segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Manuel Machado, a transição e a bola parada


Se há golos em que os treinadores acabam por deter certo tipo de responsabilidade são os de bola parada. Quer os lances ofensivos, como defensivos. Certo que tudo depende do jogador, da forma como define a zona pré-definida, como ataca a bola, como protege a linha da baliza ou as linhas que podem ser escolhidas pelo atacante para procurar o remate.

Contudo, Manuel Machado ainda não entendeu que o futebol evoluiu e ele está a ficar para trás. Tudo bem que qualquer treinador tem o seu modelo de jogo e defende os seus princípios. Contudo, a forma como Machado se recusa em evoluir a sua forma de jogar faz um dos melhores Vitórias dos últimos anos em termos de opções de plantel ser uma equipa facilmente fragilizada pelo adversário.

A zona defensiva, em transição, é um exemplo. Se repararmos, o Vitória raramente pressiona o portador da bola ou sai em sua direcção. A primeira preocupação defensiva dos jogadores é organizar rapidamente a linha e fechar os espaços do corredor central. Contudo, permitindo espaço, progressão, penetração, ao portador da bola, faz com que os defesas recuem, defendem mais atrás, e estejam mais fragilizados. Tudo bem que não desequilibram a zona. Mas vão contra o primeiro princípio fundamental da defesa: pressão. Saída ao portador da bola. Fechar espaços e linhas. Diminuir tempo para pensar e executar.

As bolas paradas então é incrível. Defesa individual? Coloca a nu a fragilidade de um jogador em relação a outro. Pela velocidade de deslocamento. Pela capacidade de se desmarcar em função da bola e não do homem. Machado ainda não o entendeu. E os golos por responsabilidade sua e do seu modelo preconizado em treino, sucedem-se. Vamos ver alguns:



Todos os jogadores procuram seguir os seus adversários de marcação. Só quando a bola está a chegar perto é que olham para ela. Anderson Santana quando a tenta atacar já perdeu posição e tempo de salto para Maicon que facilmente desequilibra todo o lance.




Todos os defesas se preocuparam em marcar, em cima, sem espaço, o adversário. Esqueceram-se de defender o espaço mais importante: o seu mesmo. Bola no primeiro poste sem um único jogador para a interceptar.




Momento fundamental do golo, ou erro principal, está em Alex. Quando a bola chega para Álvaro Pereira, se o primeiro objectivo de Alex, em vez de ser, correr para trás, e organizar a linha, impossível num contra-ataque, tem saído na pressão ao portador da bola, diminuindo o seu tempo de execução, tinha permitido à cobertura defensiva chegar mais rápido perto de Hulk e evitar que este tivesse espaço, sobretudo, e tempo para variar o centro de jogo e encontrar James sozinho.



Um homem no primeiro poste. Tudo o resto em marcação individual. Basta o choque entre uns, a falta de coordenação dos outros, para o desequilíbrio individual acontecer. Quem sabe onde a bola vai cair e mais rapidamente a ataca (quem joga em função dela) desequilibra.

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