sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O fim do Sporting Clube de Portugal



Não há volta a dar ou, pelo menos, se a há, alguém insiste em escondê-la ou a ameaçá-la numa grave crise de adiamento. O Sporting é um clube à deriva, sem rei nem roque, muito menos um líder ou alguém que consiga colocar ordem na casa.

As verdades essas têm sido escamoteadas ao longo dos tempos, e sempre levaram a más reacções de quem tem de tomar decisões. Eu, que observo de fora, aponto 100% de responsabilidades do fracasso desportivo - e não só - do Sporting esta temporada ao seu presidente Bettencourt.

Tudo começa mal na definição da época. Depois de ganhar as eleições e ter todo um conjunto de opções e, acima de tudo, tempo, para escolher estratégias, a que mais lhe interessou a dada altura foi garantir a sua remuneração enquanto presidente "profissional", e dizer a Paulo Bento que confia a 100% em si e que, para tal, não são precisos reforços.

Os resultados começam a aparecer, tal como esperado, mas numa óptica contrária: as derrotas. Paulo Bento não aguenta mais, como bom treinador e profissional que é, pede a demissão. Bettencourt faz um drama, as paredes de Alvalade depois das pinturas enchem-se de lágrimas (de quem?) segundo ele, e mais do que tudo, vaticina um futuro negro, para alguém que tem a responsabilidade perante os sócios de o transformar em sucesso, com uma frase que o sucinta enquanto presidente: "Se agora só 90% ficarão com saudades de Paulo Bento, daqui a uns meses serão 100% com certeza".

Que tipo de trabalho ou de perspectivas poderia ter e esperar o sucessor do ex-técnico do Sporting? Falha Villas Boas por 250 mil euros. O Sporting tinha de fazer o esforço. Não pode apontar uma solução primordial num momento tão delicado e virar-lhe a cara por míseros, sim, míseros (tendo em conta o que ganha o presidente "profissional") 250 mil euros. Escolhe-se então uma alternativa a 6 meses, tal como assinado no contrato. Carvalhal vem como primeira opção segundo o presidente. Então mas não foi comunicado à CMVM a existência de negociações com a Académica? Afinal quem manda, ou que conhecimento de gestão do clube da parte do presidente existe, em Alvalade?

Começa-se então a comprar ao desbarato. Para um clube com inegáveis problemas financeiras, foi uma lufada de ar fresco o dinheiro que a Câmara Municipal de Lisboa disponibilizou para a construção do pavilhão. Não sei de que forma está uma coisa ligada à outra, mas foram gastos 11 milhões de € num mês de Janeiro onde a Liga Europa é uma incógnita, o Campeonato está arrumado, restando a Taça e a Taça da Liga. O Sporting foi o clube europeu que mais gastou na reabertura do mercado. Mostra os problemas estruturais e de preparação do Mercado de Verão, mostra a falta de uma linha orientadora, mostra uma falta de critérios e poder negocial. 7 milhões por Pongolle, um jogador com inegável qualidade mas há muito inconstante e sem rendimento? Na actual conjuntura?

Chega então a hora de gerir o plantel. Izmailov, quanto a mim, o melhor jogador do Sporting, é alvo de uma proposta do Lokomotiv por 6 milhões de €. O Sporting, qual clube na mó de cima, rejeita e, quanto a mim, bem. Segue-se uma série de 7 vitórias consecutivas (com exibições paupérrimas e adversários de divisões inferiores), e um conflito - ao soco - entre o director desportivo (mas que não tem a tutela das contratações, pois essa é da responsabilidade do "presidente" e do "team manager") e o segundo melhor jogador do plantel, Liedson. Ganha o jogador. Alguém já viu este filme em qualquer outro local? Eu não.

O Sporting começa a cair. Qual presidente "profissional", qual quê, abandona o barco e vai de férias para o Brasil. Eu disse férias, e não trabalho de scouting, pois esse também trás para o Sporting Mexer, uma jovem promessa mas que interessa por a rodar mais uma época, segundo os dirigentes, e afinal, acaba por ficar. O presidente deixa Carvalhal sozinho (Repararam o número de vezes - quase nulas - que para explicar a conjuntura do Sporting se toca no seu nome) e acontece o inevitável. O Sporting é afastado de todas as competições.

Imagine-se qual espanto, aceita hoje uma proposta, os mesmos 6 milhões, por Izmailov. Ou seja, há um mês não se queria vender, hoje aceitou-se fazê-lo. Quem tomou ambas as decisões? Com que perspectivas, com que finalidades?

Segundo se diz por essa imprensa fora, quem manda actualmente em Alvalade são as claques. Elas é que tomam o poder. Eu não quereria chegar a tanto. Afinal continuam a sair do clube os seus baluartes (Sá Pinto), e acho que qualquer que fossem as suas decisões, mesmo que más, seriam melhores do que isto, isto que acontece actualmente com o Sporting. Algo não bate certo e com um passivo tão grande, uma gestão e uma onda de ridicularização total perante a história centenária de um clube que se auto-intitula grande em Portugal, o melhor não seria fechar as portas e começar tudo outra vez?

José Eduardo Bettencourt (JEB) – Estou, sou eu…

Paulo Bento (PB) – Porque me estás a ligar de número privado?

JEB – Como não me tens respondido às mensagens tive medo que não me atendesses por já estares farto de mim.

PB – Claro que atendo. Não respondi às mensagens porque já está tudo explicado, não há mais nada a dizer.

JEB – Tenho saudades tuas…

PB – Não comeces com essa conversa outra vez. Não tarda encontras alguém e esqueces-me, vais ver. Há tantos treinadores por aí. E muitos são melhores do que eu e merecem um presidente como tu.

JEB – Isso não é verdade, eu não quero mais ninguém, eu sei o que quero. Porquê procurar mais?

PB – Sabes bem que já não estava a dar, as coisas já não eram as mesmas, os sentimentos mudam. Foi muito tempo, já estávamos a adiar o que sabíamos ser inevitável.

JEB – Não é verdade! Nós podíamos continuar a ser felizes, eu ainda te quero muito…

PB – Zé, o problema não és tu , sou eu. Eu é que estava a mais, eu é que deixei as coisas chegar a este ponto e devia já ter terminado há mais tempo. Tu mereces tudo de bom e ser feliz com um treinador que te mereça. Resta-nos as recordações dos bons momentos.

JEB – Diz-me a verdade tu encontraste alguém? É o Pinto da Costa não é? Foram os cretinos dos terroristas que te ameaçaram contra mim? Diz-me, eu prefiro saber?

PB – Não encontrei ninguém. Juro. Há momentos que me apetece estar sozinho e este é um desses momentos. Prefiro estar uns tempos sozinho não tem a ver contigo, eu sou assim.

JEB – Juras? Juras pelos golos do Liedson?

PB – Juro. Juro como jurei que o André Marques vai ser um excelente defesa esquerdo.

JEB – Estás a ver como não é verdade!

PB – Pronto, juro pelos golos do Liedson.

JEB – Não estás a dizer isso só porque já não és nosso treinador?

PB- Não… Mas agora tens que dar um tempo, não podes estar a ligar-me e a enviar mensagens todos os dias. Sai de casa, combina coisas com os teus amigos, vai jantar fora, conhecer pessoas novas.

JEB – Eu vou tentar…prometo. Mas está a ser tão difícil…Adeus.

PB - Adeus.

JEB – Paulo?

PB – Siiiiiimmmm….

JEB – Forever?

PB – desligou.

1 comentário:

  1. O "reinado" de Roquete foi o principio do fim do grande clube que é o Sporting.Foi ele que criou a famosa "doutrina" de que o mais importante era ficar à frente do Benfica no campeonato.Fez uma "santa aliança" com o fcp, este ficava com os titulos no campeonato e o Sporting com os "restos", o importante era o Benfica não ganhar nada.
    Dias da Cunha tentou lutar contra essa "doutrina" mas não teve poder suficiente para isso e foi "despachado" sem honra nem gloria da presidência do Sporting.
    Soares Franco foi o "discípulo" mais fiel à "santa aliança".
    A continuar assim Bettencourt será o presidente do "fecha a porta" para o Sporting.
    Para finalizar, uma palavra de respeito para esse grande Sportinguista José Diogo Quintela, um adepto à moda antiga, talvez um adepto em vias de extinção.

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