sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Anarquia globalizada


Disputa-se por esta altura na Argentina o Sudamericano sub-20, prova onde têm despontado alguns dos jogadores sul-americanos que nos últimos tempos têm transitado para a Europa. Quem teve a oportunidade de assistir ao primeiro tempo do Argentina-Paraguai, até por curiosidade de observar alguns dos nomes que vêm sendo ligados aos grandes em Portugal, fica muito desiludido não com a qualidade individual dos atletas, mas com o nível em que se encontram, isto se tivermos em conta as indubitáveis qualidades técnicas que denotam.

Ver o jogo da Argentina é o que não se deve mostrar a quem pretende aprender sobre futebol. Um primeiro tempo com cerca de 75% posse de bola a favor e 1 remate à baliza. 2, talvez. Isto porque o jogo da selecção azul assenta num estilo rendilhado, de muitos adornos, e uma objectividade a transpor para o nulo, também devido à pouca qualidade na tomada de decisão. Contudo, ela está intimamente ligada ao aparente desconhecimento de processos de jogo, fluidez  padronização colectiva, organização sectorial concreta. Tudo se dilui em lances individuais sem expressão e quase sempre com erros nessa mesma tomada de decisão.

Uma equipa que tem, no ataque, Centurión, Alan Ruiz, Vietto ou Iturbe, tem de ser capaz de dar mais. Capaz de assegurar uma referência posicional de progressão em posse. Ser capaz de garantir um posicionamento entre-linhas do adversário de forma a permitir penetrações interiores. Referência para fixar os defesas contrários e garantir uma maior liberdade dos jogadores que caem nas faixas de forma a penetrarem para o espaço interior e garantir, aí, soluções de 2x1. Largura aceitável do jogo e não uma tendência desmesurada de pisar terrenos interiores sempre que a bola chega ao corredor lateral, não existindo, depois, a referência numa linha avançada para progredir, apoiar-se, ou criar as situações de 2x1 na zona de finalização a fim de visar a baliza, tal como citado.

A Argentina joga bem, de facto, mas falta-lhe muita coisa, e acima de tudo, muito trabalho colectivo. A desorganização dificilmente vence uma prova, vai dando para ganhar uns jogos, pois a qualidade individual dos jogadores é acima da média. Custa ver Alan Ruiz sempre a procurar apoio, sempre a procurar uma referência, sempre bem posicionado e a gerir os momentos da equipa, mas com pouco (de colectivo) a acompanhar o seu pensamento. Assim, a tomada de decisão está condenada ao fracasso.

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