segunda-feira, 22 de março de 2010

Thierry Henry, o melhor da década versão 2

Tinha escrito neste espaço aquando do final do ano de 2009 que Henry era, para mim, o melhor jogador da década e hoje, tal como eu, muitos outros adeptos do futebol do internacional gaulês, tiveram razões para sorrir e ver esse pensamento dignificado.

Quando questionado pelos jornalistas se iria festejar caso marcasse ao Arsenal, no embate entre os dois colossos europeus para a Liga dos Campeões, a resposta do jogador do Barcelona foi sintomática: "Festejar? Não me imagino no Emirates com outra camisola que não a do Arsenal. É tão simples como isto, não quero jogar esse jogo."

Este sim, é o futebol dos valores, das tradições, da magia... num gesto só. Henry, o melhor da década:


quarta-feira, 17 de março de 2010

Maturação vs. Talento precoce


Tem sido usual nos últimos dias na minha área de estudo surgirem questões de discussão sobre a maturação e o desenvolvimento sustentado dos jovens face a contextos que os rodeiam e que influenciam de forma significativa e decisiva o seu rendimento quer cognitivo, motor ou psico-social. Muito se vem falando de "queimar etapas" e do contra-senso que isso vem sendo mas, eu, pelo contrário, entendo que essa é apenas uma questão efémera que será sempre guiada para um trajecto social e afectivo que influenciará o rendimento propriamente dito em termos desportivos.

Isto porque um grande jogador precocemente terá, até pelas exigências que ele próprio vai procurando, de saltar certas etapas e conhecer ritmos e desafios diferentes para ter estímulos e obrigações mais exigentes que lhe permitam ter uma maturação mais adequada à qualidade de rendimento que terá de apresentar. Ou seja, o jovem de 8 anos, muito forte tecnicamente, pelo menos mais capaz do que todos os outros da sua idade, terá obrigatoriamente de passar para a etapa seguinte (jogar contra meninos que lhe coloquem dificuldades diferentes, logicamente maiores) de forma a não se correr o risco do menino virtuoso sentir demasiadas facilidades com os seus e descurar certo tipo de intensidades e gestos técnicos que terá sempre de trabalhar e que contra os da sua idade (num nível bastante mais baixo que o dele), bastará o "meter a bola para a frente" e correr ou o simular que chuta para cortar para dentro. São necessárias exigências e intensidades adequadas àquilo que são os estímulos que as crianças procuram face ao seu rendimento.



Enquadrando o meu texto de hoje nesta matéria de reflexão, proponho-me a falar de dois nomes: Miralem Pjanic e Neymar. Quero com isto dizer que os dois, enquadrados numa avaliação de talento precoce, demonstram em idade de maturação rendimentos díspares face às perspectivas criadas sobre eles ainda em idade de desenvolvimento e formação. Pegando na frase de José Mourinho, "Um treinador que só percebe de futebol, de futebol nada sabe", é essencial existir um acompanhamento permanente e uma modelagem de comportamento fundamental da parte daqueles que são os modelos estruturais do comportamento dos jovens: as figuras do poder e, essa figura, no contexto do futebol, será sempre o treinador.

Miralem Pjanic chegou muito cedo a França, nasceu num contexto de guerra (Bósnia Herzegovina) e teve, certamente, um tipo de acompanhamento psicológico diferente daquele que foi dado à grande maioria dos jogadores das camadas jovens do Metz e Lyon. Hoje em dia olhamos para um jogador a quem desde cedo foram reconhecidas capacidades muito acima da média, claramente evoluído sob o ponto de vista da própria inteligência e maturidade que apresenta em todos as suas acções no jogo, na vida, e no contexto de desenvolvimento enquanto futebolista profissional de alto nível.

Neymar, que muito jovem viu os holofotes da fama apontarem-se efervescentemente para si, tem aparecido de forma sustentada no Santos onde assume papel de destaque, mas muitas têm sido as notícias que têm saído a público sob a sua conduta fora dos relvados e muito se vem questionando o facto de ainda não ter dado o salto qualitativo que se esperava dele quando tem já 18 anos - e eram apontadas qualidades claramente ao nível dos predestinados para ele -, tal como, aliás, sempre o reconheci.



Acontece que, num básico exercício que vise compreender a capacidade mental, que se reflecte em campo e origina determinados comportamentos, face a acontecimentos que vão surgindo, porque Neymar - o melhor goleador até então - fez apenas dois golos desde que Robinho está de regresso ao Vila Belmiro?

Porque tem Neymar mantido um comportamento, nem sempre humilde, perante as suas exibições? Ao perder uma bola frente ao Palmeiras, faz uma entrada despropositada e recebeu ordem de expulsão. Insultou o árbitro, fala-se em 18 jogos de suspensão. Numa altura tão fundamental da carreira, Neymar vai sendo falado, e muito, é verdade, mas nem sempre pelos melhores motivos e a um nível que já se esperava que ele tivesse ultrapassado até para a própria imprensa.

Quanto a Pjanic, surge como uma das principais figuras do Lyon e da selecção da Bósnia, embora em ambas não seja ainda um titular indiscutível. Acontece que suportando esse factor emocional, sempre que é chamado, corresponde com boas exibições. Veja-se, até ao momento, nos seus maiores níveis de obrigatoriedade e exigências, a forma como correspondeu: Carregou a Bósnia às costas frente a Portugal na Luz e em Sarajevo. Foi peça de xadrez fundamental na forma como o Lyon eliminou, recentemente, o Real Madrid num Bernabéu desesperado por uma vitória na Liga Milionária.



É importante referir a necessidade de se potenciar ao máximo a capacidade dos atletas. O talento natural que detém, contudo, é uma ínfima parte daquilo que necessitarão para consolidar o seu rendimento no topo - de resto, tenho escrito ao longo deste blog vários exemplos disso mesmo. Pjanic é, hoje em dia, um jogador totalmente completo sob o ponto de vista da maturidade vs. talento.

Neymar, apesar de, talvez, ser o mais talentoso jogador mundial da sua idade, denota ainda índices de maturidade nas suas acções técnicas, psicológicas e sociais, completamente distintas da linha orientadora certa, se assim se pode delinear. Será sempre um caminho doloroso. E terminando com uma frase que visa fazer uma retrospectiva a tudo o que tem sido feito ao nível do futebol de formação por alguns técnicos formadores:

"O bom treinador é aquele que prescinde dos resultados competitivos sob a necessidade de trabalhar e formar os seus atletas com a finalidade de vir a colher todos esses frutos anos mais tarde". Para recordar...

Possível receita para Marselha


Numa antevisão ao, certo, inferno de Marselha, não será um jogo de vida ou de morte. A equipa do Benfica não vai entrar em campo com a necessidade de salvar a época ou ter receitas - porque nem são nada por aí além - para cobrir gastos. Será apenas mais um jogo, embora com importância grande, o que por si só, retira qualquer pressão excessiva à equipa.

O Benfica vai encarar um jogo em Marselha de grande pressão psicológica e emocional, pelo que será necessário a equipa encarar de forma muito adulta todos os possíveis momentos que o jogo possa trazer. É bom que estejam avisados e preparados para o inferno que os esperarão, porque numa segunda parte da eliminatória, dar os primeiros minutos de avanço ao adversário por se acusar em demasia a pressão pode ser fatal.

O Marselha parte em vantagem mas nunca o Velodrome perdoaria aos franceses jogarem perante o seu público numa contenda de contra-ataque. Jogará sim uma equipa metódica, com astucia e, certamente, inteligente nos seus processos. Deschamps irá, provavelmente, ordenar para baixar um pouco o bloco e explorar momentos de transição rápida na fase ofensiva do seu jogo. Quer pelos corredores laterais defensivos (Taiwo sobretudo), quer pela velocidade e espontaneidade dos seus criativos das alas, Ben Arfa, Koné ou Niang. A possível opção de Brandão no flanco não me parece que se venha a concretizar pois o Marselha não será neste jogo um quebrador de espaços - como foi na Luz - para passar a ser uma equipa confortável e direccionada para decidir no próprio espaço que procurará certamente criar.

Dessa forma parece-me necessário que o Benfica encare o jogo numa postura de contenção inicial (para amenizar o ambiente e estudar a forma como os franceses encararão o jogo) e procurar com o decorrer dos minutos ir à procura do jogo. Parece-me essencial que Jesus adopte uma nuance táctica passando do 4-1-3-2 em organização ofensiva para um 4-5-1em processo ofensivo desdobrando-se num 4-1-2-1-2 na fase ofensiva do seu jogo. Isto porque será importante fechar as alas e ter um meio-campo mais pressionante (com Javi, Ramires e Amorim) de forma a evitar tomadas de decisão com tempo e espaço onde certamente os marselheses procurarão rápidas transições nos corredores (daí a necessidade de cobrir o espaço lateral) e eliminar as zonas de criação que se encarregarão certamente jogadores como Lucho González e Cheyrou.

Muito superficialmente, seria este o meu Benfica para Marselha: Júlio César, Maxi Pereira, David Luiz, Luisão e Fábio Coentrão; Javi Garcia na posição 6, Ramires como Interior Direito, Ruben Amorim como Interior Esquerdo, Di Maria a partir de uma posição mais central para movimentos de rotura nos flancos, Saviola vagabundo na frente de ataque à procura dos espaços de Cardozo (e aqui permitam-se a ousadia, ou Weldon/Kardec). E já agora, permitam-me novamente, quem me dera já ter Franco Jara para atacar esta segunda mão em França.

Força Benfica!

Para rir...

Já que tanto falam na mão de Vata, eu estou-me bem a lixar para se jogamos bem, se jogamos mal, se somos massacrados, se o golo é apenas um ou existirão vários. Eu quero é ganhar. Nem que seja assim:

quarta-feira, 10 de março de 2010

Um peixe fora de água com saudades do passado?


Hoje foi uma noite diferente. Não que estivesse à espera de algo semelhante, mas sim pela constatação de vários factores que fazem qualquer apaixonado do futebol, o verdadeiro futebol, sorrirem e pensarem que a essência do jogo ainda pode ser recuperada. Estou a assistir à Liga dos Campeões, a competição milionária que não significa dinheiro = sucesso, embora a UEFA continue a ter muitas políticas que nos fazem pensar, afinal, quem controla o jogo - veja-se a forma como o Chelsea é completamente roubado na meia-final do ano passado sob a necessidade de colocar frente a frente Messi e Ronaldo.

Hoje, embora não me tenha surpreendido, assisti a uma coisa que agradou a todos os amantes do futebol verdadeiro, jogado pelo jogo, pela tradição (já que o meu vídeo da semana apela a tal facto), pelo amor às cores e à glória conquistada pelo mérito das suas raízes.

O Real Madrid foi eliminado frente a um Lyon que lhe concedeu meia parte de avanço e que pode-se dar por satisfeito pela forma irrisória como os blancos foram falhando golos atrás de golos e aniquilando as suas hipóteses de resolver uma eliminatória que se viraria contra eles. Pellegrini não acertou, manteve a sua postura metódica e conformista, Puel veio para cima, subiu o bloco, deu a batuta a um jogador que há muito me enche o olho, e ainda o conheci nas camadas jovens do Lyon, falo de Pjanic, teve um exterminador de defesas na frente de ataque em grande forma (é incrível a forma como faz movimentos de rotura atrás dessas próprias situações e se converte no primeiro ele defensivo da transição da sua equipa), sendo que Lisandro assume neste Lyon as nuances fundamentais do processo quer ofensivo quer sobretudo de recuperação defensiva da equipa. Se ele pressiona alto, o bloco sobe, as linhas ficam coesas, o que trás por vezes dificuldade aos franceses pela falta de rapidez e lucidez de alguns elementos mais experientes da sua defesa, refiro-me a Cris, por exemplo. Contudo, hoje resultou em pleno e o Lyon saiu de Madrid com a vitória (na eliminatória).

Fiquei os últimos 15 minutos à procura de Ronaldo. A tentar descobrir em si um ponto de alegria, um ponto de entusiasmo, de satisfação ou mesmo concretização. Tudo isso desapareceu nele. Mas vejamos. Mudei de canal. Vi um Manchester United a "dar" 3 ao Milan, e os adeptos a descerem lençóis das bancadas bem expressivos: "AMO-TE UNITED, ODEIO-TE GLAZER" em referência ao milionário americano proprietário do clube. E isto faz-me regressar atrás e ver a forma como os manifestantes (é desfasado usar esta palavra, corrijo-me a mim próprio escrevendo ADEPTOS) queriam impedir a sua entrada no clube, formaram um novo United, muitos deles deixaram de compactuar com a estratégia comercial adoptada pelo clube, hoje em dia fazem-se ver nos estádios por onde jogam os red devils com cachecóis verdes e amarelos, em homenagem às cores do clube que originou a fundação do Manchester United. É, de facto, um mundo à parte, de paixão, fervorosos adeptos, glória e triunfos.

E eu estava a pensar: Estão os adeptos do Manchester em protesto porque entendem que os valores do clube não estão a ser prestigiados nem protegidos, mesmo que no meio de tantas categóricas vitórias. Voltei a mudar de canal, e pensei: Os 250 milhões que Florentino gastou, e os salários exorbitantes - e já agora, perfis e estatutos dos intocáveis de Madrid - que a muitos deles não lhes permitem serem substituídos mesmo que a jogar dentro do seu metro quadrado, irão os super craques para casa arranjarem-se para saírem à discoteca mais próxima para desfilarem esta madrugada, os seus fãs estarão amanhã à porta do campo de treinos para pedir autógrafos e fotografias com as lendas (de quê?) que vestem as cores blancas, e nada se passa.

É este o futebol que Ronaldo (o peixe fora de água) prefere? Fica a questão.

Como os melhores do Mundo...

... desmontam todo o tipo de organização colectiva e zonas fechadas de jogo. Só ao alcance dos verdadeiros predestinados.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Prospecção Internacional (Avançados) - Stracqualursi


Denis Stracqualursi (Gimnasia)
Idade: 22 anos
Peso: 82kg
Altura: 190cm
Nacionalidade: Argentino

O nome é difícil mas vão treinando, pois vai dar que falar. Denis, assim é mais fácil, ponta-de-lança à moda antiga do Gimnasia da Argentina, é o típico jogador de área, possante, batalhador e acima de tudo, muito concretizador. Vi o seu jogo frente ao Estudiantes onde faz dois golos de plena oportunidade, muito forte no espaço aéreo e na facilidade de remate que detém, vamos ver até onde pode chegar. Se na próxima época pisar terrenos de uma equipa com outras ambições, pode construir carreira interessante.


Prospecção Internacional (Avançados) - Malecki


Patryk Malecki (Wisla)
Idade: 21 anos
Peso: 70kg
Altura: 170cm
Nacionalidade: Polaco

O tipo de jogador que gosto. Ao ver os jogos do Lech e ao ficar maravilhado com as proezas de Stilic e Lewandowski, fiquei ainda mais curioso para ver o que tinha o líder Wisla. E vi, dentro das devidas distâncias, um Tevez à polaca. Malecki é um jogador de toda a frente de ataque, com um pulmão e um querer em campo incríveis. Disputa todos os lances até ao fim, tem garra e muito carisma, é agressivo e ambicioso. Tecnicamente dotado, ambidestro, veloz, capacidade de penetração e de movimentação no espaço, parece-me um jogador muito interessante. Leva 7 golos esta época. Para rever...


O(s) ganha pão do Lech

A cinco pontos da liderança do Wisla Cracóvia, o Lech da Polónia apareceu em grande forma no último encontro a vencer por 3-0 fora de portas. Quem já andava escondido das boas exibições e voltou a aparecer foi o craque Lewandowski, servido, sempre, por Stilic, com grande classe.


terça-feira, 2 de março de 2010

O adeus anunciado de Robin Leproux?


Para quem não sabe, este senhor é o presidente do Paris Saint Germain. Depois dos confrontos violentos ocorridos no passado fim-de-semana no jogo que opôs o PSG ao Marselha entre os próprios adeptos caseiros, o presidente do histórico clube gaulês decretou guerra às claques do clube e proibiu-as mesmo de terem o seu espaço reservado no Parque dos Principes.

Para além disto, refere que não irá vender os bilhetes aos adeptos para os jogos fora de casa, ou seja, retira a possibilidade às pessoas de irem assistir e apoiar a sua equipa, em ambientes adversos, onde os únicos prejudicados serão os adeptos e, claro, o clube.

Posto isto, resta-me comentar que este senhor, por muito nobre que pense ser a sua atitude, pois entende ele que desta forma irá erradicar a violência do clube (só acabou de a triplicar com esta medida), nunca mais terá a paz necessária enquanto presidente do clube e estou convicto que será uma questão de semanas até apresentar a sua demissão.

Isto claro, se levar avante estas medidas que hoje fizeram eco na imprensa francesa. Será interessante ver os novos desenvolvimentos ligados aos Boulogne Boys, a principal referência de grupos de apoio do clube gaulês.