domingo, 31 de janeiro de 2010

Prospecção Internacional (Extremos) - Bryan Ruiz


Bryan Ruiz (Twente)
Idade: 24 anos
Peso: 70kg
Altura: 186cm
Nacionalidade: Costa Riquenho

De promessa adiada a uma confirmação inequívoca do seu talento. Ruiz apareceu este ano, finalmente, a potenciar todo o seu futebol e a mostrar que a Holanda é muito curta para tanta qualidade. Esquerdino, pode actuar em ambas as faixas do ataque ou numa zona mais central, sendo um autêntico quebra-cabeças para as defesas contrárias.

O jogador natural da Costa Rica e num dos clubes que melhor talento jovem forma na Europa, Ruiz é fantástico sob o ponto de vista da penetração e drible curto, aparecendo com enorme qualidade em zonas de finalização. É o segundo melhor marcador da Liga Holandesa com 14 golos marcados... o que para um jogador de corredor lateral, é elucidativo de todo o seu talento.

Relembrando...


Actualizando os nomes que aqui vou abordando na minha secção de observação e prospecção, para se situarem da sua condição e sucesso ou não que irão ter, em 2009 falei em... e agora estão em:

Wanderson do GAIS da Suécia, transferiu-se para o Feyenoord da Holanda.
Alex Teixeira do Vasco da Gama, transferiu-se para o Shakthar Donetsk da Ucrânia.
Aleksic do Vojvodina da Sérvia, transferiu-se para o Génova de Itália.
Milan Jeremic do Zemun da Sérvia, transferiu-se para o Estrela Vermelha da Sérvia.
Seferovic do Grasshopers da Suiça, transferiu-se para a Fiorentina de Itália.
Lodeiro do Nacional do Uruguai, transferiu-se para o Ajax da Holanda.

Franco Jara, de mecânico em sublime poeta


A analogia não poderia ser mais correcta. São raros, muito raros até, os jogadores no futebol de hoje que conseguem juntar as características de guerreiros e trabalhadores sacrificados, a uma subtileza e qualidade técnica apenas ao alcance dos grandes artistas.

Quando há uns meses comecei a falar neste jogador e em Boghossian, que estão no top 3 de avançados da montra argentina, completando o lote Mauro Boselli que ainda ontem tive oportunidade de ver actuar frente a Franco Jara, estava já ciente que Portugal poderia ser um destino possível, até pela grande influência que os clubes nacionais têm nos dias de hoje no mercado sul americano.

O Arsenal de Sarandí tem tido nos últimos anos nomes interessantes ao nível da formação e Franco Jara surpreendeu meio Mundo no torneio de Toulon onde participou e tive oportunidade de o conhecer.

Desde logo me saltou à vista como poderia ser o avançado o jogador mais aguerrido e mais disponível para o pressing que a Argentina tinha. Depois comecei a constatar ser uma situação frequente nele. Corre kilómetros, é incessante na luta pela bola, os defesas com ele dificilmente terão sossego caso seja opção do treinador fazer uma pressão alta como o Benfica tão bem executa.

Jara com bola, é também algo muito raro de se encontrar. É um jogador culto, com expressão de avançado completo. Pode jogar sozinho na frente, ou no apoio a outro jogador mais fixo, jogando ele em movimentos de rotura a partir de espaços mais recuados. Dotado tecnicamente, utiliza ambos os pés em drible ou finalização, bom no passe e nos movimentos nas entre-linhas do adversário, é muito espontâneo e inteligente na hora de abordar o drible, a assistência ou a finalização.

É muito forte de cabeça e rápido na procura de espaços, também veloz em progressão e na forma como sabe segurar a bola e procurar que a equipa suba e lhe propicie um apoio mais próximo. Os últimos três grandes nomes que na minha opinião a Argentina deu para o futebol mundial como avançados chamam-se Carlitos Tevez, Sergio Aguero e Lisandro Lopez. Não esquecendo Higuain. Jara tem um pouco de Tevez na forma de abordar a pressão e a garra com que vai a todos os lances, denota a inteligência e mestria técnica de Aguero e a frieza e qualidade de movimentos de Lisandro.

Não tenho qualquer receio em dizer que Franco Jara se evoluir, se ganhar outra dimensão, pois o seu futebol é actualmente extremamente completo, se tiver espaço e com certeza que o terá, é um jogador que o Benfica poderá ver-se na eminência de efectuar muitos esforços para o segurar nas suas fileiras mais do que 3 ou 4 temporadas. Claramente um jogador para vingar e ser cabeça de cartaz. Eu aprovo, e muito, aliás, desde sempre quis ver o Benfica confirmar, como o fez hoje, à CMVM, esta contratação.

Recomendo este vídeo, para quem quiser perder (não é perca de tempo) 20 minutos a ver Jara.


sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Franco Jara para "rebentar", Kléber namoro antigo e um senhor dilema em Alvalade


Muito mais do que compreender certo tipo de negócios, como por exemplo o empréstimo de Rentería ao Braga pelo Porto (o terceiro classificado a emprestar e a reforçar o primeiro é algo que nunca vi) é importante olhar para o nível de preparação antecipado que o Benfica vem demonstrando esta época e que finalmente começa a dar os seus frutos.

O trabalho preparatório, de pré-época, até antes dela se começar a desenrolar, surge como 50% dos fundamentos necessários para a realização de uma época de qualidade, na minha opinião. Aliás, basta olhar para este simples exercício: Benfica com um Verão de tranquilidade, finalmente, e os resultados são estes. Um Braga estruturado e sem mudanças (equipa base), aí está. Porto e Sporting com "receio" de dar um abanão - necessário -, sobretudo pelas perdas dos primeiros e pela fraca qualidade dos segundos, vêm-se agora numa situação delicada de ter de despender grandes quantias, pois nenhum clube gosta de ver os seus melhores intérpretes sair a meio da época, e um Porto à deriva, que pelo que trarão Ruben Micael e Kléber ao jogo dos azuis a metodologia de jogo da equipa terá de ser naturalmente diferente, até o próprio sistema táctico, que se deverá fixar agora num possível 4-4-2 em Losango (é o que melhor potencia os jogadores) mas são formas e conteúdos completamente inatingíveis numa altura tão essencial da fase competitiva em que nos encontramos.

Conheço bem o Kléber e o Porto garantiu, sem sombra de dúvida, um grande jogador. No entanto, tenho algumas dúvidas. Elas prendem-se com o baixo ritmo de jogo a que está habituado e desenvolve o seu futebol. É certo que é um jogador mexido (a espaços), de desequilíbrios, um quebra-cabeças, jogador de corredor central para jogar no apoio ao avançado ou a municiá-lo, não tanto um 9, mas que vai ter de jogar na frente, ao lado de Falcão. São dois jogadores que se poderão complementar bem, mas estão longe de serem gémeos perfeitos ou, sobretudo, parceiros ideais. Neste Porto encaixava que nem uma luva um jogador ao estilo de Jankauskas. E parece-me má gestão de activos a forma como se desprendem de Farias, possivelmente, o jogador mais sub-aproveitado dos últimos anos em Portugal.


Quanto ao Sporting, a péssima gestão de Bettencourt conhece agora, finalmente, aqui e ali frutos positivos. Os mais cépticos questionam a origem do dinheiro, muitos falam no contrato com a Sagres, outros na dependência financeira que obtiveram com o empréstimo da câmara do dinheiro para o pavilhão que pode estar a ser usado neste mercado.

Para já, mais de 6 milhões de euros por Pongolle é uma brutidade. Gosto do jogador, tem talento, mas está longe de ser um jogador a valer tamanha franquia e até questiono se será um jogador assim tão superior a Yannick Djaló ou Liedson. Djaló é outro problema, não o acho mau jogador, mas adiante.

Pedro Mendes surge como alternativa a Ruben Micael e sem dúvida alguma um grande reforço. É um estratega, um jogador de espaços recuados na zona de construção, de critério e qualidade do passe. Hoje em dia, é um 6, num Losango pode ser um Interior. Como encaixará com Moutinho e Veloso? Parece-me lógica a medida do Sporting precavendo a saída de Veloso no final do ano.

E para o imediato? Como coabitarão Veloso e Mendes no mesmo espaço de terreno? É que Pedro Mendes até pelos seus ritmos e conhecimentos do jogo, procurará um espaço muitas vezes pisado pela batuta que Miguel Veloso gosta de por no jogo. Um caso para Carvalhal resolver, e vamos ver de que forma (Se isto não obrigará à fixação do 4-3-3).



A Bola Branca assegura hoje que Franco Jara é reforço do Benfica. Já aqui tive oportunidade de falar nele e nesta altura parece-me, de longe, o jogador mais forte que o Benfica ou qualquer outro clube em Portugal poderia fechar para a frente de ataque. Eu quando vejo Jara actuar continuo à procura de défices no seu jogo. Não encontro pontos fracos. É um jogador demasiado completo para a idade, penso ter tudo para fazer uma grande carreira de águia ao peito.

Para o Benfica, que parece que terá uma debandada de nomes fortes no final do ano, o futuro começa a ser visível. Só gostaria que o colega de equipa de Jara, Ivan Marcone, tivesse a possibilidade de seguir viagem com ele. O Benfica ganharia um jogador para 10 anos ao mais alto nível.

Manuel Fernandes, o melhor do Mundo


O título não é sugestivo, eu aceito, muito menos condizente com a realidade, também é verdade, mas Manuel Fernandes, no dia que quiser ser o melhor do Mundo na sua posição, vai sê-lo. Desde sempre fui um grande admirador das suas qualidades e a sua última passagem por Inglaterra potenciou por completo o seu futebol.

Ninguém fica indiferente à forma como um ainda Junior chega aos Séniores do Benfica e marca um golo da vitória no habitualmente difícil Adelino Ribeiro Novo. Um médio todo o terreno, que Camacho muito quis trabalhar, ganhou expressão no Benfica mas tem demonstrado uma falta de tanta coisa exterior ao seu futebol, que ficaríamos aqui o resto do dia a enumerar...

Manuel Fernandes pouco fez em termos de gestão da sua carreira, tomou quase sempre as opções erradas e a forma como forçou, duplamente, as suas saídas do Benfica, espelham a forma como muitos se perdem e passam ao lado de grandes carreiras. Até pela idade dele, estou em crer que ainda vai a tempo. Mas só dele depende.

A sua passagem pelo Inter espera-se que não seja efémera. Espera-se também que não seja mais um Pelé (ex-Vit. Guimarães) e seja realmente Manuel Fernandes. Ambos têm em comum o facto de terem realizado a sua formação no Benfica e opções de carreira pouco felizes que andam a adiar a sua explosão. E dois jogadores tão semelhantes...



Manuel Fernandes, como médio, considero-o um jogador excepcional. Jogador da posição 8, Médio Interior, excelente no preenchimento de espaços, no capítulo técnico e da progressão, na facilidade de recuperação de bolas, e na meia distância. Perde fora do campo, na pouca inteligência que tem demonstrado em gerir a sua carreira e falta de humildade em momentos chave.

No dia que Manuel Fernandes tiver um treinador que o chame à Terra e lhe faça crer que ou muda radicalmente de comportamento, ou passará ao lado de uma grande carreira, ao nível dos predestinados como realmente sempre ambicionou, ele será o Melhor do Mundo. O também best of the World José Mourinho, reza a lenda, não terá muita paciência para indefinições deste tipo. Gosta de jogadores feitos, de homens de carácter e responsabilidade.

Manuel Fernandes no Inter terá o desafio mais decisivo da sua carreira. Não só em termos de personalidade, como em termos de seguimento futuro da sua vida profissional. A forma como vai ser encarado, "apenas mais um", ou neste caso, o "tal", o último, em nada é condizente com a personalidade e ambição do jogador português, que gosta de assumir riscos e ser cabeça de cartaz.

Estou em crer que esta será a sua derradeira oportunidade. Uma de se tornar um jogador de equipa, um homem realmente, um senhor jogador, e deixar o rótulo de eterna promessa, e outra na forma como pode ou não singrar numa das mais fortes equipas do Mundo. O tapete é curto, pois Manuel Fernandes é "reserva" e apenas para o Calcio. Já não pode actuar na Europa, e será sempre um recurso, ainda para mais entrado já no fim de Janeiro.

Como sempre, e ainda mais neste caso, tudo está nas suas mãos. Finalizando, digo: Um dia espero contar a história de um jogador formado no Benfica que tomou muitas opções erradas e se restabeleceu e tornou-se o melhor do Mundo naquilo que fazia. Contudo, a história encarregou-se, ao longo dos tempos, de mostrar um role de nomes e nomes nas mesmas condições e que invariavelmente passaram ao lado de grandes carreiras. Será Manuel Fernandes a escrever a sua história. Não perca os próximos capítulos.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O outro lado do futebol: Factor JM


O futebol é feito do talento, da eficácia, da qualidade que este ou aquele jogador coloca no seu jogo. Há tantos craques a brilhar no relvado, dentro do rectângulo mágico, e outros tantos a brilhar fora dele. Antigamente era muito usual a expressão que "atrás de um grande homem, está sempre uma grande mulher", como suporte à sua vida profissional e à sua estabilidade em termos emocionais.

Podemos hoje em dia verificar que no futebol actual, muito jogado nos bastidores, a "mulher", "mãe", chama-se hoje em dia empresários e há um que supera todos os outros naquilo que faz. Se no relvado brilham o R9, CR7, ZZ10, fora dele, cada vez mais assume lugar e espaço, em analogia, JM... o mestre!

Quando em 1996 Jorge Mendes iniciou a sua carreira com a abertura da GESTIFUTE, estava longe de imaginar o tremendo sucesso e, sobretudo, influência que tem hoje em dia no futebol.

Vamos começar pelo princípio. Jorge Mendes, nesse mesmo ano de 96, colocou Costinha a treinar no Valência, em período experimental com o então modesto Villareal a interessar-se pelo médio português. Mendes recusou e colocou o atleta no Mónaco, contam os críticos, o seu primeiro grande parceiro de negócio. Ficou assim selada a sua primeira mexida no mercado.

A ascensão é vertiginosa. Entrou em choque com José Veiga, conta-se que lutou com ele em pleno aeroporto por um desentendimento face ao negócio com um jogador, era quase totalitário dos jogadores do FC Porto campeão europeu e vencedor da taça uefa, empresário preferido de Pinto da Costa em negócios, começou a gerir a carreira de José Mourinho e bateu, hoje em dia, todos os records possíveis e imagináveis.

Mais do que qualquer transferência milionária que efectua, destaca-se pela influencia que detém nos mais poderosos clubes do Mundo. É inegável a forma eficaz com que trabalha e com que o referenciam como o homem certo para definir estratégias. Há quem diga que assiste a reuniões de colossos europeus com frequência na hora de definirem alvos de mercado.

E não é para menos. Cristiano Ronaldo bateu todos os marcos históricos e Mendes colocou a fasquia em 94 milhões. É justo que assim se diga, foi Jorge Mendes quem meteu a barreira em tão elevado número. Se não, vejamos.

Consegue algo único em Portugal. Nani e Anderson custam ao Man Utd quase 60 milhões de euros, Jorge Mendes mediou a transferência. Costinha, Maniche e Derlei ultrapassaram os 30 milhões de euros para o Dinamo de Moscovo e Jorge Mendes esteve presente. Ricardo Quaresma foi para o Inter por mais de 20 milhões e Jorge Mendes esteve presente. Simão abandonou o Benfica por 25 milhões e Jorge Mendes mediou o negócio. Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira e Deco renderam quase 70 milhões de euros ao Porto e Jorge Mendes fechou os negócios. Mais tarde, Danny chega por 30 milhões ao Zenit e adivinhe-se... o homem dos grandes negócios, Jorge Mendes está lá.

Os números dos lucros da empresa que gere são inimagináveis. Alguns dizem que ele nem consulta os extractos. Mas, o que mais impressiona em tudo isto, é a forma como catapulta carreiras. Dificilmente se compreendem alguns negócios, e vamos apontar nomes.

Alípio, jovem promessa do Rio Ave, transfere-se para o Real Madrid, batendo record de valor pago em Portugal por um juvenil. Fábio Faria, agora a despontar no Rio Ave, transfere-se para o Benfica por 2 milhões de euros, quando o clube da Luz encontra imensas soluções internas. Fábio Paim, que não joga em Paços de Ferreira, subitamente transfere-se para o Chelsea de Scolari. Hilário muda-se para Londres, Chelsea, saindo do Nacional da Madeira. Manuel Fernandes, sem jogar no Valência, transfere-se hoje para o Inter de Milão. Pelé, dispensado do Benfica nos escalões de formação, chega ao Inter de Mourinho. Sem espaço no Porto, acaba no Portsmouth (um entreposto de jogadores, por onde também passou Manuel Fernandes). Manucho transfere-se do Petro de Luanda para o Man Utd, em transferência relâmpago.

Os feitos negociais são sobejamente conhecidos mas mais incrível se torna a forma como alguns nomes desproporcionais em termos qualitativos à realidade dos clubes que os contratam, chegam ao topo do futebol europeu pela mão do empresário lisboeta. Hoje em dia, chega-se à conclusão, ter talento não sobra.

Quantos e quantos são os miúdos que com 13 ou 14 anos já pertencem ao empresário x e y, que muitas vezes os faz andar a saltitar de clube para clube. É que, nem todos são Jorges Mendes. Muitos só querem o jogador se lhe render lucro. E assim se perdem muitos e bons jogadores.

Sou defensor que a FIFA e a UEFA deveriam por limite a este tipo de situações. Os mais velhos, dizem que os empresários estragaram o mundo do futebol. São eles hoje que mediam tudo, fazem transferências, negoceiam jogadores, escolhem plantéis, catapultam carreiras, fazem aparecer ou desaparecer talentos emergentes. Mas claro, será que a FIFA e a UEFA também não lucram com tudo isto?

Um fenómeno que devia merecer outra atenção da parte dos clubes, sobretudo ao nível da formação. Os jovens candidatos a futebolistas de topo devem ser alertados para os factores positivos e negativos que os empresários oferecem. É que nem tudo são rosas. E a forma descontrolada como o "polvo" das negociatas se mexe em tudo o que é futebol, vem estragar o que de genuíno, natural e belo tem o jogo. Vamos ver, até quando...

Balboa, um case study


O tormento de Javier Balboa no Benfica parece ter, finalmente, chegado ao fim. Os jornais desportivos acabam de noticiar o seu empréstimo ao Cartagena, um clube da 2ª Liga Espanhola que procura neste mercado bons reforços para atacar a luta pela subida de divisão (encontra-se no terceiro lugar).

Os adeptos do Benfica rejubilam com esta transferência, pois lá se livraram de mais um. Alguns pontos em relação a isto. 1- Balboa não se ofereceu para vir para o Benfica. 2- Balboa custou 4 milhões de euros. 3- Balboa é pago a peso de ouro. 4- Balboa entrou em 15 jogos, perfazendo pouco mais de 20 minutos por jogo. 5- Balboa foi aguentado apenas um ano e poucos meses mais no clube, custando o que custou.

Alguns assobiam para o lado e apontam as responsabilidades para o jogador, que de facto as tem, mas eu prefiro olhar para as coisas de outra forma. O Benfica contratou um treinador, Quique Flores, e deu-lhe plenos poderes (como está a dar a Jorge Jesus) para por e dispor de nomes e opções negociais.

Não me parece razoável e muito menos boa política. O Benfica tem de ter uma linha estruturada que precavem essas situações. Se um dos investimentos actuais e recentes é um Departamento de Prospecção para o futebol profissional, então porque um ano volvido as contratações de Binya, Halliche, Sepsi, Adu, Di Maria, Andrés Diaz, jogadores vindos na óptica do que se chama prospecção e trabalho de observação, se muda completamente a política e passam a ser os treinadores a ditar os recursos do clube e quem querem e não querem nos quadros?

Regressando ao assunto Balboa, é de facto confrangedor ver um jogador passar pela situação que o madrileno (com nacionalidade da Guiné Equatorial) passou em Lisboa. Desde aposta inegável, a barrado pelos seguranças do Estádio para ver um jogo da sua equipa, a reclamar salários em atraso, foi uma viagem extremamente rápida na vida de Balboa e certamente não guardou boas recordações desta nova experiência na sua carreira.

Não nos podemos esquecer que os jogadores não são mercadorias. E possivelmente Balboa não foi tratado da forma que um ser humano merece. Não o considero mau jogador. Acho que Balboa tem um problema muito grande para o futebol actual. Gosta pouco de trabalhar e é muito fraco a reagir às adversidades e momentos de maior pressão. Foi na tragédia grega frente ao Olympiakos, com o resultado já feito (goleada sofrida pelo Benfica) que quando entrou fez os seus melhores minutos de águia ao peito - sintomático.

É um jogador de flanco com bons recursos técnicos, não é mau tecnicamente, gosto do seu poder no drible e facilidade em ir à linha, muito veloz, falta-lhe claramente o psicológico e a vontade de triunfar, leia-se ambição, para ser alguém no futebol. Se algum dia o ganhar, poderá escrever uma história diferente na sua carreira. Caso contrário, irá manter esta triste e pálida imagem de si próprio.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Na rota da CAN: Gedo


Gedo (Ittihad)
Idade: 26 anos
Peso: 70kg
Altura: 178cm
Nacionalidade: Egípcio

Mohamed Gedo surge como uma das, se não mesmo a maior, surpresas da CAN. Chegou à selecção quase como um desconhecido para alguns dos principais jogadores do Egipto e cedo tem revelado todo o seu talento. Não é opção inicial de Shehata, muito por culpa da valia de Mohammed Zidan mas, Gedo, sempre que entrou, mostrou argumentos muito interessantes e lidera, actualmente, a lista de melhores marcadores da CAN com 3 golos.

Avançado de posição, pode jogar no apoio directo a outro jogador ou sozinho na frente, completando-se bem com outro elemento lado a lado. Jogador veloz, agressivo, muito interessante tecnicamente (ambidestro) e com boa frieza na finalização e na forma como aparece em espaços de decisão, parece-me, até pelos seus 26 anos e pelo trabalho táctico que o Egipto sempre oferece, um jogador totalmente preparado para o futebol europeu. A seguir.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Prospecção Nacional (Médios) - Insa Sagna


Insa Sagna (Estrela da Amadora)
Idade: 20 anos
Peso: 68kg
Altura: 176cm
Nacionalidade: Senegalês

Depois de alguns anos a acompanhar de forma muito próxima os campeonatos de formação em Portugal, e referindo-me ao escalão de Juniores, este jogador, também conhecido como Zazá foi, provavelmente, o melhor que vi extra-grandes e que mais preparado estaria para o futebol profissional no curto espaço de tempo (e aqui incluindo os grandes).

Zazá é um atleta nascido no Senegal mas que veio muito cedo para Portugal. Fez praticamente toda a formação no Belenenses e surpreendeu-me imenso nos jogos que vi dele. Jogador da posição 6, com grande qualidade de movimentos e preenchimento de espaços, sempre sobressaiu pela cultura evidenciada e talento na recuperação de bolas. Muito forte na forma como abordava os adversários e conseguia recuperar, igualmente talentoso na ocupação de território que faz de toda a sua área de jurisdição, assume-se como um número 6 de equipa grande, sem a qualidade de passe de outros, mas com o sentido posicional, a cultura, inteligência, dotado nas recuperações, para permitir mais liberdade aos jogadores mais criativos do meio-campo.

Está emprestado ao Estrela da Amadora, neste que é o seu primeiro ano como Sénior, onde começou a época como titular indiscutível mas actualmente pouco o tenho visto nas fichas de jogo (não sei se está lesionado). Com tempo, com espaço, com uma aposta séria e oportunidade, está aqui um grandíssimo jogador.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Prospecção Internacional (Guarda-Redes) - Ruffier


Stephane Ruffier (Mónaco)
Idade: 23 anos
Peso: 85kg
Altura: 188cm
Nacionalidade: Francês

Ao assistir ao já longínquo Marselha-Mónaco em que Ruffier conseguiu sair, praticamente, sozinho do Velódrome com o empate, que tenho procurado seguir com mais atenção a evolução deste jogador. Impressiona, primeiramente, pela segurança e liderança que os seus 23 anos trazem à baliza do Mónaco.

É um guarda-redes muito programado, parece até algo "desenhado" nos seus movimentos, mas com um grande sentido de baliza, excelentes reflexos e muita agilidade. É rápido nas mudanças de direcção e na forma segura e eficaz como sai dos postes a cruzamentos e bolas aéreas. Precisa melhorar o seu jogo de pés, mas está aqui um guarda-redes interessante para discutir com Hugo Lloris a titularidade da baliza francesa nos próximos anos.


Prospecção Nacional (Médios) - Lassana Camará


Lassana Camará (SL Benfica)
Idade: 18 anos
Peso: 63kg
Altura: 172cm
Nacionalidade: Português (nascido na Guiné)

Hoje desloquei-me ao Seixal para ver o derby de Juniores e, durante alguns instantes, tive a nostalgia de voltar a ver um jogador que tantas alegrias me deu e tanto abrilhanta os olhos de um amante do futebol. O verdadeiro Saná, que eu pensei estar adormecido, apareceu aos poucos, ainda sem o mesmo nível de brilhantismo, mas com rasgos do seu verdadeiro futebol.

Vi o Saná chegar ao Benfica com 15 anos e entrar como titular no meio-campo da equipa A então todo poderoso (Leandro Pimenta, David Simão e Vítor Pacheco) e impor-se como titular absoluto, num papel preponderante da ligação de sectores pela dimensão fantástica que tem o seu futebol ao nível do preenchimento de espaços.

Lassana é um jogador de grandes recursos técnicos, pode jogar como 8 ou 10, sendo que é mesmo no papel de box-to-box que melhor exponencia o seu talento. Jogador de espaços curtos, de grande qualidade a deambular com bola e na forma como vai ultrapassando adversários em progressão, denota grande cultura táctica e sentido posicional, devendo melhorar, contudo, a forma como alonga o seu jogo, sobretudo no passe longo e na forma como visa a baliza.

Apesar da sua baixa estatura é um jogador muito forte no contacto físico e na forma como trabalha e luta pela bola a meio-campo. Recupera muitas bolas e sabe sair a jogar. Grande talento, mas que se eclipsou e não teve a evolução esperada nestes últimos 18 meses. Vamos ver se regressa o génio...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Prospecção Internacional (Extremos) - Marcelinho


Marcelinho (São Paulo)
Idade: 17 anos
Peso: 66kg
Altura: 174cm
Nacionalidade: Brasileiro

Juntamente com Lucas Gaúcho, assume-se como a principal figura ofensiva dos tricolores no ataque à Copinha Junior de 2010. Marcelinho é um jogador muito virtuoso, com grande capacidade de drible e poder na penetração. Joga em qualquer uma das faixas ou no apoio mais próximo ao ponta-de-lança. Tenho gostado muito de o ver e estou curioso para seguir a sua evolução. Para rever já daqui a dois dias na Meia-Final contra a Juventude.

O Mercado - Job, Micael, Nelson Oliveira e Alan



Job, o Palanca Brasileiro

Fez ontem capa de Jornal, como possível reforço do Benfica. Ainda há cerca de duas semanas um amigo meu angolano me falou deste jogador. Depois de ver algo dele, cedo concluí que apesar da baixa estatura é, de facto, um grande portento técnico, muito forte em drible e na manutenção da posse de bola, mas um jogador que traduz exactamente aquilo que é o futebol de rua e o anarquismo táctico que no futebol europeu pouca expressão consegue.

Jogador de público e para o público, é daqueles que faz vibrar as bancadas pelos malabarismos e fintas infindáveis mas tem de melhorar muito enquanto jogador de níveis mais exigentes, sobretudo em termos de objectividade e eficiência do seu jogo. Por alguma razão o Manuel José pouco tempo lhe tem dado na CAN (20 e poucos minutos, entrou apenas no último jogo).

Contudo, é o que já disse. Se algum treinador estiver disposto a perder um ano, dois anos, seja o que for, com ele, a trabalhá-lo, a dar-lhe outros ritmos e dinâmicas, mais exigência táctica, está aqui um jogador muito interessante para ser aproveitado no futebol português. Mas, ainda é muito cedo, e logo para um clube como o Benfica... parece-me mais medida popular do que propriamente outra coisa.

O factor RM

O jogo do FC Porto esta época tem enfrentado problemas grandes sob o ponto de vista do último terço do terreno. São notórias as dificuldades dos azuis e brancos na fase decisiva da sua zona de construção, pois a perda de Lucho González veio abrir um caminho por vezes demasiado distante entre os jogadores do trio ofensivo e do resto da equipa.

O Porto este ano tem disfarçado, de certa forma, esse problema nas investidas de Raúl Meireles por terrenos que não são os seus, nos movimentos de ruptura de Hulk e, claro, quando Belluschi, e volto a dizer, não compreendo porque não é opção de caras neste onze de Jesualdo, joga e faz jogar, traduzindo o jogo ofensivo do Porto numa perspectiva bem mais orientada e qualitativa do seu processo ofensivo de organização ou transição.


Daí que Ruben Micael, até pela aposta de que é alvo, tem claramente um factor decisivo no resto da época do Porto e parece-me claramente o jogador mais indicado para a função e sem dúvida o melhor reforço que o Porto poderia ter neste mercado de inverno.

Pela capacidade de progressão com bola, pela forma como dá verticalidade ao seu jogo, pelos ritmos e dinâmicas que consegue imprimir no jogo, será certamente factor essencial na mudança de rumo dos azuis e brancos. Aquele que é até agora um jogo muito directo sempre à procura dos desequilíbrios de Falcão, Bruno Alves e, em último caso, Farías ou em rasgos de Varela, o Porto irá certamente ligar melhor os sectores e transmitir uma ideia mais coesa nos seus processos, o que lhe permitirá fazer um futebol mais curto, mais rápido, mais dinâmico e com elevados níveis de concretização. Parece-me contudo que com Ruben Micael o jogo ofensivo do Porto ficará menos dotado para as qualidades de Falcão. É uma previsão...

Não compensa o risco

Vem hoje no Jornal "A Bola" uma notícia que dá conta do empréstimo de Nélson Oliveira ao Rio Ave, avançado dos Juniores do Benfica. Depois de Yero e Abdoulaye no Porto para o Portimonense e Olhanense respectivamente, é a vez do Benfica se mexer e libertar aquela que é, na perspectiva geral, a próxima grande promessa a emergir do Caixa Futebol Campus.

Estou bastante céptico face a esta perspectiva. Por um lado, um dos problemas actuais do Nélson Oliveira é a dinâmica pouco intensa que produz no seu jogo. Realmente, só com um empréstimo, que deveria ter acontecido no início da época, é que terá outras exigências e jogará sob outros ritmos que o Nacional de Juniores claramente não lhe empresta.


Por outro lado, parece-me um erro claro este empréstimo. O Rio Ave está a fazer uma das melhores campanhas de sempre, tem um ataque consolidado, eficaz, e jogadores ofensivos a fazer, possivelmente, e em alguns casos, a sua melhor época desportiva. Sidnei joga na esquerda, está em grande ascensão e a mostrar bons apontamentos. João Tomás é o melhor marcador da equipa e faz golos, decisivos, é experiente, forte em todos os capítulos do jogo... há também Bruno Gama, o talentoso jogador portuense, muito forte a nível técnico e num dos princípios básicos do processo ofensivo, a penetração. Existem ainda dois jogadores que são chamados e correspondem frequentemente: Chidi e Fogaça. Foram ainda buscar dois miúdos sul americanos: O Felipe Alberto e o Parodi.

Agora eu pergunto, e sem questionar o facto do Nélson Oliveira exponenciar, actualmente, muito melhor as suas características na faixa esquerda do ataque, onde ele irá encaixar? Estarão a pensar os responsáveis encarnados demasiado acima? É que não se empresta um jogador a uma equipa que está bem, com os seus processos bem definidos e a dar frutos, com jogadores experientes e novas soluções à vista para entrar... já disse no outro dia: O Nélson Oliveira, por exemplo, para quem defendia o seu empréstimo ao Fátima, não me parece que fosse titular indiscutível. Iria discutir a titularidade com o André Carvalhas na esquerda porque ao trintão Nuno Sousa (E o Nélson se quiser ser jogador de top tem, SEMPRE, de ser trabalhado na posição 9) não lhe daria hipótese. E já que falámos em André Carvalhas... os responsáveis do Benfica não aprenderam nada?

"Alan é o melhor jogador da Liga"

Como tive oportunidade de dizer aqui na semana passada, para mim, Alan, do Braga, é o jogador mais valioso da Liga. Ontem ao ler a entrevista que Manuel Cajuda deu ao Jornal "A Bola" li que ele elogiou quase todos os jogadores mais falados do campeonato, mas partilha da mesma opinião: Alan é, de facto, ao serviço da equipa e da eficiência que produz aos seus processos, o grande jogador deste campeonato. Como disse também, eu, o mais valioso, porque o melhor é Saviola. E são coisas distintas.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Na rota da CAN: Pitroipa


Pitroipa (Hamburgo)
Idade: 23 anos
Peso: 56kg
Altura: 176cm
Nacionalidade: Burkinense

Surpreendeu-me nesta CAN o melhor jogador da equipa de Paulo Duarte, o Burkina Faso. Jogador de corredor lateral, tanto direito como esquerdo, está actualmente a jogar na Alemanha, onde de resto, tem feito grande parte da sua carreira. Talvez por isso mesmo apresente um futebol diferente dos seus colegas em termos de maturação. Rápido, explosivo no drible, muito perigoso em situações de contra-ataque em que a sua equipa joga em bloco baixo, tem-me parecido um jogador objectivo e muito incisivo sobre o último reduto do adversário. Para observar novamente.

Um plantel grande, ou um grande plantel?


Cada vez mais vou formulando uma ideia que finalmente começa a transparecer como um motivo de discussão correcto sob o ponto de vista daquilo que é a principal qualidade que um treinador tem de demonstrar: preparação. Um dos pontos fundamentais de uma boa preparação, que se faz normalmente antes do início dos trabalhos de campo, ou seja, na pré-época, prende-se com a necessidade que o treinador tem de escolher um plantel.

Já lá vai o tempo em que os clubes definiam a meta de 25 a 26 jogadores por temporada. No entanto, hoje em dia, ainda sou surpreendido com notícias que dão conta de 31 (!) jogadores num treino do FC Porto neste mês de Janeiro, ou na quantidade de jogadores que todos os dias estão à disposição de Jorge Jesus no Benfica: 32 jogadores.

São realmente números absurdos para aquela que é, na minha óptica, a forma mais correcta de se preparar uma equipa de futebol sénior. Hoje em dia, os espaços são curtos, a dimensão de futebol dos jogadores tem de ser cada vez mais forte sob o ponto de vista das dinâmicas e intensidades em reduzidos espaços de jogo, e os plantéis não devem fugir à regra.

Um treinador que tenha no seu plantel cerca de 21 ou 22 jogadores (o que lhe confere 2 atletas por posição) irá centrar o seu trabalho, primeiro do que tudo, em exercícios mais completos e mais exigentes nas dinâmicas e intensidades que lhes imprime pelo facto de, imaginando, num exercício de repetições, os jogadores estarem mais vezes em "treino" e o treinador possa estar mais atento e disponível para correcções ou atenções para com eles.

Torna-se, por outro lado, mais fácil a integração de jogadores jovens nos trabalhos. Não só nos treinos (o que é essencial para o seu desenvolvimento pois integram espaços mais fortes, que lhes conferem mais motivação e empenho sob as suas exigências) como também possivelmente em jogo, caso alguém falhe por lesão ou castigo.

É também bem mais fácil formar um grupo forte, unido e coeso se houverem poucos elementos e todos tiverem de demonstrar, naturalmente, um conhecimento maior entre si. 20 jogadores terão mais oportunidades de conviver juntos, criar laços entre si, do que 30 ou 32...

Também no compromisso que eles próprios traçam não só com eles, como com os treinadores, com os colegas, ou com o grupo. 22 jogadores é um número curto, onde a qualquer momento todos podem ser chamados a desempenhar qualquer função e isso garante-lhes não só maior motivação, como maior interesse e espírito de entre-ajuda entre todos.

Há também um outro factor que mais salta à vista. Devido ao reduzido número de jogadores, todos os integrantes terão naturalmente maiores oportunidades, logo maior competitividade e uma modelagem evolutiva muito maior, não só ao nível da metodologia do treino como em termos de ritmos e intensidades competitivas, estando sempre prontos a qualquer altura para desempenharem funções do interesse do grupo, com resultados mais positivos.

O melhor exemplo de tudo isto é o Barcelona de Guardiola, que tem no seu plantel, e antes de somar, escrever: Valdés e José Pinto; Dani Alves, Piqué, Marquéz, Puyol, Milito, Maxwell, Chygrynsky e Abidal; Xavi, Iniesta, Keita, Sergio e Touré; Ibrahimovic, Messi, Bojan, Henry e Pedro. Eu contei 20. Juntando os miúdos da cantera que aos poucos vão integrando os trabalhos: Jeffrén, Thiago Alcantara e Assulin, chegamos ao número de 23 jogadores, já contando, portanto, com os atletas que muitas vezes nem com o plantel principal trabalham.

É sem dúvida um óptimo exemplo. Guardiola quando lança um suplente, ele entra sempre com perspectivas de poder resolver. E é isso que não vemos nem no Benfica, nem no Porto, nem em Portugal de uma forma geral. Tudo bem que a qualidade é naturalmente diferente. Mas a diferença está exactamente na forma como se prepara psicologica e metodologicamente um jogador para uma competição, ou para um simples treino.

Uma questão para reflectir...

Prospecção Internacional (Médios) - Ramos


Ramos (Palmeiras)
Idade: 18 anos
Peso:
Altura:
Nacionalidade: Brasileiro

Está a dar os primeiros passos, não é figura mediática (e tanto procurei por uma foto sua) mas o seu talento está apenas ao alcance dos verdadeiros craques. Ramos é o camisa 10 da equipa do Palmeiras na Copinha de 2010 e está a mostrar pormenores dignos de um verdadeiro "dono da bola". Ramos assume-se como um 10, o verdadeiro cérebro da organização ofensiva da equipa, revelando grande maturidade na leitura de jogo e na forma como gere os ritmos da partida.

O seu pé esquerdo é extremamente dotado, forte no drible curto, no remate de longe e exímio lançador de ataques, com passes de ruptura muito venenosos. Foi, sem dúvida, um dos jogadores que mais me chamaram à atenção nos últimos tempos, ao ponto de um jogador da equipa principal do Palmeiras, Sacconi, ter vindo a público elogiar o seu rendimento: "Tenho visto alguns jogos e o Ramos tem muita qualidade. É importante dar chance à garotada!". Se evoluir sob o ponto de vista da dinâmica que imprime nos seus movimentos, terá tudo para brilhar ao mais alto nível.

Nesta Copinha, há 2 que, se o futuro futebolístico não sofrer contrapartidas e possibilidades inesperadas estarão, em breve, a brilhar no Brasileirão. Ele, e o grande craque, um Jardel, Lucas Gaúcho, que a cada jogo que passa, vai marcando mais golos, de todas as formas e feitios, e revelando todo o seu potencial.


A partir dos 3 minutos...

Prospecção Internacional (Extremos) - Nikão


Nikão (Santos)
Idade: 17 anos
Peso: 73kg
Altura: 174cm
Nacionalidade: Brasileiro

Reza a lenda que foi Pelé a recomendar Nikão à directoria do Santos para melhor o observarem. Assim foi. O jogador natural de Belo Horizonte chegou e cumpriu, sendo um dos principais destaques da equipa santista na Copinha Junior. Jogador de corredores laterais, destaca-se pela grande capacidade de explosão e progressão com bola em drible. É actualmente um dos jogadores mais promissores da formação de um clube que tantos craques já lançou e tantos aguardam por nova chamada para mostrarem o seu talento. Nikão pela maturidade que apresenta no seu jogo, até em termos físicos, parece-me que terá essa oportunidade num curto espaço de tempo.

Prospecção Internacional (Extremos) - Koutsianikoulis


Koutsianikoulis (PAOK)
Idade: 21 anos
Peso: 60kg
Altura: 168cm
Nacionalidade: Grego

Lembro-me de o ver jogar ainda como internacional jovem pelas selecções gregas. Ao observar o Paok - Asteras, notei uma evolução sustentada e sobretudo um acréscimo de objectividade que por vezes faltava ao seu jogo. É uma das principais esperanças helénicas para os próximos anos e tem, com Vieirinha, alternado a titularidade no clube de Fernando Santos. Koutsianikoulis é um jogador ambidestro, com qualidade de finta curta que se assemelha, e daí a comparação, a Messi, veloz e com bom sentido de baliza. Um nome a ter em conta...


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A eficiência e eficácia ao serviço do espectáculo


A beleza do futebol traduz-se nas fintas, nos rasgos, no brilho que os intervenientes trazem para o jogo. Sem dúvida. Numa versão mais adequada às necessidades actuais, não existe nada no mundo do futebol que substitua o significado de uma palavra: eficiência. Ela resume, no meio de tantas nuances que podem existir num jogo de futebol, as necessidades obrigatórias que qualquer jogador tem de trazer para dentro das quatro linhas: eficácia.

Acontece que, o mais difícil nos dias de hoje, é encontrar jogadores que dentro do seu rendimento totalmente virado para a equipa e para o sentido objectivo do jogo, conseguem inserir-se na raíz do espectáculo puro do futebol técnico e brilhante, realizando esses movimentos sem a exuberância dos grandes artistas, mas que encarnam o papel dos verdadeiros realizadores do mundo dos espectáculos que o futebol pode produzir.

A sua forma de estar em campo, a subtileza e inteligência de todos os movimentos, a dimensão qualidade-eficiência-eficácia que acrescentam em todos os momentos do seu jogo, faz deles jogadores indispensáveis para qualquer treinador direccionado para as vitórias e sentido qualitativo do jogo.

Existem na Liga Portuguesa dois jogadores que são o espelho de toda esta situação que me venho referindo.

Alan, jogador do Sporting de Braga assume-se, na minha opinião, como o jogador mais valioso a actuar em Portugal. Não pelos malabarismos - que não faz -, não pelo mediatismo - que não tem - e muito menos pelas capaz de revista que, nunca, produziu. Alan é o expoente máximo do extremo clássico com raízes modernas, capaz de perceber todos os movimentos inerentes à sua metodologia de jogo, conhecedor dos terrenos laterais de profundidade e verticalidade do seu futebol, mas que vem denotando ao longo dos anos uma grande evolução sob o ponto de vista do jogo interior, de espaços curtos, da progressão e ruptura de espaços.


Vem, de forma sustentada, num nível qualitativo extremamente interessante e, actualmente, parece-me a peça chave de todo o futebol do Braga. Não descurando a importância de Vandinho em toda a estrutura do bloco bracarense, ele sim, o grande definidor de ritmos e momentos do jogo da equipa do Minho, mas Alan surge como principal jogador na organização ofensiva da equipa, pela capacidade de criar desequilíbrios e dar à equipa diferentes formas de se posicionar em campo e esticar o jogo ofensivo, quer por profundidade e em consonância com o cada vez mais culto Paulo César, quer em movimentos interiores de um dois toques e eficiência na hora de fazer golos.

Quanto a mim, aos 30 anos, surge no auge da carreira que possivelmente conhece esta temporada o seu percurso de maior glória. Se em termos físicos, e porque é um jogador profissional e sem histórico de lesões ao longo da carreira, aparenta estar na sua plenitude, não serão os seus 30 anos que o impedirão de subir um patamar em termos qualitativos na sua carreira. Eu acredito ainda que o estigma idade tem de ser desvalorizado.

O outro exemplo mais do claro cabe no corpo de Javier Saviola. Como já tive oportunidade de dizer em várias circunstâncias, o argentino do Benfica aparece neste momento como o principal jogador de toda a manobra ofensiva do Benfica, pela inteligência e subtileza de todo o seu futebol. Arrisco-me a dizer que é o argentino que define a forma como o Benfica sai em ataque ou organiza o seu processo ofensivo.


A extrema inteligência para perceber todos os momentos do jogo e conseguir posicionar-se de forma muito importante nos espaços entre-linhas concedidos pelo adversário, arrastando zonas de pressão e abrindo espaços para os seus companheiros, ou com bola, denotando enorme capacidade de progressão com bola e de furar, na sua espectacular finta curta e capacidade técnica individual, aliando isso à forma como aparece em zonas de finalização nos espaços então "esquecidos" pelo adversário, constituem um dos melhores jogadores que já vi actuar neste campeonato.

E atenção que eu faço uma distinção. Javier Saviola o melhor. Alan o mais valioso. São situações diferentes. No entanto, e tenho a certeza que Domingos e Jesus partilham a mesma opinião do que eu, se um clube da dimensão do Braga tivesse a possibilidade de escolher um dos dois, a hipótese recairia em Alan. Ao tratar-se do Benfica, Saviola sem dúvida.

Isto porque a equipa bracarense que dá importância percentual à dimensão transição ofensiva e eficiência de processos ofensivos e aí, um jogador como Alan é completamente preponderante pelas facilidades e qualidades que oferece ao futebol da sua equipa.

Num futebol de ataque organizado, de ruptura de espaços, de finalização e inteligência em progressão e basculação, sem dúvida que Saviola surge como um dos jogadores mais magníficos do futebol mundial actualmente. Daí escolher-se Saviola.

Como é bonito este futebol que se mistura o brilhantismo das capacidades técnicas individuais com a qualidade de processos e talento sob o ponto de vista colectivo e inteligência táctica. Se todos fossem assim...

domingo, 17 de janeiro de 2010

Na rota da CAN: Gilberto


Gilberto (Petro Luanda)
Idade: 27 anos
Peso: 70kg
Altura: 176cm
Nacionalidade: Angolano

Manuel José sabia o que dizia. Quando referiu ser este um jogador que teria lugar em qualquer clube em Portugal, Gilberto sempre o provou e exponenciou totalmente o seu futebol nesta CAN. Jogador de linha, tem uma cultura táctica acima da média para jogador africano. Conhecedor de todos os momentos do jogo e com inequívoca frieza de movimentos europeia, tem a fantasia do mais belo futebol africano nos pés, revelando-se principal artista com bola nos pés, em progressão e em constantes movimentos de ruptura entre linhas do adversário.

Joga também bem colado ao corredor, como possível lateral esquerdo ou a fazer todo o corredor, mas é na posição 11 que mais se destaca. Está numa fase de maturação futebolística já avançada, o que faz dele, actualmente, um jogador feito. Sem dúvida um bom reforço para qualquer emblema de nível médio da Europa.

Na rota da CAN: Bougherra


Bougherra (Rangers)
Idade: 27 anos
Peso: 89kg
Altura: 189cm
Nacionalidade: Argelino

O patrão da defesa argelina surge nesta altura da sua carreira, provavelmente, no pique de qualidade máxima que irá ter como jogador de futebol. Defesa central de grande porte físico, destaca-se pela notável leitura e sentido de antecipação que oferece ao seu jogo. Gosta de sair com bola, em progressão, cai muito bem nos corredores para dobrar, mostra-se forte nas alturas e muito seguro de todos os seus movimentos. Já passou por Inglaterra (Charlton) e vive agora os seus melhores dias na Escócia. Selo de qualidade.

Na rota da CAN: Mabiná


Mabiná (Petro Luanda)
Idade: 22 anos
Peso: 73kg
Altura: 178cm
Nacionalidade: Angolano

Surpreendeu-me o "novo Zé Kalanga" de Angola. Mabiná, contudo, até pela idade e margem de progressão que apresenta, pode crescer bem mais como jogador do que o então estrela do público angolano. Mabiná cresce muito no seu futebol encostado ao flanco direito, onde lhe dá dimensão e profundidade. Denota uma grande capacidade de aceleração e velocidade com bola, destacando-se pela facilidade que tem em ir à linha e efectuar cruzamentos certeiros.

A seguir.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Prospecção Nacional (Defesas) - Kanu


Kanu (Beira-Mar)
Idade: 25 anos
Peso: 77kg
Altura: 188cm
Nacionalidade: Brasileiro

Nos jogos que tenho visto deste novo Beira-Mar de Leonardo Jardim, um treinador que na minha óptica vai chegar longe no futebol em Portugal, tem-se destacado, em todos os momentos, um jogador que, salvaguardando as distâncias, assume um pouco a cara de "Bruno Alves" de Aveiro. Kanu é o patrão da defesa do actual líder da Liga Vitalis em Portugal, joga de cabeça levantada, é muito forte nas disputas físicas, quer em marcação ou antecipação, praticamente intransponível nas alturas e, ainda, com relativa velocidade que lhe permite fazer dobras e posicionar-se sempre muito bem tacticamente.

Face aos problemas financeiros do clube aveirense e à boa época que estão a realizar, certamente que muitos serão os bons produtos a dar nas vistas para poderem dar o salto. Kanu parece-me um jogador totalmente conhecedor das dimensões do jogo e com qualidade para fazer boa carreira nos clubes médios-altos da Liga Sagres.


sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Porquê o 2-3-1 na formação?


Sou, desde sempre, defensor que o 2-3-1 é o sistema fundamental para os miúdos jogarem nos escalões de formação. Talvez por também ter jogado nele, quando pratiquei, sempre me acostumei a observar o 2-3-1 como o sistema mais equilibrado não só ao nível do preenchimento dos espaços e das dinâmicas de jogo no futebol 7, como essencialmente pelo desenvolvimento e experiências que os miúdos vão adquirir para o futebol de 11, que começa logo a fazer algumas selecções e a mostrar quem está, e quem não está, preparado para seguir o futebol de nível mais exigente.

Começando pelos 2 defesas, podemos chamar-lhes defesa direito e defesa esquerdo, defesa central direito e defesa central esquerdo. Só por este simples pormenor já faz um pouco da diferença. Um miúdo em 2-3-1, saber-se-à posicionar de forma correcta quer o adversário jogue com 1 ou 2 avançados, e irá aprender as nuances básicas da posição e imprimi-las em jogo. Tem de saber marcar, saber sair a jogar (será sempre a 1ª fase de transição), saber abordar o desarme, cair no corredor, bascular ao centro (caso o seu companheiro de sector descaia num dos lados) e dobrar exactamente o médio lateral de um dos lados.

Confesso que fico "doido" quando vejo equipas de 7 a jogarem com líberos, que os ensinamentos que esses miúdos têm ao longo do jogo é apenas fazer o desarme. Tudo bem a equipa ganha e tem uma linha defensiva intransponível. E o que acrescentará esse miúdo no escalão seguinte, com miúdos de outra faixa etária, mais desenvolvidos e com outra capacidade? E naturalmente aplicando a lei do fora de jogo e a incapacidade do miúdo para perceber todos os momentos do jogo...

Quanto aos 3 da linha do meio. Um na direita, outro na esquerda. Serão, muitas vezes, os primeiros elementos de construção, irão saber marcar, abordar o desarme, procurar o drible e superioridade numérica em desequilíbrios, irão aparecer sempre em zonas de finalização e criação. Saberão bascular dentro, e procurar roturas pelo flanco ou pelo corredor central. Tanto defensivamente como ofensivamente terão uma "formação" completa. O médio centro, de forma igual. Aprenderá a marcar ao homem ou à zona, saberá pegar no jogo desde trás e aparecer em finalização, combinar com os corredores e criar desequilibrios pelos corredores (central ou laterais)... vai-lhe permitir adquirir as experiências necessárias para desempenhar os papéis de 6, 8 ou 10 no futebol de 11.

O avançado não foge à regra do resto da equipa. Pode fazer o papel de jogador mais recuado, criador de espaços, tem de saber tabelar com os colegas, finalizar, estimular-lhe o sentido de pressionar na linha defensiva contrária, procurando saber aparecer entre linhas para jogar ofensivamente... no futuro poderá desempenhar qualquer posição ofensiva.

Esta é a minha visão sobre o melhor sistema a adoptar para a formação. Para além das vivências individuais e experiências adquiridas, os jogadores saberão desta forma encontrar dentro do 2-3-1 um conjunto de nuances ao nível da sua metodologia de jogo possíveis que se enquadrarão de forma perfeita no futebol de 11. Falo do passe de ruptura e espaço entre linhas entre médio centro e avançado ou médio ala, falo das combinações pelos corredores entre médio ala e defesa de um dos eixos com superioridade numérica na linha, falo de linhas de passe oferecidas pelo médio para virar jogo no lado contrário e o avançado fazer apoio próximo para arrastar o bloco defensivo contrário...

Formar, é muito mais do que apenas ganhar...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Prospecção Internacional (Avançados) - Costea


Florin Costea (U.Craiova)
Idade: 21 anos
Peso: 75kg
Altura: 186cm
Nacionalidade: Romeno

Costea vem adianto a promessa de dar o salto para um campeonato de maior expressão na Europa. A sua terra natal, Roménia, assim agradece. Jogador de ataque, capaz de jogar sobre um dos flancos em 4-3-3, ou no apoio a outro jogador com dois avançados, mexe-se por todo o campo, participa em todos os momentos da equipa, sempre com grande sentido de jogo colectivo. Ofensivamente assume-se, onde demonstra grande qualidade técnica e sentido de drible, com muita objectividade. Aparece muito bem a finalizar, com frieza. Leva actualmente 8 golos no campeonato romeno, tendo marcado nas edições anteriores 32 golos em 62 jogos. Especula-se na imprensa desportiva internacional que poderá transferir-se para o Wolfsburgo ou... FC Porto.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Os últimos 10 românticos, o fim de linha dos maestros

Quando Rui Costa e Zidane terminaram as suas carreiras, o fim de linha estava próximo. O futebol de hoje está diferente, e determinado tipo de jogadores encontra nuances diferentes no futebol de hoje que nada têm a ver com o de há uns anos atrás. Tenho a convicção que jogadores como Rui Costa e Zidane, teriam uma expressão menor se tivessem hoje, 2010, 18 ou 19 anos e a carreira de ambos estivesse a dar os primeiros passos.

As linhas estão cada vez mais próximas, o bloco é cada vez mais coeso e inteligente na pressão e, hoje em dia, é minha convicção, o 10 clássico, de vir buscar jogo atrás, de delinear lances a partir da retaguarda, deu lugar a dois tipos diferentes de jogador: o 6, que surge como primeiro elemento da zona de construção da equipa (que Redondo iniciou de forma esplêndida, e Pirlo assim o continua) ou um 10 moderno, um extremo fabricado de jogador de zona central, capaz de cair em espaços laterais e aparecer bem a finalizar.

No entanto, o estilo, a classe, a sobranceria de tanto talento, por vezes, é inquestionável nos jogadores que entram na elite dos 10 modernos. Foram sempre os mais virtuosos, desequilibradores, e apaixonados jogadores que vi jogar. Há muita gente que confunde técnica com finta. Estes eram os verdadeiros reis da técnica. Do passe, do toque de bola, da condução, das recepções orientadas, do passe longo e dos cruzamentos ou remates... técnica? É tudo isso, e não apenas o drible.

Hoje irei falar dos dois últimos jogadores no futebol Mundial desse estilo, por vezes algo "molengão", sem a expressividade e a estonteante velocidade de processos de outros, mas com uma classe e eficácia qualitativa, só ao nível dos predestinados.

Quem sabe, nunca esquece

E não faria mais sentido. Juan Sebástian Verón, percebeu cedo de mais que as suas características de jogo se adequavam de melhor forma a posições mais recuadas do terreno. Longe dos espaços de pressão mais altos, ele soube ser um 8 disfarçado de 10, com liberdade para definir acções e ritmos.



Nasceu para o futebol no Estudiantes de la Plata, saindo para o Boca onde fez 17 jogos, tendo permanecido no clube de Maradona apenas 6 meses. O seu futebol era vistoso e Itália foi a sua seguinte paixão, realizando duas épocas de grande regularidade na Sampdória. De lá acabou por fazer do Parma ponte para a Lázio, onde conheceu algum do seu maior sucesso a nível desportivo, dando nas vistas ao ponto de convencer Ferguson a realizar a sua contratação.

42 milhões de euros, isso mesmo, o que o United pagou à Lázio pelo talentoso argentino. Foram três anos de confirmação no Manchester, onde ganhou um título, e mostrou ao Mundo de forma mais clara toda a sua qualidade. Quando Abrahmovic, o excêntrico russo entrou para o Chelsea, "Seba" foi um dos seus maiores desejos, e acabou por se transferir para Londres, onde não convenceu José Mourinho a continuar com ele, tendo sido emprestado ao Inter.

Foram dois anos de brilhantismo em Itália, onde venceu com o Inter um campeonato, duas taças e duas supertaças. Verón, presença constante na selecção das pampas, entendeu, aos 30 anos, que o seu percurso na Europa estava terminado.

Regressou a casa, de onde nunca deveria ter saído, confessa tempos depois, para jogar no Estudiantes. Há o mito que os grandes jogadores regressam aos pequenos clubes onde se formaram para pendurar as botas e fazer a transição do futebol de alto nível para a reforma. Verón encarregou-se de provar o contrário.



Já levou o Estudiantes a uma final da Libertadores, sendo eleito há dois anos consecutivos, o futebolista sul americano (a jogar naquele continente) do ano. Actualmente, com 34 anos, recusou receber o salário monstruoso que sempre auferiu, dando esse dinheiro às camadas jovens do clube. Um exemplo a seguir!

Não me lembro de outro jogador naquela altura, que tenha movimentado tanto dinheiro na sua carreira por contratações. Seba jogou em 8 clubes, gerando-se à volta de si, só em transferências... 117 milhões de euros.



O mago dos momentos mágicos



Juan Roman Riquelme ou 10 romântico, quer dizer exactamente a mesma coisa. É o espelho de uma geração de grande qualidade que está a terminar. Jogador de personalidade forte, passou quase toda a vida no seu clube do coração, o Boca Juniores.

Foi de lá que se transferiu para o Barcelona, onde não foi feliz, mas encontrou concretização europeia no seu seguinte clube, que acabou por liderar e traduzir-lhe expressão completamente diferente. O Villarreal, com ele, encontrou um comandante que antes não tinha, tendo atingido as últimas rondas da Liga dos Campeões e elevado o estatuto de um clube modesto, que pertence a uma vila espanhola sem o número de habitantes suficientes para encher o Estádio do submarino amarelo, a níveis inimagináveis.

Riquelme ganhou tudo na Argentina a nível de clubes e de selecções jovens, onde de facto lhe auguraram sempre um futuro ao nível dos predestinados, ao nível, e o sucessor natural, de Maradona. Não o foi por não ter explanado ao mais alto nível e da melhor forma, todo o talento que tinha e que deixou, certa parte dele, no futebol de formação, mas o que tinha era inegavelmente do melhor que se viu na última década do futebol.



Um 10 com inegáveis recursos técnicos, usava e abusava da finta para se divertir em campo, onde ficarão para a história alguns dos dribles mais vistosos que alguém fez no Mundo do futebol. Ontem um jovem jogador perguntava-me qual era a melhor finta do Mundo, eu respondi-lhe que era a que iria dar golo, e Riquelme por vezes esquecia isso.

Sempre fez do futebol e do jogo um Mundo muito próprio, com os rasgos e o talento ao nível de quem realmente tem um dom, mas que com mais objectividade, teria catapultado a sua carreira para um patamar dos todos-poderosos da história do jogo.

Foi distinguido pelo jornal "El País" o melhor jogador do Mundo no ano que deixou o Boca para jogar no Barça. Actualmente está em casa desde 2007, quando entrou em litigio com Pellegrini no Vilareall, o actual treinador do Real Madrid, tendo recusado jogar na Selecção Argentina com Maradona, pois não gosta, e entrou em choque, com aquele que todos o apontaram ser, no meio de tantos, como o verdadeiro sucessor de Dieguito.



terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Prospecção Internacional (Avançados) - Jardel do Sado e Lewandowski

Henrique (Corinthians)
Idade: 22 anos
Peso: 79kg
Altura: 187cm
Nacionalidade: Brasileiro

Numa altura que tanto se fala no novo Jardel do Benfica, Alan Kardec, surge no Vitória de Setúbal um jogador com todas as credenciais para se assumir como mais um da linhagem de sucessores do lendário brasileiro em Portugal. Depois do Jardel de Coimbra (João Tomás), do novo Jardel da Luz (Kardec), eis que aparece Henrique, comparativamente a Kardec com números semelhantes (até jogava a um nível superior) e com todas as condições para abrilhantar em Portugal a sua carreira. Conheci-o do Guarani, é um jogador alto, muito forte na impulsão e no jogo aéreo. Sabe segurar, gosta de se virar e rematar, aparece muito bem na área. Sinceramente não esperava vê-lo pelos sadinos (não singrou no Timão), mas é aproveitar a sua estadia. Tem o seu melhor ano em 2008 com 7 jogos e 8 golos no Campeonato Paulista pelo Guarani. Estou ainda expectante para ver se o Tiago Luis (ex-Santos) se afirma definitivamente em Leiria.



Lewandowski (Lech Poznán)
Idade: 21 anos
Peso: 71kg
Altura: 183cm
Nacionalidade: Polaco

21 golos na segunda divisão, 16 na época de estreia na primeira e actualmente melhor marcador na nova época com 9 golos. 3 golos pela Selecção. É este o cartão de visita de uma das maiores promessas do futebol polaco. Lewandowski tem 2 golos na Uefa e 2 na Qualificação para o Mundial. Avançado, capaz de jogar na área ou em espaços mais dimensionais, destaca-se pela sua grande capacidade técnica e facilidade de adornar os lances em situações de grande objectividade e capacidade de resolução. Tem como principal característica a facilidade de remate, sempre seco e venenoso. Um jogador muito talentoso, que se espera que dê o salto em breve.