sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A gestão na óptica de Jesus


Preocupados com a má exibição e o resultado em Berlim? Preocupados com a má exibição contra o Belenenses? Extasiados de alegria com a goleada em Alvalade? Digam-me o que diferenciou esses jogos em termos exibicionais. Em termos de rendimento. Em termos de eficiência. Em termos de atitude. Eu respondo, nada. Apenas uma coisa, os números.

O Benfica esta temporada atravessou um período de um domínio e de uma superioridade avassaladora em relação aos demais. Isso deveu-se a vários factores. À capacidade física da equipa de Jorge Jesus, claramente com os seus jogadores num pique de forma tremendo. Ao brilhantismo que as suas principais unidades apresentavam. À atitude e ambição dos jogadores. À naturalidade com que as coisas lhe saiam, empurradas por uma massa adepta entusiasta.

Contudo, as goleadas, fruto de uma zona de pressão muito subida e de uma condição física extraordinária que o permitia, são já uma miragem. Eu estou a dizer isto a alguns amigos desde Novembro: O Benfica vai "pagar", de certa forma, as goleadas. E já o está a fazer. O Benfica é hoje uma equipa muito mais madura sob o ponto de vista das suas acções e momentos de jogo.

É utópico pensar que o Benfica em reconstrução iria manter a toada do início do ano. Há jogadores em quebra, outros que já quebraram e estão novamente a recuperar os índices físicos mais altos, outros que daqui por algumas semanas estarão no topo do seu rendimento. Tudo isto se chama gestão e o Benfica tem um plantel grande e com qualidade para suprir certas situações.

Desengane-se quem pensar que isto é uma fase e as goleadas e exibições majestosas irão regressar. É errado, o Benfica já não volta ao início de época. Vai manter esta toada de equipa adulta, madura, conhecedora dos seus processos e princípios e que será eficaz o suficiente para tirar partido das suas qualidades resolvendo jogos.

Os benfiquistas não podem exigir uma coisa que é impossível de manter: rendimento estabilizado no topo. Em alta competição, numa altura de jogos de 3 em 3 dias, tal situação torna-se impossível. O Benfica tem de gerir e saber os caminhos que pisa. Exceptuando a Taça de Portugal que já nada há a fazer, todas as outras competições estão ao alcance dos encarnados. Jogue Cardozo ou Kardec. Aimar ou Menezes. Quim ou Júlio César. Javi ou Airton.

As cartas estão lançadas e o grupo vai saber responder nas alturas devidas. Preocupante? Isso seria se nesta altura estivessem os encarnados a perder pontos. E não, continua-se em primeiro. Continua-se eficaz e produtivo. Com Jesus e com aquele plantel caminharão certamente até ao fim os verdadeiros, porque as goleadas já se foram. Meio a zero, é o lema daqui para a frente. Vale três pontos... o suficiente!

2 comentários:

  1. Muito importante este artigo, André, mas deixa-me fazer uma ressalva: Jesus não soube, desde o início da época explorar as potencialidades do plantel, porque para Jesus há um onze base e mais dois ou três que jogam. Como se pode dar tão poucos minutos a Nuno Gomes, Miguel Vítor, Amorim, etc. Está a pagar a factura, vendo as claras quebras de Ramires, Saviola (gritante!), Javi e Aimar.

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