sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Análise ao Olympique de Marselha


Uma possível final antecipada?

Apesar dos grandes nomes ainda presentes nesta Uefa Europe League, considerada por muitos como a nova segunda divisão europeia da Liga dos Campeões, uma eliminatória entre portugueses e franceses - e tudo o que isso acarreta em termos de culturas e tradições (veja-se que Paris é a segunda cidade mundial com mais portugueses, à frente do Porto) - e, sobretudo, um reavivar da história dos saudosos anos 90, quando o Benfica eliminou o Marselha com um golo com a mão de Vata, chegando a nova final europeia, traça contornos muitos especiais para este jogo que todos anseiam.

Os relatos que surgem dessa eliminatória em que Mozer, então ao serviço do Marselha, afirmou que os seus colegas estavam cheios de medo de entrar no relvado da Luz, contando com nomes como Jean Pierre Papin, Chris Waddle, Francescoli, Deschamps (hoje o treinador) ou Tigana, e um Inferno da Luz com 120 mil vozes vibrantes, levaram o Benfica ao colo até um golo que acabaria por ser polémico mas ditar a passagem dos «encarnados». Dizem, hoje em dia, alguns conhecidos adeptos do Marselha, que essa foi a eliminatória que para sempre mudou a mentalidade dos adeptos do clube e a mentalidade vivida no Velodrome, tamanho foi o "massacre" que os franceses sofreram na Luz ao nível da animosidade com que foram recebidos jogadores e adeptos.

Este Marselha é muito diferente da verdadeira dream team que constituía o seu plantel nos anos passados, mas está longe de ser um adversário fácil para o Benfica de Jesus. Didier Deschamps é um treinador com história europeia, experiência, e já experimentou uma final no comando técnico de uma equipa, então ao serviço do Mónaco, derrotado pelo FC Porto.

Começando pela baliza, Mandanda, apesar dos 24 anos, é um guarda-redes de grande valia, muito sereno e eficaz nas suas acções. É forte nos reflexos, nas saídas dos postes, na agilidade. Um guarda-redes de muita valia que já serviu o seu país a nível internacional.

O sector defensivo surge, à primeira vista, como a principal debilidade que o plantel do Benfica pode explorar. Gabriel Heinze é o maior nome da linha recuada, sem dúvida um jogador com tarimba e muita classe, mas já sem o fulgor de outrora. Taiwo é um lateral esquerdo muito interessante sob o ponto de vista das bolas paradas e das tentativas de visar a baliza de longe, mas alternando a impetuosidade com pouca intensidade em muitas situações. Pode aqui o Benfica explorar. Diwara e Julien Rodriguez são dois centrais cultos, experientes, fortes pelo ar e inteligentes, mas já algo duros de rins, pouco móveis e que, sobretudo na segunda mão, o Benfica pode explorar em transições rápidas.

Olhando para o sector de meio-campo, salta desde logo à vista um jogador que dispensa apresentações: Lucho González. Apesar de ainda não ter convencido totalmente os adeptos marselheses, até pelas lesões que tem tido é, sem dúvida, um garante de qualidade e eficácia em todos os processos de organização ofensiva da equipa. Jogador de mestria táctica e qualidade de rigor e critério muito acima da média. Cheyrou, com um pé esquerdo interessante sob o ponto de vista da criação em espaços curtos, Mbia, que também pode jogar como central mas deve jogar a trinco, forte na agressividade e capacidade de desarme que coloca nos seus lances, Abriel, "um Lucho diferente", mais jogador de último terço, tudo em trabalho para os dois criativos principais da equipa, Valbuena, um jogador típico de flanco, rápido, forte no um para um, fantasista e eficaz, e Hatem Ben Arfa, muito forte nos desequilíbrios, na capacidade técnica e na facilidade de drible para espaço interior.

Na frente, embora falte a este Marselha desde a saída de Drogba um finalizador nato, capaz de materializar em golo o bom futebol que a equipa pratica, até porque Morientes vai caindo e Brandão não é jogador para estas andanças, Bakary Koné e Niang são duas setas extremamente velozes e muito perigosas, sobretudo para o jogo da primeira mão. Jogador de uma espontaneidade muito forte, muito velozes, finalizadores. Atenção também no futuro a Gnabouyou e Chris Gadi, capazes de fazer render o ataque dos marselheses durante muitos e bons anos.

Parece-me que será uma das eliminatórias mais disputadas da prova nesta nova ronda europeia a começar na semana de 11 de Março, até pela espectacularidade que o seu futebol deve apresentar. Prevê-se também uma chama envolvente muito grande a este jogo, pois os adeptos franceses e portugueses irão querer certamente reviver outros tempos, em que nem todos saíram a ganhar. Futebol espectáculo, é o que se espera.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Prospecção Internacional (Médios) - Jack Rodwell


Jack Rodwell (Everton)
Idade: 18 anos
Peso: 72kg
Altura: 188cm
Nacionalidade: Inglês

O Everton tem nas suas fileiras aquele que será, provavelmente, a maior promessa inglesa para a próxima década. Jack Rodwell é um prodígio - mais um - a aparecer nos "blues" de Liverpool. Jogador de corredor central, é sobretudo um médio área a área, box-to-box (à inglesa), que pode também jogar como 6 ou no apoio mais próximo ao ponta-de-lança. Jogador de amplos recursos em termos tácticos, é muito inteligente e maduro em todas as suas acções de jogo.

Com a bola nos pés ganha uma dimensão especial no processo ofensivo da equipa. Ambidextro, tem qualidade de passe e muito talento em progressão, não usando dribles muito vistosos, sabe penetrar com eficácia e qualidade. Tem um apetite especial pelo golo. Hoje voltou a confirmá-lo contra o Man Utd. Se evoluir em termos de intensidade, será um médio na linhagem dos grandes nomes que a Inglaterra actualmente possui para aquela posição do terreno. Para seguir com muita atenção.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A gestão na óptica de Jesus


Preocupados com a má exibição e o resultado em Berlim? Preocupados com a má exibição contra o Belenenses? Extasiados de alegria com a goleada em Alvalade? Digam-me o que diferenciou esses jogos em termos exibicionais. Em termos de rendimento. Em termos de eficiência. Em termos de atitude. Eu respondo, nada. Apenas uma coisa, os números.

O Benfica esta temporada atravessou um período de um domínio e de uma superioridade avassaladora em relação aos demais. Isso deveu-se a vários factores. À capacidade física da equipa de Jorge Jesus, claramente com os seus jogadores num pique de forma tremendo. Ao brilhantismo que as suas principais unidades apresentavam. À atitude e ambição dos jogadores. À naturalidade com que as coisas lhe saiam, empurradas por uma massa adepta entusiasta.

Contudo, as goleadas, fruto de uma zona de pressão muito subida e de uma condição física extraordinária que o permitia, são já uma miragem. Eu estou a dizer isto a alguns amigos desde Novembro: O Benfica vai "pagar", de certa forma, as goleadas. E já o está a fazer. O Benfica é hoje uma equipa muito mais madura sob o ponto de vista das suas acções e momentos de jogo.

É utópico pensar que o Benfica em reconstrução iria manter a toada do início do ano. Há jogadores em quebra, outros que já quebraram e estão novamente a recuperar os índices físicos mais altos, outros que daqui por algumas semanas estarão no topo do seu rendimento. Tudo isto se chama gestão e o Benfica tem um plantel grande e com qualidade para suprir certas situações.

Desengane-se quem pensar que isto é uma fase e as goleadas e exibições majestosas irão regressar. É errado, o Benfica já não volta ao início de época. Vai manter esta toada de equipa adulta, madura, conhecedora dos seus processos e princípios e que será eficaz o suficiente para tirar partido das suas qualidades resolvendo jogos.

Os benfiquistas não podem exigir uma coisa que é impossível de manter: rendimento estabilizado no topo. Em alta competição, numa altura de jogos de 3 em 3 dias, tal situação torna-se impossível. O Benfica tem de gerir e saber os caminhos que pisa. Exceptuando a Taça de Portugal que já nada há a fazer, todas as outras competições estão ao alcance dos encarnados. Jogue Cardozo ou Kardec. Aimar ou Menezes. Quim ou Júlio César. Javi ou Airton.

As cartas estão lançadas e o grupo vai saber responder nas alturas devidas. Preocupante? Isso seria se nesta altura estivessem os encarnados a perder pontos. E não, continua-se em primeiro. Continua-se eficaz e produtivo. Com Jesus e com aquele plantel caminharão certamente até ao fim os verdadeiros, porque as goleadas já se foram. Meio a zero, é o lema daqui para a frente. Vale três pontos... o suficiente!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Prospecção Nacional (Médios) - Josué


Josué (Penafiel/FC Porto)
Idade: 19 anos
Peso: 70kg
Altura: 174cm
Nacionalidade: Português

Do Padroense ao Candal num curto espaço de tempo, mais curto seria ainda o dilema que teve na sua carreira ao estar com um pé no Benfica mas o FC Porto, fruto da sua influência a Norte, acabou por ter Josué bem seguro. Jogador já pouco visto nos dias de hoje, é um camisa 10 puro, jogador de apoio, de ruptura em progressão, de grande mestria a ler o jogo e capacidade de passe. É muito forte nos desequilíbrios que consegue criar na zona de construção através da sua criatividade e leitura de jogo. Esquerdino, não procura muito espaço lateral, gosta de assumir a batuta, joga com dinâmica e intensidade apreciável.

Foi emprestado ao Sporting da Covilhã e saiu do clube por indisciplina. Actualmente no Penafiel, vai procurando o seu espaço. Já marcou na reabertura da época, assume os lances de bola parada da equipa e procura agora a afirmação que lhe faltou nos primeiros seis meses de Vitalis na Covilhã. A equipa da Serra a jogar numa óptica de ataque rápido e contra-ataque (quem tem João Pimenta tem mesmo de jogar assim) não exponenciava as características deste médio com ascendência brasileira que é definitivamente jogador com bagagem de equipa grande. Vamos ver como se afirma em Penafiel.

Prospecção Nacional (Guarda-Redes) - Samir Badr


Samir Badr (FC Porto)
Idade: 17 anos
Peso:
Altura:
Nacionalidade: Americano

Há alguns meses que procuro seguir o desenvolvimento/afirmação deste americano que no início do ano de 2009 foi ao Porto prestar provas. Assinou contrato mas só aos 18 anos poderá começar a jogar. Nas selecções jovens dos Estados Unidos faz furor e revela muita qualidade. Seguro, ágil, eficiente e com excelentes reflexos, denota bom jogo de pés e uma "maturação" extremamente desenvolvida para a idade. Vamos esperar por novas hipóteses de o ver competir.


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Lendas: Pierre van Hooijdonk



Há cerca de dez anos, no velhinho Estádio da Luz, costumava ir ver a bola, à procura da afirmação de um Benfica que tardava em regressar aos seus tempos de glória. A crise estava instalada mas lá apareciam, ano após ano, aqueles jogadores, craques da bola, mas que no meio de tanto amadorismo e fraca qualidade pouco sobressaíam ou pouco conquistavam de águia ao peito, face àquilo que em condições normais poderiam acrescentar.

Um dos jogadores que marcou uma geração, para mim, na minha óptica, da transição entre o alto, forte e tosco e um avançado moderno, mais capaz do ponto de vista técnico, tinha toda a sua expressão naquele que foi o melhor avançado que vi ao vivo na Luz. O seu nome? Pierre van Hooijdonk.



Chegou como um matador, com provas dadas por todo o lado onde passou, mas ainda sem o cunho de top mundial que realmente poderia atingir. No Benfica, nos primeiros seis meses, passou ao lado de uma época desastrosa a todos os níveis, a pior de sempre do clube da Luz. 6º lugar. Van Hooidjonk na segunda metade da época, e com companhia na frente de ataque (Mourinho alterou o sistema) esteve em grande plano e apareceu verdadeiramente. Somou 23 golos nessa temporada.

Não era um jogador muito fixo, de área, apesar da morfologia (1,93cm e 89kg). Um tanque, com mobilidade, técnica, velocidade e muita qualidade de recepção e execução. Ao nível das bolas paradas, está ao nível dos melhores de todos os tempos. Aquele golo ao Dortmund numa final da Uefa a defender as cores do Feyenoord num dos melhores livres directos que me lembro de ver... inacreditável.

Regressando aos seus tempos de Benfica, ficaram célebres os golos, as majestosas exibições que fizeram os sócios chorar por mais - e muitos só lhe deram o real valor quando saiu do clube -, e acima de tudo, a triste forma como abandonou o Benfica. Dizia-se que recebia muito dinheiro (e a direcção queria limpar tudo o que trouxe Vale e Azevedo e continuar a apostar em Roger, com o cunho de aposta nos novatos Simão e Mantorras), e tratou-se de o despachar. Colocou-se um dos melhores de sempre a jogar na equipa B e nem por isso ele virou a cara à luta... jogou, de raiva, e ia-se pegando com Vilarinho (há quem diga que o pegou pelos colarinhos). Farto de faltas de profissionalismo e vontade, reza a lenda que chegou a vias de facto com Roger, um dos meninos bonitos da direcção e que pouco produzia em campo.

Saiu, escorraçado, um dos melhores de sempre que passou pelo Benfica, ao nível de pontas-de-lança. Ficaram as memórias, sobretudo de passado e futuro, já que o presente foi demasiado curto para ser apreciado da forma que todos desejariam.

Histórico:
Nome: Petrus Ferdinandus Johannes Stevenson van Hooijdonk Alcunha: Pi-Air Posição: Avançado Altura: 1,93 cm Peso: 89kg
Clubes: RBC, 69 jogos, 33 golos NAC Breda, 115 jogos, 81 golos Celtic Glasgow, 69 jogos, 44 golos Nottingham Forest, 71 jogos, 36 golos Vitesse, 29 jogos, 25 golos Benfica, 30 jogos, 23 golos Feyenoord, 61 jogos, 52 golos Fenerbahce, 53 jogos, 32 golos NAC Breda, 17 jogos, 5 golos Feyenoord, 37 jogos, 8 golos Selecção Holandesa, 37 jogos, 8 golos Totais: 551 jogos, 335 golos

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Lendas: Vitor Baptista, o Génio e Louco

Se de um leque de grandes glórias do futebol mundial, me dessem um nome a escolher, para ver ao vivo, Eusébio, Ian Rush, Coluna, Pelé, Maradona, Platini, Beckenbauer, Zico e tantos outros colossos, eu rejeitaria. Se tivesse oportunidade, só queria ter tido o privilégio de ter visto um: Vitor Baptista.

Desde muito novo me deliciei a ouvir as suas histórias. Dos meus familiares e de pessoas que conviveram com ele e com a sua vida, quem ouve as suas histórias e lê os seus testemunhos não pode ficar indiferente aquele que, tal como os reis, teve um cognome sui generis: "O Maior".

Conta a história que num Torneio de Futsal onde jogou contra Quinito (Esse mesmo, o treinador de futebol) deu o passo decisivo para a carreira de futebolista. Os olheiros do Vitória de Setúbal nem ficaram muito entusiasmados com ele, mas a insistência do jovem rebelde para com o irmão de Jaime Graça, então ao serviço do Vitória, levaram Baptista a Setúbal.



Aos 18 anos já era figura da equipa setubalense e venceu uma Taça de Portugal. Transferiu-se para o Benfica, na maior transferência até então de sempre do futebol português, com os encarnados a darem três mil contos e três jogadores (entre eles o lendário José Torres) ao Setúbal em troca do Maior. Reza a lenda que Vitor Baptista poderia ter sido o melhor jogador português de todos os tempos, sim, isso mesmo, à frente do rei Eusébio.

A cabeça que não tinha, as drogas, o álcool, as mulheres, o mundo do crime, afastaram-no do rumo certo e do caminho que qualquer ser humano capaz tem de ter. Vitor Baptista viu tudo subir-lhe na vida cedo de mais e acabou de forma trágica (a pedir dinheiro na rua, pouco tempo antes de morrer).

Uma das histórias mais sublimes da sua vida acontece num derby com o Sporting. O avançado benfiquista recebeu uma bola no peito, fez um cabrito a um defesa contrário, driblou outro jogador e atirou uma bomba para o fundo da baliza. Viria-se a aperceber que tinha perdido um brinco, coisa extravagante e completamente nova na altura, de ouro e diamante. Colocou, em pleno jogo, jogadores e árbitros à procura do brinco durante 15 minutos. Não o viria a encontrar e nada mais fez até final do jogo.

As histórias loucas, próprias da personalidade de um verdadeiro génio, foram-me contadas ao longo dos tempos. No primeiro jogo europeu do Benfica contra o Liverpool, não lhe apeteceu jogar, simulou uma lesão e quase era expulso do clube. Só Humberto e Toni o evitaram.

Numa digressão do Benfica à Russia, recusou-se a entrar em campo pois os russos pareciam-lhe amadores, e ele só jogava contra profissionais. Apresentou-se no aeroporto de t-shirt e calças rotas, com todos os outros colegas de fato.

No regresso a Setúbal, organizou uma tourada, populares nas bancadas, estádio cheia, aparece Vitor Baptista sobressaltado. Tinha-se esquecido dos touros. Já no Boavista, aparecia nos treinos de Jaguar, vestido com fato e gravata e chinelos de enfiar no dedo. No Tomar, onde também jogou, reza a lenda que expulsou vezes sem conta o treinador do balneário pois simplesmente não lhe apetecia ouvi-lo.

Um autêntico George Best à portuguesa. Da glória à tragédia em minutos. Foi várias vezes preso, trabalhou em cemitérios e como funcionário da câmara de Setúbal para limpar as ruas. Acabou sem nada, quando poderia ter tido tudo e, no fundo, nada conquistou.


Cronologia:

- Despontou nas margens do seu Sado, em torneios de futebol de salão. Aos 16 anos logo o Vitória de Setúbal tratou de o assegurar: 500 escudos por mês e pensão, eram a vida nova do aprendiz de electricista.

- Em Setúbal brilha, estreando-se nas primeiras categorias com apenas 17 anos. O Sport Lisboa e Benfica levaria a melhor sobre o Sporting na disputa pela maior promessa do futebol português da altura.

- Pela libertação da sua carta o Vitória de Setúbal arrecadou 3.000 contos e ainda recebeu, a título definitivo, José Torres, Praia e Matine. Era a maior transferência de sempre do futebol português.


- Na Luz alternou momentos de rara qualidade com outros que haveriam de o levar à decadência: Múltiplos foram os episódios envolvendo Dinheiro, Carros, Álcool, Mulheres e Drogas, enfim um cocktail verdadeiramente explosivo e pouco condizente com a vida de um profissional de futebol.

- Em 1978 queria um Porsche Carrera e 650 contos mensais para permanecer na Luz. O clube encarnado anuiu em relação à viatura mas não satisfez as pretensões salariais, limitadas a 550 contos. Não aceitou e regressou a Setúbal. Iria ganhar 100 contos por mês...

- Rumaria de seguida ao Bessa, onde também arranjaria desentendimentos salariais com Valentim Loureiro e dava sequência a alguns episódios absolutamente
inesquecíveis: Certo dia, O Maior abandona o campo porque... não jogava em pelados!

- Em 1980, a convite de António Simões, jogou com George Best, o seu "irmão-gémeo" do futebol, no San Jose Earthquakes. Nessa mesma equipa alinhavam também Guus Hiddink, Milan Mandaric, Bill Foulkes, entre outros. Apesar do contrato de 2,5 milhões de dólares e do raro Corvette descapotável exigido, não o conseguiram manter nos States por muito tempo: 2 jogos e regresso a Lisboa.

- Regressa a Portu
gal e jogaria ainda no Amora, no Montijo, no União de Tomar, no Monte da Caparica e acabaria nos regionais, em representação do Estrelas do Faralhão.

- Foi sempre um rebelde, um "Génio Louco", incompatibilizando-se facilmente com os seus treinadores. Alguns exemplos: Mário Wilson em 1975, John Mortimore e José Maria Pedroto em 1976 e Juca em 1977 (Com Juca, via mesmo chegar ao fim a sua participação na equipa das quinas: Chegou atrasado ao treino, insultou Juca e chamou "malucos" aos colegas).

História:

Nome Completo: Vítor Manuel Ferreira Baptista
Alcunha: O Maior / O Rapaz do Brinco / O Gargantas / O Rapaz dos Pés de Ouro / Meu Deus Nacionalidade: Portuguesa
Local de Nascimento: São Julião / Setúbal - Portugal
Data de Nascimento:
18 de Outubro de 1948 (Faleceu a 1 de Janeiro de 1999)
Posição: Avançado
Altura:
1,78m
Peso:
76Kg
1985/86 - Estrelas Faralhão - ? Jogos / ? Golos 1984/85 - Estrelas Faralhão - ? Jogos / ? Golos 1983/84 - Monte da Caparica - ? Jogos / ? Golos 1982/83 - U. Tomar - ? Jogos / ? Golos 1981/82 - Montijo (Jogador-Treinador) - ? Jogos / ? Golos 1980/81 - Amora - 4 Jogos / 0 Golos 1980 - San Jose Earthquakes - 2 Jogos / ? Golos 1979/80 - Boavista - 15 Jogos / 8 Golos 1978/79 - Vit. Setúbal - 19 Jogos / 7 Golos 1977/78 - S.L.Benfica - 15 Jogos / 8 Golos 1976/77 - S.L.Benfica - 6 Jogos / 6 Golos 1975/76 - S.L.Benfica - 16 Jogos / 9 Golos 1974/75 - S.L.Benfica - 23 Jogos / 3 Golos 1973/74 - S.L.Benfica - 21 Jogos / 9 Golos 1972/73 - S.L.Benfica - 14 Jogos / 6 Golos 1971/72 - S.L.Benfica - 17 Jogos / 9 Golos 1970/71 - Vit. Setúbal - 26 Jogos / 22 Golos 1969/70 - Vit. Setúbal - 22 Jogos / 11 Golos 1968/69 - Vit. Setúbal - 17 Jogos / 0 Golos 1967/68 - Vit. Setúbal - 15 Jogos / 0 Golos 1966/67 - Vit. Setúbal - 0 Jogos / 0 Golos


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Prospecção Internacional (Defesas) - Hrvoje Cale


Hrvoje Cale (Trabzonspor)
Idade: 24 anos
Peso: 74kg
Altura: 184cm
Nacionalidade: Jugoslavo (internacional pela Croácia)

Cale é um lateral esquerdo que pode também fechar ao meio como central. Forte fisicamente e com capacidade de leitura de jogo, gosta de dar profundidade ao flanco e auxiliar o ataque. Muito disponível fisicamente e agressivo nos seus lances, é defensivamente que mais pontos ganha. Muito forte nos despiques individuais e na certeza com que aborda os lances, é forte também na marcação e no jogo aéreo. Pé esquerdo interessante, jogador muito eficiente e de rotações elevadas. Com formação no Dinamo Zagreb, é claramente um lateral esquerdo para a alta roda europeia. Para seguir.

Prospecção Internacional (Extremos) - Ozan Ipek


Ozan Ipek (Bursaspor)
Idade: 23 anos
Peso: 78kg
Altura: 185cm
Nacionalidade: Turco

Um dos jogadores em maior evidência no campeonato da Turquia. Extremo Esquerdo, de verticalidade, de profundidade, de ruptura, claramente evoluido sob o ponto de vista técnico e do poder de drible (apesar de não ser muito vistoso), prefere ganhar a linha (à moda antiga) e aplicar venenosos cruzamentos. Sabe vir para dentro e criar desequilibrios (tem 4 golos na actual competição da Turquia) e ontem - contra o Trabzonspor - vi-o fazer mais uma das muitas assistências que tem contabilizadas na Liga. Pé esquerdo muito interessante e eficaz. Para seguir.

O que é feito de... (Carlitos)



No início do novo século, o Jornal "A Bola" lançou um livro de retrospectiva dos anos 80 e 90 e das suas previsões para a década seguinte. Na secção dos mais promissores futebolistas, ao lado de nomes como Quaresma ou Cristiano Ronaldo, aparecia o de Carlitos, um jovem a despontar na Liga Vitalis e com transferência firmada para o Benfica.

Os seus feitos no Estoril, onde subiu os canarinhos da 2ª B para a Vitalis e da Vitalis para a primeira não ficaram despercebidos. Jogou o Europeu de sub-21 pela selecção das quinas, sendo o único dos titulares que não jogava na divisão maior do futebol português. Marcou inclusivamente o golo que deu a Portugal o terceiro lugar no Euro 2004 de sub-21 já no prolongamento.

A sua ascensão era vertiginosa. Com carreira firmada na Arrentela, no Amora e no Estoril, era a vez do Benfica. Entrou nos encarnados no ano em que as águias quebraram o longo jejum de títulos. Carlitos iniciou a pré-época em Nyon a receber elogios de toda a gente, inclusivamente de Trapattoni. Há uma história de um treino, em que o italiano o mandou abrandar num exercício que se estava a realizar de sprints e agilidade, pois segundo ele, aquilo era demasiado veloz e poderia lesionar o atleta no caso de não conseguir abrandar da melhor forma nas curvas.

Contudo, teve o primeiro azar ainda nesse estágio. Lesionou-se e perdeu a embalagem que estava a começar a evidenciar. Para surpresa de todos, foi lançado às feras na sua estreia na pré-eliminatória da Liga dos Campeões contra o Anderlecht. O resultado de 3-0 a favor dos belgas e a sua substituição na segunda parte fizeram com que se levantassem algumas vozes críticas. Não se impôs na estreia, e o tribunal da Luz não perdoou.

Trapattoni, castigado pelas fracas exibições e alguns resultados menos conseguidos, não mais apostou no camisola 7 da Luz para o onze inicial. Jogou, quase sempre, não mais de 20 minutos, contrariando a média apenas uma vez, em que foi lançado ao intervalo, na famosa derrota de 4-1 no Restelo. Tudo lhe corria mal, face à conjuntura da equipa que o dificultava em termos individuais.

No ano a seguir, com Koeman, faz a sua estreia em Alvalade. Sem confiança e com um Benfica aos repelões, que perdeu o jogo, não mais voltou a merecer a convocatória do técnico para o onze inicial. Em Janeiro transferiu-se por empréstimo para o Vitória de Setúbal onde deu uma sapatada na crise e se revelou uma das principais peças dos sadinos que chegaram à final da Taça de Portugal.



Carlitos era titular e desfrutava do seu futebol, tendo feito 6 golos nessa segunda metade de época. Em 2006-2007 consumou a sua transferência para o Sion da Suiça onde foi estrela da companhia e marcou 9 golos nessa temporada. Transfere-se no ano seguinte para o histórico Basileia onde tem alternado momentos de grande influência com outros de pouca utilização. Tem 10 golos ao serviço dos suiços, mais duas mãos cheias de assistências para golo.

Esta temporada chegou a ser alvo do interesse da AS Roma de Itália, (nas passada sdo Lyon de França e falou-se no FC Porto) mas um alegado diferendo de verbas impossibilitou aquele que seria até ao momento o maior passo da sua carreira, pelo menos em termos de exigência e obrigação competitiva.

Aos 27 anos ainda tem muito para dar ao futebol, mas está na fase de deixar de ser a eterna promessa para se estabelecer como um bom jogador profissional de alto nível, caso queira deixar de ser visto como mais um dos que se perdeu, e que não soube potenciar em campo a valia individual que detém.

Prospecção Internacional (Guarda-Redes) - Matej Delac


Matej Delac (Inter Zapresic)
Idade: 17 anos
Peso: 82kg
Altura: 191cm
Nacionalidade: Croata

Com apenas 17 anos destacou-se ao serviço da equipa principal do Inter da Croácia onde tem brilhado a grande altura. Um ano antes esteve a prestar provas no Benfica mas os valores exigidos pelos croatas fizeram os responsáveis portugueses recuar. Delac actualmente joga pelo Inter por empréstimo do Chelsea que ao saber do enorme valor deste miúdo assinou de imediato contrato com ele. Muita presença física, muita maturidade e elegância nas suas acções, é intratável na sua zona de acção. Excelente nas estiradas, forte na forma como sai dos postes, seguro em cruzamentos e bolas mais complicadas. Sem dúvida um sucessor possível de Petr Cech nos londrinos.


Prospecção Internacional (Avançados) - Kris Boyd


Kris Boyd (Rangers)
Idade: 26 anos
Peso: 83kg
Altura: 186cm
Nacionalidade: Escocês

Histórico: 13, 19, 14, 27 e 20. Em cinco épocas, é este o registo de golos do actual melhor goleador do campeonato escocês na sua liga. É certo que na Escócia, e devido ao facto dos dois "grandes" serem demasiadamente superiores a todos os outros, exista maior propensão de golos dos seus avançados. Contudo, Boyd mostra mais do que isso. Presença na área, batalhador, exímio jogador de zona de finalização, onde aparece com muita frieza e inteligência para facturar. Ambidestro, forte de cabeça, potente e agressivo nas suas acções, está aqui um caso sério de golos caso alguém decida apostar nele a um nível mais alto. E já se falou em Ingleses e Turcos...


O que é feito de... (Maxi Lopez)


Corria o início do ano de 2005, fazia tinta nos jornais a possível contratação do Benfica de duas grandes promessas do futebol argentino. Chegou-se mesmo a falar na certeza e no contrato assinado entre todas as partes. Falo de Lisandro Lopez e Maxi Lopez. O Super Maxi como então vinha rotulado na altura, nunca chegou a vestir de encarnado, tal como, aliás, o primeiro.

O Barcelona, então à procura de um ponta-de-lança, avançou para a contratação da nova coqueluche argentina que nunca revelou o potencial que dele era esperado. Um dos seus maiores feitos em Barcelona, acaba por ser um golo numa eliminatória contra o Chelsea, que colocava os blaugrana na discussão (e vantagem) na eliminatória.

Longe de pensar que está terminado para o futebol (25 anos), a verdade é que é um dos tais casos que com maior poder de decidir o correcto para a sua carreira, poderia estar já a um nível bem mais vantajoso do que está actualmente. Soma clubes, depois de sair do River e de uma passagem fugaz por Barcelona, com empréstimo ao Maiorca, esteve duas épocas na Rússia, transferindo-se para o Grémio de Porto Alegre, de onde saiu actualmente para o Catánia de Itália.

Oportunidade para relançar a carreira... ou mais um movimento de franchising que tem, de forma frequente, repetido ao longo da sua carreira de profissional. A ver vamos se escreve história de outra forma.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O fim do Sporting Clube de Portugal



Não há volta a dar ou, pelo menos, se a há, alguém insiste em escondê-la ou a ameaçá-la numa grave crise de adiamento. O Sporting é um clube à deriva, sem rei nem roque, muito menos um líder ou alguém que consiga colocar ordem na casa.

As verdades essas têm sido escamoteadas ao longo dos tempos, e sempre levaram a más reacções de quem tem de tomar decisões. Eu, que observo de fora, aponto 100% de responsabilidades do fracasso desportivo - e não só - do Sporting esta temporada ao seu presidente Bettencourt.

Tudo começa mal na definição da época. Depois de ganhar as eleições e ter todo um conjunto de opções e, acima de tudo, tempo, para escolher estratégias, a que mais lhe interessou a dada altura foi garantir a sua remuneração enquanto presidente "profissional", e dizer a Paulo Bento que confia a 100% em si e que, para tal, não são precisos reforços.

Os resultados começam a aparecer, tal como esperado, mas numa óptica contrária: as derrotas. Paulo Bento não aguenta mais, como bom treinador e profissional que é, pede a demissão. Bettencourt faz um drama, as paredes de Alvalade depois das pinturas enchem-se de lágrimas (de quem?) segundo ele, e mais do que tudo, vaticina um futuro negro, para alguém que tem a responsabilidade perante os sócios de o transformar em sucesso, com uma frase que o sucinta enquanto presidente: "Se agora só 90% ficarão com saudades de Paulo Bento, daqui a uns meses serão 100% com certeza".

Que tipo de trabalho ou de perspectivas poderia ter e esperar o sucessor do ex-técnico do Sporting? Falha Villas Boas por 250 mil euros. O Sporting tinha de fazer o esforço. Não pode apontar uma solução primordial num momento tão delicado e virar-lhe a cara por míseros, sim, míseros (tendo em conta o que ganha o presidente "profissional") 250 mil euros. Escolhe-se então uma alternativa a 6 meses, tal como assinado no contrato. Carvalhal vem como primeira opção segundo o presidente. Então mas não foi comunicado à CMVM a existência de negociações com a Académica? Afinal quem manda, ou que conhecimento de gestão do clube da parte do presidente existe, em Alvalade?

Começa-se então a comprar ao desbarato. Para um clube com inegáveis problemas financeiras, foi uma lufada de ar fresco o dinheiro que a Câmara Municipal de Lisboa disponibilizou para a construção do pavilhão. Não sei de que forma está uma coisa ligada à outra, mas foram gastos 11 milhões de € num mês de Janeiro onde a Liga Europa é uma incógnita, o Campeonato está arrumado, restando a Taça e a Taça da Liga. O Sporting foi o clube europeu que mais gastou na reabertura do mercado. Mostra os problemas estruturais e de preparação do Mercado de Verão, mostra a falta de uma linha orientadora, mostra uma falta de critérios e poder negocial. 7 milhões por Pongolle, um jogador com inegável qualidade mas há muito inconstante e sem rendimento? Na actual conjuntura?

Chega então a hora de gerir o plantel. Izmailov, quanto a mim, o melhor jogador do Sporting, é alvo de uma proposta do Lokomotiv por 6 milhões de €. O Sporting, qual clube na mó de cima, rejeita e, quanto a mim, bem. Segue-se uma série de 7 vitórias consecutivas (com exibições paupérrimas e adversários de divisões inferiores), e um conflito - ao soco - entre o director desportivo (mas que não tem a tutela das contratações, pois essa é da responsabilidade do "presidente" e do "team manager") e o segundo melhor jogador do plantel, Liedson. Ganha o jogador. Alguém já viu este filme em qualquer outro local? Eu não.

O Sporting começa a cair. Qual presidente "profissional", qual quê, abandona o barco e vai de férias para o Brasil. Eu disse férias, e não trabalho de scouting, pois esse também trás para o Sporting Mexer, uma jovem promessa mas que interessa por a rodar mais uma época, segundo os dirigentes, e afinal, acaba por ficar. O presidente deixa Carvalhal sozinho (Repararam o número de vezes - quase nulas - que para explicar a conjuntura do Sporting se toca no seu nome) e acontece o inevitável. O Sporting é afastado de todas as competições.

Imagine-se qual espanto, aceita hoje uma proposta, os mesmos 6 milhões, por Izmailov. Ou seja, há um mês não se queria vender, hoje aceitou-se fazê-lo. Quem tomou ambas as decisões? Com que perspectivas, com que finalidades?

Segundo se diz por essa imprensa fora, quem manda actualmente em Alvalade são as claques. Elas é que tomam o poder. Eu não quereria chegar a tanto. Afinal continuam a sair do clube os seus baluartes (Sá Pinto), e acho que qualquer que fossem as suas decisões, mesmo que más, seriam melhores do que isto, isto que acontece actualmente com o Sporting. Algo não bate certo e com um passivo tão grande, uma gestão e uma onda de ridicularização total perante a história centenária de um clube que se auto-intitula grande em Portugal, o melhor não seria fechar as portas e começar tudo outra vez?

José Eduardo Bettencourt (JEB) – Estou, sou eu…

Paulo Bento (PB) – Porque me estás a ligar de número privado?

JEB – Como não me tens respondido às mensagens tive medo que não me atendesses por já estares farto de mim.

PB – Claro que atendo. Não respondi às mensagens porque já está tudo explicado, não há mais nada a dizer.

JEB – Tenho saudades tuas…

PB – Não comeces com essa conversa outra vez. Não tarda encontras alguém e esqueces-me, vais ver. Há tantos treinadores por aí. E muitos são melhores do que eu e merecem um presidente como tu.

JEB – Isso não é verdade, eu não quero mais ninguém, eu sei o que quero. Porquê procurar mais?

PB – Sabes bem que já não estava a dar, as coisas já não eram as mesmas, os sentimentos mudam. Foi muito tempo, já estávamos a adiar o que sabíamos ser inevitável.

JEB – Não é verdade! Nós podíamos continuar a ser felizes, eu ainda te quero muito…

PB – Zé, o problema não és tu , sou eu. Eu é que estava a mais, eu é que deixei as coisas chegar a este ponto e devia já ter terminado há mais tempo. Tu mereces tudo de bom e ser feliz com um treinador que te mereça. Resta-nos as recordações dos bons momentos.

JEB – Diz-me a verdade tu encontraste alguém? É o Pinto da Costa não é? Foram os cretinos dos terroristas que te ameaçaram contra mim? Diz-me, eu prefiro saber?

PB – Não encontrei ninguém. Juro. Há momentos que me apetece estar sozinho e este é um desses momentos. Prefiro estar uns tempos sozinho não tem a ver contigo, eu sou assim.

JEB – Juras? Juras pelos golos do Liedson?

PB – Juro. Juro como jurei que o André Marques vai ser um excelente defesa esquerdo.

JEB – Estás a ver como não é verdade!

PB – Pronto, juro pelos golos do Liedson.

JEB – Não estás a dizer isso só porque já não és nosso treinador?

PB- Não… Mas agora tens que dar um tempo, não podes estar a ligar-me e a enviar mensagens todos os dias. Sai de casa, combina coisas com os teus amigos, vai jantar fora, conhecer pessoas novas.

JEB – Eu vou tentar…prometo. Mas está a ser tão difícil…Adeus.

PB - Adeus.

JEB – Paulo?

PB – Siiiiiimmmm….

JEB – Forever?

PB – desligou.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Prospecção Internacional (Extremos) - Cárdenas


Fernando Cárdenas (Once Caldas)
Idade: 21 anos
Peso: 65kg
Altura: 168cm
Nacionalidade: Colombiano

Muita atenção. Contratado esta época pelo Once Caldas, está a mostrar muita qualidade. Extremo puro, fantasista, muito forte tecnicamente, capacidade de drible e penetração. Revela objectividade e criatividade. Poderá estar aqui um produto interessante do futebol colombiano. Vamos ver como vai evoluir nesta Libertadores.

Prospecção Internacional (Extremos) - Toloza


Rodrigo Toloza (U. Católica)
Idade: 25 anos
Peso: 72kg
Altura: 179cm
Nacionalidade: Chileno

Uma eliminatória de loucos entre a Universidade Católica do Chile e o Colón da Argentina, com direito a combate em campo (ultimamente, a juntar aos jogos do Peñarol, só vejo jogos estrangeiros a acabar em confusão) à boa moda sul americana. 5-5 no conjunto das duas mãos com vantagem nas grandes penalidades para os chilenos. Destacou-se o seu extremo esquerdo, Toloza. Gostei do que vi. Jogador de corredor lateral, culto e inteligente na ocupação do seu espaço e na forma como procura espaço interior, dotado de um bom pé esquerdo quer em cruzamento quer quando procura o remate (e fá-lo muitas vezes), requer uma avaliação mais atenta. A ver vamos...


Prospecção Internacional (Avançados) - Boselli


Mauro Boselli (Estudiantes)
Idade: 24 anos
Peso: 75kg
Altura: 183cm
Nacionalidade: Argentino

Há pouco tempo escrevi que o top3 de avançados recém aparecidos a jogar na sempre apetecível montra argentina, para além de Boghossian e Franco Jara, era constituído, também, por Mauro Boselli. Formado no Boca Juniores, vi-o jogar pela primeira vez quando estava desejoso de voltar a ver Verón e o perfume que coloca no seu futebol. Acompanhei-o na Libertadores do ano passado (onde ganhou o troféu de melhor marcador com 8 tentos), em algumas partidas do campeonato argentino e no mais recente Mundial de clubes. Jogador muito disponível em termos físicos, é um avançado de área, muito trabalhador e sacrificado. Não é muito forte tecnicamente, não é virtuoso nem veloz, consegue sim conjugar muito bem o seu papel de trabalhador insaciável com o de goleador nato de fino recorte - faz golos de todas as formas e feitios. Muito forte na procura de espaços e na inteligência no último terço, é muito eficaz e produtivo na hora de finalizar. Um "touro" de área pelo trabalho, no "rato" de área pela eficácia. Está aqui uma opção muito interessante para a Europa.

É Carvalhal, ninguém leva a mal!



Procurando decifrar:

Barbas - Dias Ferreira? (Aqui é que encaixava bem a expressão "terrorista")
Gordos - João Gobern?
Shreks - Rui Oliveira e Costa?

(Ao ponto que isto chegou... estão a bater no fundo...)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Prospecção Internacional (Extremos) - "Nacho" Scocco


Ignacio Scocco (AEK Atenas)
Idade: 24 anos
Peso: 71kg
Altura: 176cm
Nacionalidade: Argentino

Tem sido um dos jogadores em maior evidência e destaque nesta temporada sob o ponto de vista da maturação do seu futebol face ao potencial reconhecido. Nacho Scocco joga no AEK de Atenas e é actualmente o melhor marcador da equipa na liga helénica. Jogador de corredores laterais num 4-3-3 ou de apoio próximo a um ponta-de-lança, vagabundo pela frente de ataque, é um jogador extremamente venenoso nos movimentos interiores e na capacidade que tem, em penetração, de poder resolver um lance em golo.

Muito prático e eficaz nos seus processos, deu um salto qualitativo muito grande em relação àquilo que era o seu futebol nos anos transactos. É veloz, muito produtivo no último terço, dotado de uma excelente técnica individual e capacidade de finalização, formado no Newell's (uma grande escola) vamos ver até onde pode chegar.


domingo, 7 de fevereiro de 2010

O Benfica com e sem Ramires


Já aqui escrevi muitas vezes que Saviola é, neste Benfica, o jogador mais eficaz e decisivo no processo ofensivo e na definição dos momentos e métodos com que a equipa define a sua fase ofensiva.

Contudo, neste Benfica, há outro jogador que mexe com toda a estrutura na forma como joga e permite aos seus colegas jogarem. Acho que já ficou bem patente, e nem é pelo facto de hoje (vs. Vit. Setúbal) não ter sido titular, que o Benfica demolidor sob o ponto de vista da pressão e ocupação de espaços com bloco subido e a eliminar consecutivamente as zonas de transição do adversário, precisa de ter Ramires, e precisa que o queniano esteja ao seu nível em termos físicos para haver o Benfica capaz de vencer a qualquer equipa.

Ramires dentro dos processos de jogo do Benfica, desempenha funções essenciais quer na fase defensiva, quer na fase ofensiva. A forma como preenche os espaços e permite os equilíbrios defensivos, a quantidade de bolas que ganha ainda os adversários estão a procurar fazer uma transição correcta respeitando a sua filosofia ofensiva, a forma como deambula entre linhas e joga em penetração com constantes apoios quer em ligação com a subida do seu lateral (Maxi) quer com os movimentos entre-linhas de Saviola e, sobretudo, a necessidade de Aimar o ter a seu lado para conseguir progredir em espaços curtos e no jogo do (como um grande amigo diz) "toca e foge", fazem dele, neste Benfica, um jogador essencial para as águias conseguirem potenciar os seus processos de jogo.

Di Maria é um jogador de verticalidade e de corredor, de um para um, mas sem a inteligência táctica e a qualidade de discernimento para pautar seja o que for e Javi, também aqui, cresce muito com Ramires em campo, pois ganha metros em pressão e que lhe permitem sair mais de posição no tipo de jogo que ele gosta (antecipação e permitindo à linha defensiva subir).

Não acho que seja preocupante o empate em Setúbal, na perspectiva do adepto, mas sim preocupante o facto da equipa estar a cair fisicamente e a falta de "fogo" de alguns dos seus jogadores essenciais. Claro que tudo isto é subjectivo e estariam os adeptos a festejar se a barra tem sido amiga na bola de Cardozo, mas a verdade é que me lembro de no início da época bater na tecla do "ainda vamos pagar as goleadas com a queda física" e mais recentemente "estarmos a cair fisicamente".

Parece-me uma situação que se pode contornar, até porque o Benfica tem um plantel vasto e de qualidade para suprir qualquer ausência. Não sou a favor de piques de forma colectivos, pois eles não existem, na minha opinião, mas sim dos piques de forma em termos individuais. E o facto de um jogador estar bem no jogo, e no momento temporal pouco serve se a equipa em que está inserido não conseguir ligar os seus processos e obter resultados. E a situação inversa vai de encontro à mesma conclusão. Um jogador a baixar de rendimento e sem a qualidade que em outras alturas apresentou, caso a equipa colectivamente consiga resultados, isso vai ser disfarçado e mais tarde ou mais cedo regressará aos seus dias.

E neste Benfica, há casos de jogadores que nesta altura se encontram num momento de forma um pouco mais nivelado por baixo em comparação com aquilo que vinham fazendo. E falo em termos físicos e de dinâmicas e intensidades que se reflectem em todas as suas acções individuais. E são casos disso jogadores como o Maxi Pereira, o Javi Garcia, o Cardozo e o próprio cabeça de cartaz deste texto, o Ramires.

Isto não invalida que nos próximos jogos, o Benfica demolidor regresse. E tem de regressar, para não comprometer as suas hipóteses esta temporada.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Prospecção Nacional (Extremos) - André Carvalhas


André Carvalhas (Fátima)
Idade: 20 anos
Peso: 64kg
Altura: 167cm
Nacionalidade: Português

O facto da razão pela qual o futebol é composto por momentos, está espelhada neste jogador. André Carvalhas era enquanto Junior o mais aclamado jogador das camadas jovens do Benfica e por quem os adeptos suspiravam. De tal forma, que antes de assinar contrato profissional com o Benfica e na altura em que o FC Porto lhe fez uma proposta de contrato, muitas vozes se levantaram para a exigência do clube assegurar uma das suas principais jóias da coroa.

André Carvalhas assinou pelas águias, finalizou um percurso de nove épocas ligado à formação do Benfica e deu o salto para o futebol profissional para uma experiência inequivocamente errada em Vila do Conde, onde nunca teve real oportunidade. A ida para Olhão, numa equipa já feita e em grande momento, adiaram a sua aparição a nível Sénior que está a dar agora os primeiros passos em Fátima.

Ainda sem o brilho e a exponencial de talento que revelou enquanto jovem, que o fizeram ser o jogador mais internacional da sua geração e cabeça de cartaz de qualquer equipa do Benfica e campeonato das categorias onde estava envolvido, Carvalhas tem jogado como titular e somado minutos, jogando descaído na ala esquerda do 4-3-3 que o Fátima usa.

André Carvalhas é um jogador de características muito difíceis de encontrar, pode jogar como 10, segundo avançado ou nos corredores. É veloz, muito intenso no que faz e com excelente qualidade técnica... poder de drible, capacidade de recepção, passe, acerto na finalização e uma perícia com ambos os pés fora do comum.

Aos 20 anos, não estará certamente acabado para o futebol. Há jogadores que para dar o salto necessitam de mais algum tempo de rodagem ou pelas suas características morfológicas ou de jogo despontam mais tarde (e em outros casos de forma prematura) em relação ao esperado. Acredito que este jogador ainda vai dar muito que falar, como aliás sempre assim esperei.


Os derbys


Em semana de antevisão ao derby, note-se, as pessoas começam a ficar ansiosas, mexidas, impacientes... Tudo se vai compondo e ultimam-se os preparativos para assistir à festa maior que o futebol pode oferecer. A génese do desporto rei surge da emotividade, das rivalidades, da querença e da paixão... assim nasceu o futebol no Mundo.

E um derby, traz tudo isso. Os jogos são emotivos, cheios de picardias e tudo o que envolve um jogo de grandes dimensões. Os próprios jogadores não são imunes a tamanha onda de expectativa e esperança em relação aos derbys. Que o diga Adrien Silva, médio do Sporting, que no dia de ir ao Dragão jogar contra o FC Porto para os Quartos-de-Final da Taça de Portugal, faz manchete num jornal com "Vamos ganhar ao Benfica!", quando ainda faltam três jogos até o derby entre águias e leões. Não admira portanto que tenha saído ainda no decorrer da primeira parte e o resultado final seja de 5-2 a favor dos azuis e brancos...

Adoro derbys. É uma sensação indescritível. Lembro-me de assistir ao meu primeiro ao vivo em Alvalade, num 2-1 a favor do Benfica, com três golos do mesmo jogador... adivinham quem? Depois disso vi mais, outros mais, mas houve um que me marcou, o do 0-1, golo do Sabry. Foi uma noite fantástica, já nada podíamos ganhar, mas demos uma prova cabal de benfiquismo e de que ninguém festejaria às nossas custas. Foi algo de espectacular, ainda por cima feito pelo meu jogador preferido da altura. Uma loucura!

Hoje colocarei alguns vídeos dos derbys mais marcantes dos últimos anos. Alguns vídeos são sobejamente conhecidos, outros trouxe para avivar a memória, e outros para adoçar o apetite...

Época 1993/1994, Sporting 3-6 Benfica





Época 1998/1999, Sporting 1-2 Benfica




Época 1999/2000, Sporting 0-1 Benfica




Época 2002/2003, Sporting 0-2 Benfica




Época 1988/1989, Sporting 0-2 Benfica




Época 1990/1991, Sporting 0-2 Benfica




Época 1997/1998, Sporting 1-4 Benfica




Época 2003/2004, Sporting 0-1 Benfica



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Prospecção Internacional (Médios) - Semir Stilic


Semir Stilic (Lech Poznán)
Idade: 22 anos
Peso: 72kg
Altura: 185cm
Nacionalidade: Bósnio

O "Filipe F" relembrou-me a memória sobre este jogador. Ao assistir aos jogos do Lewandowski e a ficar extremamente surpreendido com a qualidade que sempre apresentou, não deixei de reparar no estratega de todo o futebol ofensivo do Lech. Chama-se Stilic, é um 10 disfarçado de 8 pelas características de puro organizador de jogo.

Grande pé esquerdo, extremamente dotado nos passes de rotura e na zona de decisão (marca muitos golos), também de bola parada e em situações de um para um demonstra excelente qualidade técnica. É um jogador que quando vi me fez lembrar David Simão, ambos sem a dinâmica e intensidade para a rigidez e exigência do futebol actual, mas com uma fantasia incrível no pé esquerdo. Para não perder de vista.


Prospecção Internacional (Médios) - Leroy Fer


Leroy Fer (Feyenoord)
Idade: 20 anos
Peso: 79kg
Altura: 188cm
Nacionalidade: Holandês

A equipa do Feyenoord apresenta alguns dos maiores talentos holandeses da nova geração. São os casos de Wijnaldum, Biseswar, Bruins (irei falar dos dois últimos em breve) e Leroy Fer, o jogador de que hoje escreverei algumas linhas.

Comecei a ver mais atentamente os jogos do Feyenoord por culpa de Wijnaldum e de tudo o que falavam dele. Surpreendi-me, contudo, pela grande valia de um médio até algo desengonçado em alguns movimentos mas muito certo e eficaz em todos os seus processos. Forte na ocupação de espaços e na leitura de jogo, é como um íman direccionado para a bola, carregando a equipa em progressão pela enorme envergadura física (altura, força, resistência) e grande capacidade de trabalho. Aliando isso a um pé esquerdo venenoso nos passes de rotura e talento na zona de decisão, está aqui um nome para seguir com muita atenção.


Prospecção Internacional (Extremos) - Wijnaldum


Georginio Wijnaldum (Feyenoord)
Idade: 19 anos
Peso: 68kg
Altura: 172cm
Nacionalidade: Holandês

A já extremamente consagrada escola holandesa tem nomes muito interessantes para o futuro. Wijnaldum surge no topo da lista e promete espalhar classe por essa Europa fora nos anos que aí se seguem. Jogador de corredor lateral, tanto direito ou esquerdo, é um extremo moderno de características muito interessantes.

Sabe ocupar bem o espaço lateral e fazer venenosas diagonais para o centro mas também consegue dar largura e profundidade ao flanco. É extremamente veloz e apresenta um nível de objectividade interessante no seu jogo, sobretudo muito forte em progressão e penetração fazendo uso da sua excelente capacidade técnica e de drible. Parece-me um jogador para, em breve, subir degraus na carreira.