quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O outro lado do futebol: Factor JM


O futebol é feito do talento, da eficácia, da qualidade que este ou aquele jogador coloca no seu jogo. Há tantos craques a brilhar no relvado, dentro do rectângulo mágico, e outros tantos a brilhar fora dele. Antigamente era muito usual a expressão que "atrás de um grande homem, está sempre uma grande mulher", como suporte à sua vida profissional e à sua estabilidade em termos emocionais.

Podemos hoje em dia verificar que no futebol actual, muito jogado nos bastidores, a "mulher", "mãe", chama-se hoje em dia empresários e há um que supera todos os outros naquilo que faz. Se no relvado brilham o R9, CR7, ZZ10, fora dele, cada vez mais assume lugar e espaço, em analogia, JM... o mestre!

Quando em 1996 Jorge Mendes iniciou a sua carreira com a abertura da GESTIFUTE, estava longe de imaginar o tremendo sucesso e, sobretudo, influência que tem hoje em dia no futebol.

Vamos começar pelo princípio. Jorge Mendes, nesse mesmo ano de 96, colocou Costinha a treinar no Valência, em período experimental com o então modesto Villareal a interessar-se pelo médio português. Mendes recusou e colocou o atleta no Mónaco, contam os críticos, o seu primeiro grande parceiro de negócio. Ficou assim selada a sua primeira mexida no mercado.

A ascensão é vertiginosa. Entrou em choque com José Veiga, conta-se que lutou com ele em pleno aeroporto por um desentendimento face ao negócio com um jogador, era quase totalitário dos jogadores do FC Porto campeão europeu e vencedor da taça uefa, empresário preferido de Pinto da Costa em negócios, começou a gerir a carreira de José Mourinho e bateu, hoje em dia, todos os records possíveis e imagináveis.

Mais do que qualquer transferência milionária que efectua, destaca-se pela influencia que detém nos mais poderosos clubes do Mundo. É inegável a forma eficaz com que trabalha e com que o referenciam como o homem certo para definir estratégias. Há quem diga que assiste a reuniões de colossos europeus com frequência na hora de definirem alvos de mercado.

E não é para menos. Cristiano Ronaldo bateu todos os marcos históricos e Mendes colocou a fasquia em 94 milhões. É justo que assim se diga, foi Jorge Mendes quem meteu a barreira em tão elevado número. Se não, vejamos.

Consegue algo único em Portugal. Nani e Anderson custam ao Man Utd quase 60 milhões de euros, Jorge Mendes mediou a transferência. Costinha, Maniche e Derlei ultrapassaram os 30 milhões de euros para o Dinamo de Moscovo e Jorge Mendes esteve presente. Ricardo Quaresma foi para o Inter por mais de 20 milhões e Jorge Mendes esteve presente. Simão abandonou o Benfica por 25 milhões e Jorge Mendes mediou o negócio. Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira e Deco renderam quase 70 milhões de euros ao Porto e Jorge Mendes fechou os negócios. Mais tarde, Danny chega por 30 milhões ao Zenit e adivinhe-se... o homem dos grandes negócios, Jorge Mendes está lá.

Os números dos lucros da empresa que gere são inimagináveis. Alguns dizem que ele nem consulta os extractos. Mas, o que mais impressiona em tudo isto, é a forma como catapulta carreiras. Dificilmente se compreendem alguns negócios, e vamos apontar nomes.

Alípio, jovem promessa do Rio Ave, transfere-se para o Real Madrid, batendo record de valor pago em Portugal por um juvenil. Fábio Faria, agora a despontar no Rio Ave, transfere-se para o Benfica por 2 milhões de euros, quando o clube da Luz encontra imensas soluções internas. Fábio Paim, que não joga em Paços de Ferreira, subitamente transfere-se para o Chelsea de Scolari. Hilário muda-se para Londres, Chelsea, saindo do Nacional da Madeira. Manuel Fernandes, sem jogar no Valência, transfere-se hoje para o Inter de Milão. Pelé, dispensado do Benfica nos escalões de formação, chega ao Inter de Mourinho. Sem espaço no Porto, acaba no Portsmouth (um entreposto de jogadores, por onde também passou Manuel Fernandes). Manucho transfere-se do Petro de Luanda para o Man Utd, em transferência relâmpago.

Os feitos negociais são sobejamente conhecidos mas mais incrível se torna a forma como alguns nomes desproporcionais em termos qualitativos à realidade dos clubes que os contratam, chegam ao topo do futebol europeu pela mão do empresário lisboeta. Hoje em dia, chega-se à conclusão, ter talento não sobra.

Quantos e quantos são os miúdos que com 13 ou 14 anos já pertencem ao empresário x e y, que muitas vezes os faz andar a saltitar de clube para clube. É que, nem todos são Jorges Mendes. Muitos só querem o jogador se lhe render lucro. E assim se perdem muitos e bons jogadores.

Sou defensor que a FIFA e a UEFA deveriam por limite a este tipo de situações. Os mais velhos, dizem que os empresários estragaram o mundo do futebol. São eles hoje que mediam tudo, fazem transferências, negoceiam jogadores, escolhem plantéis, catapultam carreiras, fazem aparecer ou desaparecer talentos emergentes. Mas claro, será que a FIFA e a UEFA também não lucram com tudo isto?

Um fenómeno que devia merecer outra atenção da parte dos clubes, sobretudo ao nível da formação. Os jovens candidatos a futebolistas de topo devem ser alertados para os factores positivos e negativos que os empresários oferecem. É que nem tudo são rosas. E a forma descontrolada como o "polvo" das negociatas se mexe em tudo o que é futebol, vem estragar o que de genuíno, natural e belo tem o jogo. Vamos ver, até quando...

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