sábado, 22 de janeiro de 2011

Ramires e Kalou, eis a questão


Numa altura em que, cinco anos depois, o nome de Salomon Kalou volta a surgir como hipótese para ingressar no Benfica, e olhando para a opinião pública geral, existe muito pouca receptividade para que o costa marfinense possa vestir de encarnado. Porque não resolve jogos, dizem alguns.

Tomemos o exemplo de Ramires. Independentemente do ano de adaptação, natural num jogador brasileiro adaptado a uma filosofia de jogo por si só diferente, no Benfica, é quase um peixe fora de água no meio-campo blue. Ramires, pela sua capacidade de ocupação de espaço e de equilíbrios que garante à sua equipa nos 4 momentos do jogo, era elemento fulcral na estratégia do Benfica de Jesus. E o mau início de época deve-se, na minha opinião, à dificuldade que o treinador do Benfica teve em "remendar" essa sua saída. Olhamos para o Chelsea, uma equipa que joga quase sempre em ataque posicional, mas debilitada nas suas transições defensivas pelo volume ofensivo que cria sem equilíbrio da zona de cobertura.

Ramires que até preenche esses requisitos, tem 2 jogadores semelhantes em termos de capacidade com bola, no entanto, já adaptados, com outra bagagem e também outra qualidade, se quisermos. Essien e Obi Mikel não dão muitas possibilidades ao brasileiro. Até porque Lampard já não é o mesmo em progressão e ocupação de espaço e as rotinas já estão criadas.

Tentando estabelecer um ponto de comparação, se Ramires era fundamental no Benfica e no Chelsea é reserva, porque a reserva Kalou, que soma minutos largos, não seria fundamental no Benfica? A mim parece-me claro. Jogador de corredor lateral, forte nas penetrações interiores, drible explosivo, tecnicamente forte, e veloz.

Já todos percebemos que Salvio não vai ficar. Kalou era a peça ideal.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O modernismo de Salvio a Dí Maria


O extremo moderno desaparece cada vez mais do corredor lateral e faz do corredor central o oásis das suas arrancadas e penetrações para conseguir causar desequilíbrios nas estruturas adversárias. Cada vez mais desaparece de moda a possibilidade de um cruzamento largo para a área, e ganha consistência a situação de 1x1 ou 1x2 a partir do corredor lateral para penetração em zona de decisão/finalização.

Uma das grandes irregularidades que se apontava no jogo de Dí Maria era a forma como o argentino tinha dificuldade em decidir bem, e com eficiência, na zona de decisão. Era um dos mais fortes do Mundo na zona de construção através das suas arrancadas e da capacidade de progressão em alta rotação, mas raramente decidia bem na hora decisiva. Hoje, vemos um Dí Maria com grande mestria na zona de decisão e com uma capacidade acima da média para continuar a desequilibrar no um contra um em quase todos os momentos.

Assume-se hoje como um jogador cada vez mais de espaço curto e de desequilíbrio no espaço também sem bola. Sempre que a tem, resolve ou com passes decisivos (não posso deixar de mencionar Ozil como o jogador do futebol actual com mais critério e espectacularidade na zona de decisão a par de Messi) ou com penetrações para a criação de momentos de finalização favoráveis à sua equipa.

Outro argentino, este encarnando a personalidade do "novo jogador argentino", a que Dí Maria foge um pouco, de agressividade no espaço curto e de grande embalagem num jeito meio "atabalhoado", que vem fazendo crescer o Benfica de Jesus é Salvio.

Na direita deste 4-1-3-2 vem apresentando melhorias evidentes sob o ponto de vista posicional nos vários momentos de jogo da equipa, mas é com bola que explode e queima metros de uma forma impressionante. Muito rápido, permite não só à equipa subir e aproximar-se com variadas linhas para a decisão, como também ele próprio em penetração no espaço curto consegue criar desequilíbrios para aparecer.

E como o Benfica tem um dos melhores do Mundo no jogo entre-linhas, de seu nome Saviola, Salvio cresce a olhos vistos pois os espaços que anula em penetração compensam-se imediatamente em outros locais pela movimentação quase sempre certeira de Saviola. E muito têm para dar ao Benfica estes 2 em simultâneo. Tal como Messi e Villa. Tal como Hulk e Falcão. A génese é a mesma.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011