quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Como o modelo de jogo evidencia os talentos



E as notas mais relevantes do futebol europeu, passando pelo novo Bayern Munique, o modelo do CSKA, uma curta de Madrid e o que importa realmente falar: Rodrigo.

Basta escrever o nome de Rodrigo Moreno no nosso item de pesquisa para perceber o que achamos sobre o espanhol que joga no Benfica. Não estamos a escrever este texto para voltar a evidenciar as qualidades que acreditamos que tem, neste momento muito positivo para ele, mas sim procurar dissecar o porquê de ter voltado a aparecer num momento decisivo, assim como outras notas sobre o futebol actual.

Entrando aos 87 minutos de um jogo que está empatado, e que só é aceitável a vitória e, sem querer dar qualquer tipo de amadorismo a Jorge Jesus, é óbvio que por muitas indicações que sejam dadas, o avançado que entra só pretende ter uma bola de golo para ficar na história. Em detrimento das missões colectivas e dos posicionamentos desejados pelo técnico, o jogador quer acima de tudo evidenciar-se.

E Rodrigo entrou para fazer o que mais gosta e que tanta vez é proibido de fazer no Benfica: jogar como elemento mais ofensivo e experimentar alguns movimentos de ruptura sem bola pedindo bola nas costas da defesa. Continuamos a dizer que é o melhor avançado do Benfica no seu todo e entrou para a história ao marcar o golo decisivo da primeira vitória de sempre no terreno do Anderlecht. Não se espante, contudo, se nos próximos 2 ou 3 jogos, apenas vir Rodrigo a aquecer sem ter qualquer minuto de jogo.



Olhando para o CSKA-Bayern. Os russos somos fãs do seu futebol. Jogo apoiado, um misto de posse e transições, quase sempre bem definido pelo seu cabeça de cartaz - o japonês Honda - com outro tipo de argumentos a nível ofensivo, sobretudo se estivessem em jogo Dzagoev e Dumbia a história podia ter sido outra. 

Parece-me que ganharão com relativa facilidade o campeonato e continuarão a ser a equipa mais forte da Rússia. Bom treinador, equipa bem organizada e com processos muito interessantes, modelo agradável para os fãs da posse e aqueles que procuram um futebol mais vertical e objectivo. Para continuar a seguir.

Guardiola continua a colocar o seu cunho pessoal na equipa que me parece, neste momento, mais forte do que alguma vez foi o "seu" Barcelona. Sobretudo pelas individualidades que dão dinâmicas ao modelo de jogo impossíveis dos espanhóis terem. Refiro-me naturalmente à aceleração do jogo e à objectividade dos alemães em processos rápidos e que exploram muito mais o desequilíbrio do adversário.

Mas continuo sem perceber a fixação de Guardiola em alguns momentos. Bater cantos curtos, todos os que dispõe, quando tem jogadores fortíssimos no jogo aéreo? Não pode cair no exagero sob pena de tornar a equipa mais fraca do que poderia ser. É que fazê-lo num Barcelona onde a média é o metro e setenta e cinco, é aceitável. Neste Bayern não.

E para os fãs de um futebol "barcelonizado", basta ver a forma como surge o primeiro golo. Velocidade, explorar o desequilíbrio do adversário, cruzamento (muito criticado) e finalização. Processos eficazes que não podem cair no campo do exagero.



Falando de Bale. Sou defensor que um jogador quando atinge patamares de excelência não deve mudar o contexto. Quero com isto dizer que se o fez, tirando excepções, é porque o modelo da equipa o potenciou e as dinâmicas colectivas foram criadas para lhe dar situações de sucesso e em que ele fez toda a diferença pela qualidade individual.

Foi assim com Bale no Tottenham. Arrisco dizer que em termos de desempenho individual foi top3 na temporada passada, daquilo que eu vi. Números excelentes para o rendimento global do colectivo e sempre a ser chamado nas alturas das decisões num colectivo sem grandes argumentos e em que ele tinha de tirar coelhos da cartola de forma regular e foram tantas as vezes que o conseguiu...

Mas no Real o futebol é outro e sobretudo a equipa está mecanizada de outra forma. Ronaldo é e tem de ser o centro das atenções mas Bale, apesar da qualidade e do acrescento de qualidade que pode originar, acabará por estar menos em foco e com um rendimento individual menor face ao que poderia estar se, porventura, estivesse numa equipa moldada em seu redor.

4 comentários:

  1. 30,

    Viste a forma como o Guardiola anulou o Honda? E, com isso anulou boa parte da capacidade ofensiva do CSKA?

    Viste a diferente colocação de Javi Martinez e Phillip Lham face ao encontro frente ao Dortmundo no fim-de-semana passado?

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  2. Boas,

    Não anulou o Honda. Por muito que tentasse, a qualidade dele acabaria por falar mais alto porque é um jogador realmente muito forte. Basta dizer que faz o golo, antes disso tem 2 situações flagrantes para fazer, e na 1ª parte isola o Musa que depois faz um passe ao Neuer.

    O que aconteceu foi precisamente o oposto. O treinador do CSKA na 2ª parte colocou o Honda mais à frente e com isso deu-lhe muito mais protagonismo na zona de decisão. O Bayern andou meia hora a tentar travá-lo sem sucesso.

    A pouca capacidade ofensiva do CSKA prendeu-se com o Musa que não é um jogador para a zona de finalização e muito menos servir como referência.

    Quanto ao Lham. Continuo a achar excelente a adaptação à posição interior, independentemente de se achar o Rafinha bom ou mau jogador. É tremendo em termos de intensidade e rotação e pensa o jogo como poucos.

    Cumprimentos

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  3. Muitos parabéns pelo blog que de facto é excelente. Gostava de me referir a um aspecto que escreveste, falas das transições rápidas do Bayern contrapondo o Barcelona como uma equipa que pouco marcava em contra-ataque e para isso dás o exemplo do primeiro jogo. Penso que o teu argumento será válido sobre o Barcelona se fores procurar o numero de ataques em posição contra o numero de ataques em transição. Aí neste item o numero de ataques em posição é esmagador, mas se fores ver os golos que marcaram encontrarás muitos golos em transição quer do Messi individual ou colectiva com o Pedro, Alexis ou mesmo Iniesta como homem normalmente de ultimo passe ou finalizador quando jogava na linha. O Barcelona nunca negou jogar superioridades numéricas evidentes. Sobre os cantos curtos tenho uma opinião parecida com a tua embora penso que percebo a razão porque Guardiola o faz no seu ponto de vista, não quer bater a bola para a área e ficar sujeito a um contra-ataque adversário atráves de um alivio ou de um remate que deixa a bola disponível ao adversário, diria que há momentos do jogo que talvez possam pedir isso mas não jogos inteiros a fio.

    Abraço

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  4. Masterzen,

    É verdade que o Barcelona também explorava a transição ofensiva variadas vezes mas afligia-lhe tremendamente um possível desequilíbrio posicional a nível defensivo pelo que como prioridade tinha sempre como preocupação temporizar e entrar em ataque posicional. Este Bayern é mais forte porque acelera mais vezes, também porque está no ADN da equipa e dos jogadores pelas dinâmicas que tinham com o Jupp.

    Quando à questão dos cantos estamos claramente de acordo mas é ridículo ver o Bayern fazê-lo em todos os que dispõe. Esperemos que não seja para continuar.

    Abraço e obrigado pelo comentário

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