quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O potencial tremendo dos Meninos da Vila e cia.


O novo Brasil estreou-se esta madrugada frente aos Estados Unidos e venceu o teste por 2-0. Mano Menezes, aposta de recurso, ou não, entrou com o pé direito à frente do escrete e venceu sem margem para dúvidas.

Os Estados Unidos foram presa fácil ao longo de todo o encontro, parecendo-me uma equipa totalmente desfasada da alta roda competitiva a que qualquer equipa que chegue aos oitavos-de-final de um recente Mundial deveria apresentar.

Ainda assim, o destaque da noite vai para o potencial tremendo dos brasileiros, sobretudo a apontar baterias para a próxima década de grandes competições internacionais ao nível de selecções. O destaque vai para a terceira geração dos meninos da vila, com o capitão da segunda, incógnita constante pela irregularidade, mas para quem gosta do estilo, fundamental em qualquer sistema. Falo de Robinho.

O mais velho em campo (27 anos), lidera uma equipa de meninos com imenso talento. O Brasil dispôs-se num 4-1-2-3, com triângulo invertido a meio-campo, com muita mobilidade. O típico futebol canarinho, de toque curto e imprevisibilidade, muito assente no princípio fundamental da posse de bola e circulação.

É um regalo ver Paulo Henrique Ganso, o futuro grande médio centro mundial dos próximos dez anos. Não é uma questão de jogar muito bonito e por vezes pouco eficiente, mas a forma como trata a bola, como joga no espaço curto e, sobretudo, como dá dimensão ao sentido pensar-decidir-executar, juntando a forma como executa e dá início rapidamente ao seu processo seguinte (movimentação), fazem-me acreditar que está aqui um dos melhores do Mundo para os próximos anos.

Neymar está a crescer a olhos vistos. Começa a perceber cada vez mais a eficiência e objectividade que tem de dar ao seu futebol. Velocidade de ponta com e sem bola, muito virtuoso, dono da bola, assume aos 18 anos sem receio ir para cima de qualquer adversário, tendo especial apetite pelo golo. Que talento.

Alexandre Pato até nem é surpresa, não foi ao Mundial, mas promete continuar a crescer e a afirmar-se. Tecnicamente muito dotado, frio e eficaz na hora de decidir, muito talento. Apenas 20 anos.

Lucas Leiva (23 anos), sob o ponto de vista dos equilíbrios que este sistema tem de ter, assumiu com Ramires (23 anos) um papel de critério e qualidade importante no primeiro toque em transição, fundamental também pelos apoios exteriores dos jogadores dos corredores laterais, nomeadamente André Santos (27 anos) e Daniel Alves (27 anos).

A forma como este Brasil procura o seu primeiro elemento de transição constantemente no corredor lateral a partir de um movimento de ruptura de um lateral, abrindo espaço no flanco oposto, e tendo jogadores capazes de decidir rápido na zona de construção explorando esses espaços com elementos muito fortes no drible e na criatividade, não deixam dúvidas quanto ao potencial deste novo Brasil, se a filosofia se mantiver. É que faltam 4 anos para a Copa 2014 e faz todo o sentido escolher o lote base e trabalhar-se sobre ele com o sentido de o fazer crescer conjuntamente.

Está aí a nova vaga de talentos dos próximos cabeças de série a nível Mundial: Ganso (Brasil - 20 anos), Neymar (Brasil - 18 anos), Ozil (Alemanha - 21 anos), Thomas Muller (Alemanha - 20 anos), Sergio Canales (Espanha - 19 anos) e Dani Pacheco (Espanha - 19 anos).

3 comentários:

  1. Gostei muito do texto. Ontem só vi uma parte do jogo e fiquei com muito boa impressão deste "novo" Brasil. Esperemos que seja um estilo para manter.

    Deixo só 2 questões:
    1. O Ganso tem bases de futsal (jogou dos 7 aos 15). Para um médio não será fundamental ter essas bases (passe, recepção, jogo em espaços curtos e movimentação com e sem bola) ?

    2. Não consideras o Chicharito Hernandez (Man Utd) um dos jogadores da nova vaga?

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  2. Boas Luis.

    Em relação ao Ganso, eu concordo com a tua leitura. Acho, aliás, fundamental para qualquer jogador do futuro, encontrar nas bases do futsal muito do sumo das suas acções. Correm, os médios, num risco grande: é a necessidade que têm de esticar o seu jogo e jogar em espaços maiores, como se irão adaptar... Fundamentalmente o Ganso faz a diferença pela forma como joga e o porquê de o fazer... joga com os pés mas sobretudo com a cabeça.

    O Chicarito falei dele na secção de prospecção o ano passado, sempre me chamou a atenção e gostei muito do que vi inicialmente. Os meus últimos nomes eram sobretudo visando a perspectiva de nos próximos anos haverem 3 colossos, e todos os outros: Brasil, Espanha e Alemanha.

    Um abraço

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  3. Boas! Não sei se será o caminho desejado para este post ( que está muito bom ), mas já que o tema foi lançado pelo Luis Santos ..

    No futebol jovem, escolas e infantis jogam futebol 7, sendo que a passagem para o futebol 11 é muitas vezes feita ainda nos infantis.

    Tendo em conta todos os estudos já feitos, conseguirmos ter uma federação com coragem para colocar :

    Pré escolas - Futebol 5
    Escolas e Infantis de 1º ano - Futebol 7
    Infantis de 2º ano e 1º ano de iniciados - Futebol 9
    Iniciados de 2º ano e em diante - Futebol 11

    ( ou um modelo parecido )

    Teria todas as vantagens, não só permitiria uma adaptação gradual ao futebol 11 e adequada as características da idade, como iria trazer também tudo o que de bom tem os jogos reduzidos, ainda mais nas idades onde o potêncial de evolução é maior.

    Ps: Hoje passei parte da tarde a "ler-te", mais uma vez... parabéns!

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