sábado, 21 de agosto de 2010

O novo Benfica partido em 2


Não era difícil de adivinhar o que iria acontecer. Não foi uma debilidade assim tão gritante como, por exemplo, no jogo da Supertaça, mas a falta de ligação e de equilíbrios deste Benfica nos seus momentos de jogo é gritante, e os resultados surgem naturalmente para uma equipa que joga num bloco tão alto e de pressão constante sem alguém que lhe confira equilíbrios e permita jogar dessa forma.

O Benfica voltou a apostar no 4-1-3-2, com a variante do 4-1-2-3 em organização ofensiva a meio da primeira parte, melhorou substancialmente, mas com o decorrer dos minutos, e sobretudo nesta fase inicial da época, iria-se colocar a nu as fragilidades de uma equipa que não encontra forma de se equilibrar. Tudo isto por faltar um jogador com características para o fazer. Não porque as dinâmicas colectivas estejam erradas. Erro é mantê-las, não tendo forma de as fazer executar.

Momento Organização Ofensiva:

Até acaba por ser das melhores fases deste Benfica. Será natural pelos jogadores que tem e sobretudo pela qualidade de penetração dos executantes. Saviola, Coentrão, Aimar, por exemplo, garantem imprevisibilidade e qualidade no espaço, dando algo mais à organização estrutural da equipa, com tremenda mobilidade. O Benfica este ano sem a presença de Di Maria, fundamentalmente um jogador de linha, de largura e profundidade, joga demasiado pelo corredor central, não o explorando da melhor forma pois concentra nele, sempre, uma imensidão de jogadores em cobertura defensiva do adversário. Falta um jogador diferente de Gaitán, pois já o disse várias vezes, não será jogador para aquele lugar frente a adversários fechados.

Momento Transição Ofensiva:

O Benfica aqui perde. E muito. Primeiro porque não podemos diferenciar de forma estruturada os vários momentos do jogo da equipa. Ambos dependem uns dos outros para subsistir e dar aos jogadores as condicionantes necessárias para os abordarem. O Benfica pela deficiente forma como se equilibra defensivamente actualmente, encontra problemas na forma como efectua as suas transições por um aspecto: não tem capacidade de progressão sustentada em cobertura. Os jogadores são deixados demasiadas vezes soltos em acções individuais de um contra um e o apoio próximo em acção de cobertura ofensiva não existe. Isto porque não há o fôlego do tal jogador de equilíbrios para permitir aos outros elementos sair da sua zona de forma a não terem constante preocupação em caso de perda de bola numa altura em que a equipa não se encontra equilibrada recuarem e preencherem os posicionamentos da organização estrutural defensiva da equipa.

Momento Transição Defensiva:

A grande lacuna do Benfica actual. Completamente partido em 2. E passo a explicar. Quando o Benfica sofre transições rápidas ou contra-ataques dos adversários, normalmente, pelo volume ofensivo que apresenta e pelo seu modelo de jogo incutir imensas subidas e penetrações dos laterais, o 6, jogador de primeiro equilíbrio, acaba por ter de se posicionar numa zona de apoio à ultima linha defensiva, desguarnecendo a zona central, de cobertura ao 10 e aos 2 médios alas agora em acção de médios interiores. Essa zona se for rapidamente ocupada por um deles permite à equipa um equilíbrio maior na zona de pressão e na zona onde existe bola. Caso o centro de jogo seja rapidamente variado, há tempo para a equipa se equilibrar e organizar correctamente. Este Benfica erra vezes sem conta neste aspecto. O 6 vai fazer equilíbrio da organização estrutural defensiva, o 10 tem dificuldade em recuar rápido para essa zona, e nenhum dos interiores fecha o espaço 6 - à frente dos centrais - correctamente. Os adversários exploram-no muitas vezes.

Momento Organização Defensiva:

O Benfica aqui continua bem. Estruturado e com qualidade. O grande problema está na forma como a equipa demora a equilibrar-se. E neste campeonato com contra-ataques rápidos e transições a serem a principal forma das equipas utilizarem o seu método da fase ofensiva, faz com que o Benfica seja vulnerável sob o aspecto da forma como defende. Até porque continua Jesus a jogar num bloco alto e de pressão subida, mas sempre que o adversário se organiza e espera a altura certa para explorar a zona do corredor central em transição ofensiva, cria problemas.

Momento Bolas Paradas:

A acção e coragem do guarda-redes é fundamental. No primeiro golo há um erro posicional defensivo da equipa. A zona do primeiro poste nunca pode ficar descoberta seja de que forma for. Ainda por cima numa bola que de forma perspectiva iria ser colocada naquela zona. Roberto não está isento de culpas, mas a equipa é culpada pelo golo. O segundo... não há muito a dizer. Incrível, incrível!

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