quinta-feira, 24 de abril de 2014

Beckenbauer, fala quem sabe



«A posse de bola de nada serve se o adversário consegue criar tantas ocasiões de golo. Devemos dar-nos por satisfeitos por só termos sofrido um golo».

Não é que esteja de acordo que se fale assim da equipa neste momento. A protecção ao treinador deve ser total de qualquer figura de um clube. No entanto, não posso estar mais de acordo com a ideia do Kaiser.

Já por aqui referi várias vezes que é um crime ensinar isto aos miúdos. Sobretudo porque os prepara para um contexto que não será possível realizar na maioria dos contextos, ou seja, é estar a prepará-los para o insucesso porque um modelo tão exigente de variados pontos de vista só é possível quando se é claramente melhor que os outros a nível individual.

E quando essa capacidade não surge e há tão pouco espaço para se jogar, acontece o que se passou hoje. Um Bayern totalmente fora daquilo que são as suas capacidades e uma equipa totalmente padronizada num tipo de futebol completamente contrário às ideias do seu treinador.

Lançamentos longos para a área? Cruzamentos atrás de cruzamentos à procura de superioridades do avançado ao 2º poste no futebol aéreo? 

Será isto que os novos teóricos do futebol têm nos seus apontamentos como o certo e o errado sobre o jogo?

Sou a favor da adaptabilidade e do facto do Bayern encontrar forma de potenciar aquilo que tem de melhor. E isso é o jogo aéreo do seu avançado Mandzukic. A criação de espaço para Robben decidir em situações de 1x1. A capacidade de Muller estar entre-linhas e acelerar jogo. Um futebol rápido e de intensidade do seu sector ofensivo. Mas nada disto se vê actualmente porque a própria equipa parece estar a entrar em choque com as ideias do treinador.

Do 8 ao 80, ou o extremo, que conseguimos encontrar no futebol que Guardiola mete as suas equipas a jogar, está longe de ser modelo certo e universal para o futebol. O segredo do jogo está na eficácia e na capacidade de criar mais momentos de finalização do que a equipa adversária.

O Real não tendo bola, jogando quase sempre em organização defensiva e em transição ofensiva, conseguiu criar mais oportunidades de golo e situações de finalização que o Bayern que passou o jogo entre passes à entrada da área adversária e cruzamentos ao 2º poste, não encontrando outro tipo de solução para os problemas que lhe eram criados.

Será o controle do jogo através da posse a forma mais segura de se ser superior em jogo? Retirando liberdade de processos aos seus principais jogadores de forma a padronizá-los num jogo que não estão habituados ou simplesmente projectados para tal?

Sem comentários:

Enviar um comentário