quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O Mercado - Job, Micael, Nelson Oliveira e Alan



Job, o Palanca Brasileiro

Fez ontem capa de Jornal, como possível reforço do Benfica. Ainda há cerca de duas semanas um amigo meu angolano me falou deste jogador. Depois de ver algo dele, cedo concluí que apesar da baixa estatura é, de facto, um grande portento técnico, muito forte em drible e na manutenção da posse de bola, mas um jogador que traduz exactamente aquilo que é o futebol de rua e o anarquismo táctico que no futebol europeu pouca expressão consegue.

Jogador de público e para o público, é daqueles que faz vibrar as bancadas pelos malabarismos e fintas infindáveis mas tem de melhorar muito enquanto jogador de níveis mais exigentes, sobretudo em termos de objectividade e eficiência do seu jogo. Por alguma razão o Manuel José pouco tempo lhe tem dado na CAN (20 e poucos minutos, entrou apenas no último jogo).

Contudo, é o que já disse. Se algum treinador estiver disposto a perder um ano, dois anos, seja o que for, com ele, a trabalhá-lo, a dar-lhe outros ritmos e dinâmicas, mais exigência táctica, está aqui um jogador muito interessante para ser aproveitado no futebol português. Mas, ainda é muito cedo, e logo para um clube como o Benfica... parece-me mais medida popular do que propriamente outra coisa.

O factor RM

O jogo do FC Porto esta época tem enfrentado problemas grandes sob o ponto de vista do último terço do terreno. São notórias as dificuldades dos azuis e brancos na fase decisiva da sua zona de construção, pois a perda de Lucho González veio abrir um caminho por vezes demasiado distante entre os jogadores do trio ofensivo e do resto da equipa.

O Porto este ano tem disfarçado, de certa forma, esse problema nas investidas de Raúl Meireles por terrenos que não são os seus, nos movimentos de ruptura de Hulk e, claro, quando Belluschi, e volto a dizer, não compreendo porque não é opção de caras neste onze de Jesualdo, joga e faz jogar, traduzindo o jogo ofensivo do Porto numa perspectiva bem mais orientada e qualitativa do seu processo ofensivo de organização ou transição.


Daí que Ruben Micael, até pela aposta de que é alvo, tem claramente um factor decisivo no resto da época do Porto e parece-me claramente o jogador mais indicado para a função e sem dúvida o melhor reforço que o Porto poderia ter neste mercado de inverno.

Pela capacidade de progressão com bola, pela forma como dá verticalidade ao seu jogo, pelos ritmos e dinâmicas que consegue imprimir no jogo, será certamente factor essencial na mudança de rumo dos azuis e brancos. Aquele que é até agora um jogo muito directo sempre à procura dos desequilíbrios de Falcão, Bruno Alves e, em último caso, Farías ou em rasgos de Varela, o Porto irá certamente ligar melhor os sectores e transmitir uma ideia mais coesa nos seus processos, o que lhe permitirá fazer um futebol mais curto, mais rápido, mais dinâmico e com elevados níveis de concretização. Parece-me contudo que com Ruben Micael o jogo ofensivo do Porto ficará menos dotado para as qualidades de Falcão. É uma previsão...

Não compensa o risco

Vem hoje no Jornal "A Bola" uma notícia que dá conta do empréstimo de Nélson Oliveira ao Rio Ave, avançado dos Juniores do Benfica. Depois de Yero e Abdoulaye no Porto para o Portimonense e Olhanense respectivamente, é a vez do Benfica se mexer e libertar aquela que é, na perspectiva geral, a próxima grande promessa a emergir do Caixa Futebol Campus.

Estou bastante céptico face a esta perspectiva. Por um lado, um dos problemas actuais do Nélson Oliveira é a dinâmica pouco intensa que produz no seu jogo. Realmente, só com um empréstimo, que deveria ter acontecido no início da época, é que terá outras exigências e jogará sob outros ritmos que o Nacional de Juniores claramente não lhe empresta.


Por outro lado, parece-me um erro claro este empréstimo. O Rio Ave está a fazer uma das melhores campanhas de sempre, tem um ataque consolidado, eficaz, e jogadores ofensivos a fazer, possivelmente, e em alguns casos, a sua melhor época desportiva. Sidnei joga na esquerda, está em grande ascensão e a mostrar bons apontamentos. João Tomás é o melhor marcador da equipa e faz golos, decisivos, é experiente, forte em todos os capítulos do jogo... há também Bruno Gama, o talentoso jogador portuense, muito forte a nível técnico e num dos princípios básicos do processo ofensivo, a penetração. Existem ainda dois jogadores que são chamados e correspondem frequentemente: Chidi e Fogaça. Foram ainda buscar dois miúdos sul americanos: O Felipe Alberto e o Parodi.

Agora eu pergunto, e sem questionar o facto do Nélson Oliveira exponenciar, actualmente, muito melhor as suas características na faixa esquerda do ataque, onde ele irá encaixar? Estarão a pensar os responsáveis encarnados demasiado acima? É que não se empresta um jogador a uma equipa que está bem, com os seus processos bem definidos e a dar frutos, com jogadores experientes e novas soluções à vista para entrar... já disse no outro dia: O Nélson Oliveira, por exemplo, para quem defendia o seu empréstimo ao Fátima, não me parece que fosse titular indiscutível. Iria discutir a titularidade com o André Carvalhas na esquerda porque ao trintão Nuno Sousa (E o Nélson se quiser ser jogador de top tem, SEMPRE, de ser trabalhado na posição 9) não lhe daria hipótese. E já que falámos em André Carvalhas... os responsáveis do Benfica não aprenderam nada?

"Alan é o melhor jogador da Liga"

Como tive oportunidade de dizer aqui na semana passada, para mim, Alan, do Braga, é o jogador mais valioso da Liga. Ontem ao ler a entrevista que Manuel Cajuda deu ao Jornal "A Bola" li que ele elogiou quase todos os jogadores mais falados do campeonato, mas partilha da mesma opinião: Alan é, de facto, ao serviço da equipa e da eficiência que produz aos seus processos, o grande jogador deste campeonato. Como disse também, eu, o mais valioso, porque o melhor é Saviola. E são coisas distintas.

1 comentário:

  1. Não sei se sabes, mas para piorar a situação do nélson, já foi confirmada a ida do Bruno Moraes para o Rio Ave. E se ele não tiver problemas físicos tem muito mais probabilidades de jogar do que o Nélson.

    E só uma coisa: o Gama é de Vila Verde e cresceu no(/em) Braga. Portuense só desde os 17/18. Mas já que se fala nele, é uma tristeza o Porto estar à rasca de soluções atacantes e apostar no Mariano quando dispensou um jogador desta categoria.

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