Quando lia um treinador na semana passada referir-se a vários jogadores como craques apenas do pescoço para baixo e isso os fez passar ao lado de grandes carreiras, recordo-me das imensas vezes que o futebol de Carlos Martins se torna inconsequente pela sua incapacidade de perceber que não se trata de um Zidane do pescoço para baixo, e que tem de o esquecer do pescoço para cima para ser o Carlos, o Carlos Martins, capaz de deixar o outro Carlos, o Queiróz, a fazer muitas contas e com bastantes dores do pescoço para cima para tentar explicar como não apostou neste Carlos... o Martins!
A ascenção da carreira de Carlos Martins dá-se com a sua passagem pelo Huelva e pelo aparecimento de Jorge Jesus na sua carreira. É difícil de compreender alguns jogadores com adornos excessivos e pensamentos incorrectos das suas acções de jogo, que comprometem toda a sua qualidade individual, capaz de empregar bem mais ao jogo colectivo das suas equipas. Carlos Martins é um desses casos.
Arrisco-me a dizer tratar-se de um médio de ligação, de decisão (embora em espaços mais recuados, de construção e exploração dessas zonas em vez da zona de decisão e finalização propriamente dita) de top europeu. Digo-o sem reservas, pois é dos mais fortes nesses espaços, pela inteligência e qualidade de processos, pela irreverência e sentido de agressividade e empenho no seu jogo.
Contudo, não o é, actualmente, de forma clara, até porque nem no Benfica assume estatuto de titular indiscutível, por alguma irregularidade que ainda apresenta, fruto de uma inconsequência por vezes gritante da sua excessiva confiança e desleixos - momentâneos - que apresenta nas suas acções.
É preciso saber lidar com a sua personalidade, com o seu estilo, com a sua imagem. Não tem nada a ver com outro médio português que já aqui falei, também enorme do pescoço para baixo, mas que tarda em dar o salto, e que pode já ser tarde. Falo de Manuel Fernandes. Martins e Fernandes, dois excluídos do Mundial, claramente dos melhores médios portugueses da actualidade, preteridos por jogadores certos, eficazes, trabalhadores e regulares, sem muito do seu talento: Raul Meireles, Ruben Amorim, Pedro Mendes... só para dar alguns exemplos.
Carlos Martins é capaz de carregar a decisão de um jogo às costas, capaz de a colocar na bancada, ou no fundo das redes, também na sala de troféus. É um jogador com um dom natural, por vezes, demasiado desaproveitado para tanto talento que tem. Até porque um dia, pressionado, ou não, pelas circunstâncias, Rui Costa garantiu ser ele o seu sucessor natural.
Talvez Martins apareça como o expoente máximo da nova vaga dos 10 do futebol actual, com o Benfica a ter nos seus quadros dois jogadores capazes de encarnar na perfeição as distâncias entre o romantismo do passado e a tremenda exigência do futuro no que à posição 10 diz respeito: Aimar, o fim dos 10 românticos, e Martins, a nova vaga dos poderosos preenchedores de espaços nas zonas de construção/decisão.
Se Martins continuar a crescer sob o ponto de vista físico e da agressividade e potência da sua condição atlética, aliando a excelente qualidade técnica, de passe e visão de jogo, também muito forte em progressão e no espaço curto, pode ainda dar muitas alegrias na batuta da construção de um futebol ofensivo de primeira água deste Benfica.
A ascenção da carreira de Carlos Martins dá-se com a sua passagem pelo Huelva e pelo aparecimento de Jorge Jesus na sua carreira. É difícil de compreender alguns jogadores com adornos excessivos e pensamentos incorrectos das suas acções de jogo, que comprometem toda a sua qualidade individual, capaz de empregar bem mais ao jogo colectivo das suas equipas. Carlos Martins é um desses casos.
Arrisco-me a dizer tratar-se de um médio de ligação, de decisão (embora em espaços mais recuados, de construção e exploração dessas zonas em vez da zona de decisão e finalização propriamente dita) de top europeu. Digo-o sem reservas, pois é dos mais fortes nesses espaços, pela inteligência e qualidade de processos, pela irreverência e sentido de agressividade e empenho no seu jogo.
Contudo, não o é, actualmente, de forma clara, até porque nem no Benfica assume estatuto de titular indiscutível, por alguma irregularidade que ainda apresenta, fruto de uma inconsequência por vezes gritante da sua excessiva confiança e desleixos - momentâneos - que apresenta nas suas acções.
É preciso saber lidar com a sua personalidade, com o seu estilo, com a sua imagem. Não tem nada a ver com outro médio português que já aqui falei, também enorme do pescoço para baixo, mas que tarda em dar o salto, e que pode já ser tarde. Falo de Manuel Fernandes. Martins e Fernandes, dois excluídos do Mundial, claramente dos melhores médios portugueses da actualidade, preteridos por jogadores certos, eficazes, trabalhadores e regulares, sem muito do seu talento: Raul Meireles, Ruben Amorim, Pedro Mendes... só para dar alguns exemplos.
Carlos Martins é capaz de carregar a decisão de um jogo às costas, capaz de a colocar na bancada, ou no fundo das redes, também na sala de troféus. É um jogador com um dom natural, por vezes, demasiado desaproveitado para tanto talento que tem. Até porque um dia, pressionado, ou não, pelas circunstâncias, Rui Costa garantiu ser ele o seu sucessor natural.
Talvez Martins apareça como o expoente máximo da nova vaga dos 10 do futebol actual, com o Benfica a ter nos seus quadros dois jogadores capazes de encarnar na perfeição as distâncias entre o romantismo do passado e a tremenda exigência do futuro no que à posição 10 diz respeito: Aimar, o fim dos 10 românticos, e Martins, a nova vaga dos poderosos preenchedores de espaços nas zonas de construção/decisão.
Se Martins continuar a crescer sob o ponto de vista físico e da agressividade e potência da sua condição atlética, aliando a excelente qualidade técnica, de passe e visão de jogo, também muito forte em progressão e no espaço curto, pode ainda dar muitas alegrias na batuta da construção de um futebol ofensivo de primeira água deste Benfica.
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