão, assim como a complementaridade com a qualidade na execução de livres directos.

Há quem diga tempo de salto mas engana-se. O tempo de salto de Bruno Alves é bom, certo, mas a impulsão com que sobe ao 2º e 3ºs andar é inacreditável. Talvez se explique pelos inúmeros jogos de futvolley que executa na areia da praia da Póvoa de Varzim que tem potenciado, ao longo dos anos, a sua aptidão para o jogo aéreo.

Mais uma vez se prova que havendo capacidade inata, juntamente com treino, a performance é facilmente potenciável. O FC Porto perde o seu melhor jogador, pelo menos o mais influente e fundamental, até porque a sua defesa dependia muito de si e do seu estatuto.
Recuperando o que escrevi sobre ele em Dezembro quando o elegi melhor jogador do ano de 2009 em Portugal:

Tive algumas dúvidas neste item. Por um lado, pensei em escolher alguém que pelo seu virtuosismo e qualidade resolvesse encontros e chamasse adeptos para o futebol. Por outro, acho justo dar esta nomeação a alguém que pela sua entrega, espírito e qualidade - mesmo que desagrade aos rivais - marcou um ano, também pela sua constante evolução. E o meu prémio para melhor do ano vai para Bruno Alves, do Porto. Um jogador viril, que nos anos anteriores fez capa (ou deveria ter feito) por bárbaras agressões aos adversários, mas que tem revelado um índice evolutivo fora do normal para alguém que vai caminhando já para as vinte e oito primaveras. Bruno Alves representa a mística de um clube vencedor, é um jogador muito forte na antecipação de lances, na leitura de jogo, nos lances aéreos (onde para mim é o jogador no Mundo com melhor capacidade de impulsão), que bate livres, e marca golos. Bruno Alves tornou-se um caso sério e é neste momento a grande bandeira do Porto. Sendo um defesa, e congregando tantos atributos positivos, que lhe conferem um sentido "completo" ao seu futebol, também aproveitando a nomeação da UEFA para a equipa do ano (o único a jogar no nosso campeonato), dou-lhe esta nomeação.

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