quarta-feira, 21 de maio de 2014

Prospecção: Kevin Kampl




O Red Bull foi uma das surpresas da época sobretudo pela forma como jogou na Europa. Nas suas fileiras joga um jogador todo o terreno de enorme qualidade. Kampl é um dos talentos emergentes do futebol europeu. Nascido na Alemanha e com nacionalidade eslovena, foi formado nas escolas do Leverkusen e assume-se agora como um jogador de muita qualidade.

Joga por dentro ou por fora, embora seja pelo corredor central que potencia as suas qualidades. Muito forte em progressão e penetração, dribla com qualidade e é muito intenso na forma como parte para cima e executa as suas acções. É culto, percebe o jogo, gosta de entrar em combinações directas e aparece com muita qualidade a finalizar. Um jogador de imensa qualidade que vai dar o salto.


Nacionalidade: Eslovénia
Data de Nascimento: 09-10-1990 (23 anos)
Altura/Peso: 180 cm / 63 kg
Posição: Médio Ofensivo/Extremo
Clube: RedBull Salzburg

Época               Clube           Jogos           Golos
2013/14           RedBull            33                9
2012/13           RedBull            23                4
2011/12           Osnabruck       35                2      

terça-feira, 20 de maio de 2014

A convocatória e sobretudo Vieirinha e Rafa


Paulo Bento divulgou hoje a lista de convocados para o Mundial do Brasil. Apesar de haver um seleccionador em cada português esta é uma lista que apoiamos a 100%. Sobretudo pelo facto de Danny e Tiago, dois titulares de caras na nossa óptica, não estarem dentro do enquadramento de possíveis seleccionáveis.

Mas este post é para falar dos nomes mais discutidos no dia de hoje: Vieirinha e Rafa. Vamos começar pelo segundo. Rafa fez uma grande época ao serviço do Braga. É o elemento mais jovem a par de William Carvalho dos eleitos. Mas leva-nos a uma discussão muito mais abrangente do que questionar ou não a sua qualidade para estar nos eleitos.


Rafa é um jogador de muita qualidade e com características ainda abertas ao trabalho. Pode jogar por dentro ou por fora com o mesmo rendimento e oferece diversas possibilidades ao seleccionador. Mas como é possível um talento tão grande como acreditamos ser o seu, ter andado pelo pelado do Alverca e pelo Povoense, sem ter despertado à atenção dos grandes?

Já aqui e aqui abordámos esta questão e voltamos a fazê-lo. Porque motivo este jogador em contextos teoricamente onde cresceria menos, não teria os melhores treinadores, os melhores treinos, os melhores colegas, as melhores condições, evoluiu mais que todos os outros da sua geração ao ponto de estar nos convocados para o Mundial? E aqui sempre acreditámos nele para isto. Leia aqui

Outro assunto é o de Vieirinha e importa perceber esta escolha. Sabemos que um grupo não se faz de 23 titulares. E Vieirinha ambiciona sê-lo mas sabe, primeiramente, qual o seu lugar. E o seu discurso após a chamada revela isso mesmo:

"Sinceramente não esperava ser convocado. Só tenho de agradecer a Paulo Bento e prometer-lhe que vou dar o máximo para justificar esta aposta".


Paulo Bento sabe que Nani e Ronaldo serão os titulares. Sabe que tem Varela, até Rafa. Mas tirou o joker Vieirinha. Um jogador que enfrentou uma grave lesão, ninguém dava nada por ele esta época, e agora é convocado? Paulo Bento faz uma jogada de mestre a nível psicológico e sabe que pelo menos Vieirinha, dará tudo o que tiver e não tiver em campo em forma de agradecimento por esta aposta. Ah! E qualidade tem mais que muita!

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Relatório Sevilha: ao cuidado de JJ



Onze esperado:
Beto; Diogo Figueiras, Pareja, Fazio e Navarro; Carriço e Mbia; Vitolo, Reyes, Rakitic; Bacca.

Organização Ofensiva

- Equipa organizada em 4x3x3 ou 4x2x3x1. Esquema inconsistente do ponto de vista da rigidez posicional mas com bons resultados. Grande espírito e muito abnegados. Vocação ofensiva, bastante verticais e objectivos. Construção de jogo rápida e intensa, procuram apoios frontais e combinações directas em ritmo alto. Intensidade constante. Muito eficientes na zona de decisão. Se tiverem espaço para decidir são letais.

- 1ª fase de construção é lenta mas segura. Centrais circulam a bola procurando situações para explorar jogo vertical em Bacca ou Vitolo. Um dos interiores (normalmente o que joga com Mbia) equilibra a zona defensiva, subindo um dos laterais para a zona onde a bola é batida (procuram estar em vantagem numérica para a 2ª bola). Objectivo é chegar rápido ao meio-campo adversário e aí tentar combinações para explorar movimentos interiores dos extremos.

- 2ª fase de construção não apresenta qualquer tipo de padrão. Modelo de jogo com os extremos constantemente por dentro e com liberdade. Procuram através desses movimentos superioridades numéricas pelo corredor central. Apenas laterais são garantia de largura no jogo mas são utilizados apenas como suporte (se jogar Alberto pode ser mais perigoso em progressão).

- Pelo modelo de jogo que apresentam, um dos interiores (normalmente Mbia) incorpora-se em penetrações pelo corredor central. Rakitic não tem posição fixa, procura jogar livre, explorando espaços para poder decidir último passe (faz muitos movimentos de dentro para fora procurando espaço deixado pelos extremos).

- Fazem um jogo de paciência na 1ª fase mas que altura completamente na 3ª fase onde tentam acelerar e explorar movimentos de Bacca. O colombiano é muito chato e procura sempre movimentar-se oferecendo linhas para progressão aos três que o apoiam ou movimenta-se no sentido de receber em ruptura nas costas dos centrais (muito perigosos nesta situação!).

- Equipa que não primazia profundidade pelos corredores laterais. Tenta sempre oferecer opções para jogar por dentro em progressões ou combinações directas. Situações de cruzamentos a partir dos corredores laterais muito pouco frequentes.

- Jogo muito vertical na 1ª fase de construção. Raramente arriscam e preferem sempre adoptar uma postura de segurança. Exploram jogo directo em Bacca ou na tentativa de um apoio frontal de Rakitic.

- Muita liberdade dada aos extremos e a Rakitic que posicionam-se um pouco por toda a frente de ataque procurando jogo rápido, intenso e imprevisível de combinações directas. Bacca fortíssimo neste aspecto pela inteligência posicional e Rakitic pela qualidade na decisão e no passe.

Transição ofensiva

- Muito rápidos e objectivos. Procuram imediatamente explorar Bacca em profundidade. Quando não conseguem, entram em posse e jogo de paciência, embora invariavelmente procurem acelerar o jogo rapidamente.

- Movimentos dos extremos sempre a procurar receber e acelerar para o corredor central tendo como referências Bacca e Rakitic que oferecem linhas de passe. Tentam criar situação de 3x3 ou 3x2 pelo corredor central com progressão de um dos extremos.

- Reyes e Vitolo sempre por dentro, Marin também. Navarro dá muito pouco apoio neste tipo de situações e tem muita dificuldade em recuperar (Alberto é muito mais forte). Figueiras também mais forte que Coke aqui.

- Muito perigosos neste momento do jogo. Bacca pela capacidade de movimentar-se e acelerar se tiver espaço nas costas. Rakitic pela decisão. Reyes e Vitolo ou Marin pela qualidade a jogar por dentro e mecanização de combinações com Bacca. Muita mobilidade.

Organização Defensiva

- Equipa organizada em 4x2x3x1 ou 4x1x3x2. Bloco médio. Vocação ofensiva e mobilidade dos 4 jogadores mais ofensivos deixa-os muito desprotegidos posicionalmente e é usual terem vários jogadores fora de posição. Procuram pressionar rápido e retirar tempo ao portador mas de forma pouco controlada e equilibrada. Muitos problemas. Tanto pressionam procurando abafar como temporizam e entram em contenção. Pouco critério.

- Numa primeira fase Rakitic baixa evitando entradas por dentro de passes. Quando a equipa se equilibra sai de posição e junta-se a Bacca para pressionar. Extremos fecham completamente por dentro, como interiores, ao lado de Mbia e Carriço. O português quando isto acontece posiciona-se quase como 3º central ou directamente na posição 6.

- Equipa muito forte a fechar espaços no corredor central, obrigando o adversário a tentar entrar sempre por fora. Muito consistentes aqui, embora hajam desconcentrações e saídas de posição de jogadores para pressionar sem ter complementaridade colectiva. Alguns problemas aqui.

- Muito espaço concedido nos corredores laterais e nas costas dos seus defesas laterais. Importante para quebrar oferecer linhas de passe constantes ao jogador do corredor lateral para garantir situações de 2x1 porque alguém acaba por ter de sair ao portador da bola.

- Muitas dificuldades dos defesas laterais em bolas aéreas, sobretudo em cruzamentos ao 2º poste. Sobretudo Diogo Figueiras é muito hesitante e erra frequentemente aqui. Demora muito a fechar e tem dificuldade em fazê-lo (marca mal, normalmente sempre perto do homem - dá espaço no corredor central). Navarro o melhor dos defesas laterais a defender.

- Dupla de centrais altamente consistente. Fazio raramente perde um lance pelo ar, muito agressivo e forte fisicamente, joga bem em antecipação. Pareja mais forte posicionalmente, mais móvel e mais forte nas dobras.

Transição defensiva

- Equipa partida e inconsistente. Se jogar Navarro, explorar muito, é fraco e tem muita dificuldade em recuperar o seu espaço. Laterais com vocação ofensiva e extremos muito por dentro abrem muito espaço nos corredores para saídas rápidas.

- Muito agressivos e impetuosos na tentativa de evitar contra-ataque do adversário. Demoram a posicionar-se e acabam por correr muito atrás do portador tentando retirar-lhe tempo e espaço para decidir.

- São altamente inconsistentes aqui. Se houver saídas rápidas pelos corredores laterais com linhas de passe oferecidas pelos avançados em ruptura podem ter muitos problemas. Tentar tirar o jogo da zona de pressão, pois procuram fechar todos os caminhos para não serem apanhados em inferioridades numéricas.

- Bacca e Rakitic praticamente não defendem. Vitolo e Reyes muito disponíveis para auxiliar defensivamente mas sempre sem grande critério posicional.

Bolas paradas a favor

- Padrão total. Todos os lances são para Fazio. Rakitic marca cantos e livres de qualquer zona do campo. Têm uma particularidade. Procuram colocar sempre algum jogador a fazer bloqueio, de forma a evitar acompanhamento do marcador directo de Fazio. Normalmente são bem sucedidos e consegue aparecer em boa situação para finalizar.

- Cantos e livres laterais sempre batidos para a marca de penalty onde Fazio aparece vindo de trás para tentar cabecear. Mbia também forte neste aspecto mas a referência é o argentino. 

- Rakitic muita qualidade de execução. Evitar faltas em zonas próximas da área.

Bolas paradas contra

- Marcação H-H em quase todas as situações. Bastante agressivos neste tipo de situações (tentar explorar eventuais agarrões).

- Cantos contra, deixam um homem no 1º poste e outro na linha da pequena área, no seu primeiro terço em relação ao lado onde a bola é batida. Os outros marcam individualmente.

- Livres frontais colocam 5 ou 6 homens na barreira e saltam sempre (pode-se explorar).

Notas a destacar

- Muita qualidade na 3ª e 4ª fase. Mobilidade ofensiva de grande nível. Bacca muito perigoso quando tem espaço nas costas. Rakitic e os extremos muito perigosos quando conseguem penetrações pelo corredor central.

- Fortes na transição ofensiva. Altamente motivados e consistentes.

- Fazio muito forte em quase todos os momentos. Jogador muito difícil de ultrapassar e imperial nas alturas.

- Altamente inconsistentes em transição defensiva. Podem ser muito explorados por aqui. Desposicionam-se, não têm critério a sair ao portador da bola e dão espaços que podem vir a ser letais.



Imagens relevantes (porquê estas referências? Discussão caixa comentários):

















terça-feira, 6 de maio de 2014

Lopetegui e a oportunidade formação



O Porto oficializou hoje o treinador Lopetegui como a nova aposta da estrutura para o próximo ano. É um treinador experiente ao nível do trabalho com jovens e parece estar aqui encontrada uma oportunidade muito interessante para o Porto começar a dar desenvolvimento ao nível da equipa principal ao bom trabalho que tem realizado na sua formação.

Trabalhar bem na formação não é ganhar campeonatos. O Porto até tem conquistado alguns, mas este ano voltou a provar que essa não é a sua prioridade. Exemplos disso são os jogadores Juniores que lançou na sua equipa B a competir de forma regular com jogadores mais experientes, acelerando o seu processo de maturação e permitindo-lhes estímulos para evoluírem de forma mais sustentada.

Com a entrada de um treinador habituado a lidar com jovens e que parece ter especial interesse e apetência para essa área, o Porto tem aqui uma oportunidade para se destacar, finalmente, como clube que ganha/luta por títulos e que aposta na juventude e prata da casa. Até porque qualidade tem, e o trabalho que tem desenvolvido assim o exige.

A formação do Porto neste momento tem um modelo de jogo transversal, que permite uma continuidade aos seus atletas, pelo menos maior que os outros dois rivais. Faz um trabalho continuado e com bastante critério.

Primeiras notas em relação ao novo treinador: O contexto. Não é por ter ganho títulos jovens pela Espanha que é atestado de competência. Também não é por apenas ter tido sucesso nesse contexto, que é um atestado de incompetência. As primeiras palavras são reveladoras de algo que desde sempre defendemos, a adaptabilidade:

«Primeiro tenho de analisar muitas coisas que passaram este ano e vamos depois tomar decisões. Temos uma ideia de jogo, filosofia, mas também tenho de ver o contexto dos jogadores que vamos encontrar.»


Vamos ver e falar sobre alguns nomes de jogadores que estarão à espreita para a nova cara 2014/15.

Rafa - Lateral esquerdo, ainda Junior, já teve minutos na equipa B dos dragões que lhe permitiu maior maturidade. Jogador culto, fecha bem, agressivo qb, mas sobretudo muito capaz ofensivamente. Dá largura e profundidade ao corredor, cruza muito bem e integra-se bem em todos os momentos do jogo.

Leandro Silva - Tem vindo em crescendo. Pode jogar como 6 ou 8, embora seja como médio de ligação que melhor se exprime. Boa capacidade de desarme, agressivo e uma tremenda meia distância. Jogador intenso e rotativo.

Joris Kayembe - Recrutado ao Standard Liége, é um dos jogadores mais fortes da equipa B do Porto. Pé esquerdo mas que joga pela faixa direita, muito forte no último terço. Capacidade de drible, bastante intenso nas abordagens, parte para cima, dotado técnicamente e muito abnegado. Jogador para acompanhar.

Ivo Rodrigues - Uma das apostas do Porto. Ainda Junior, esteve fixo o ano todo nos B. Tem bastante qualidade, joga em ambos os flancos, veloz, forte no drible e que chega muito bem a zonas de finalização. Um produto de muita qualidade.

Gonçalo Paciência - O jogador que mais esperanças parece reunir. Muito forte fisicamente, regressou bem de lesão e assume-se fundamentalmente como um jogador diferente para a posição. Joga fixo na área, excelente capacidade de movimentação e qualidade técnica, joga bem de cabeça, é agressivo e finaliza bem. Cuidado com ele.