terça-feira, 30 de setembro de 2014

Anderson Talisca



Já aqui tínhamos atestado a sua qualidade. Jogador que dentro da anarquia que ainda oferece pode acrescentar muito ao jogo ofensivo do Benfica. Mas o perfil psicológico que parece apresentar poderá atrasar a sua adaptação a uma posição mais recuada que acreditamos ter tudo o que as suas características físicas e técnicas pedem.

Talisca tem jogado, e bem, no apoio ao avançado, como elemento sem grande capacidade posicional como gosta Jesus mas tem aparecido muito bem em zonas de finalização o que lhe tem dado destaque grande neste Benfica. É de realçar que vem de um campeonato diferente e a forma como se está a impor é um facto de assinalar.

Contudo vamos tentar perspectivar o futuro. Talisca pela capacidade que tem de progredir com bola, jogando de frente, é um elemento muito perigoso para as equipas contrárias. Exemplo disso é o golo ao Estoril e o lance que origina a expulsão frente ao Moreirense. Vendo o jogo de frente, partindo em penetração, é difícil de parar e a qualidade na progressão que apresenta, também a passada larga que queima metros e junta sectores, tem de ser explorada.

O modelo do Benfica pode ganhar com as características que o ex-Bahia vem dar à equipa, mas é importante também que Talisca compreenda as missões - sobretudo defensivas - que não deve descurar a este nível competitivo. Ainda é lento a recuperar e pouco pro-activo na recuperação. Pela agilidade e estrutura física pode ser facilmente uma "aranha" nas recuperações, capaz de se destacar também aí.

A frieza na hora de finalização tem sido de assinalar e podem-nos levar a perceber que Talisca tem também golo. Mas pode muito bem, conforme for crescendo, ir ganhando rotinas de jogar mais por trás, acrescentando a este Benfica movimentações e posicionamentos de nº10, coisa que Jesus tem insistido em não ter ao longo dos anos, mas que pode com o brasileiro ser uma obrigatoriedade face à sua afirmação na equipa encarnada.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Uma questão de contextos




Jorge Jesus permite um Benfica mais forte e mais capaz de defrontar qualquer equipa. Contudo, noutro contexto competitivo, as fragilidades individuais de alguns jogadores demonstram as fraquezas que o conjunto tem para patamares mais elevados de exigência. O Zenit para além de ser uma equipa muito completa e de muita valia individual, é extremamente bem organizada e bem conhecedora de todos os momentos do jogo. Para além disso, os seus jogadores interpretam perfeitamente a questão qualidade vs experiência e assume-se este ano como o grupo mais forte do projecto milionário dos russos dos últimos anos.

O Benfica não pode ambicionar a triunfar na Europa e jogar com Artur, Jardel e Eliseu. Artur não tem condições para jogar em Portugal quanto mais fora de portas. Jardel a nível defensivo faz quase tudo bem e oferece garantias de top naquilo que se pretende para um plantel. Assumir a titularidade neste contexto é outra conversa, e as dificuldades porque passou hoje no momento da saída de bola, revelam falta de qualidade dele para este nível competitivo. Eliseu é outro caso. Em Portugal vai disfarçar as suas limitações mas apanhando pela frente um jogador da valia de Hulk sente enormes dificuldades e muita sorte acabou por ter o Benfica pelo Zenit ser uma equipa de organização ofensiva e não saber jogar de outra forma.

Noutro âmbito, importa falar do Mónaco. Bernardo Silva teve direito a meia hora e encantou os franceses. Bola colada ao pé, o jogo ganha dimensão quando o pequenino jogador ex-Benfica assume a batuta. Criatividade, imprevisibilidade, tomada de decisão, capacidade de penetração, condução, qualidade passe...enfim, esgotam-se os elogios. O que será preciso para Leonardo Jardim dar-lhe a titularidade e oferecer qualidade a esta equipa francesa que bem necessita?

No lado oposto está Ivan Cavaleiro. A vitória do Corunha frente ao Eibar esta segunda-feira não apaga a paupérrima exibição do extremo português. Muitas dificuldades na recepção, problemas técnicos evidentes para se catapultar para outro nível competitivo. Saiu, e bem, pelo pouco que deu ao jogo. Rapidamente, a continuar assim, perderá o lugar para Cuenca. Quanto a Sidnei, foi o melhor em campo e é um case study. Pode até nem ser preciso chegar a muitas conclusões, mas custa entender o porquê da sua carreira não estar noutro patamar. O treinador gosta dele e é fácil perceber porquê: lê o jogo como poucos, sai a jogar com qualidade de nº10, antecipa-se e recupera bolas de todas as formas e a continuar assim, mantendo o nível exibicional, vamos ver se ainda haverá tempo para ele. Numa equipa com bloco baixo, que não o exponha a situações de metros nas costas para correr, pode ser top.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Prospecção: N'Jie




Está a começar a aparecer na primeira equipa do Lyon um jogador que promete dar que falar. Já internacional A pelos Camarões, já brilha e marca (2) à Costa do Marfim. Jogador com mudança de velocidade explosiva, gosta de jogar solto no ataque aparecendo nos espaços que lhe permitam situações de simples resolução para ele: um contra-um, invariavelmente. Jogador dotado tecnicamente, poder de drible, capacidade de jogar com os dois pés e excelente equilíbrio. Finaliza bem e é muito forte em penetração. Para acompanhar.


Nacionalidade: Camarões
Data de Nascimento: 15-08-1993 (21 anos)
Altura/Peso: 170 cm / 64 kg
Posição: Avançado
Clube: Ol.Lyon

domingo, 7 de setembro de 2014

O mito Nani


Chega. O nível dos jogadores portugueses decresce cada vez mais e valoriza-se em demasia certos jogadores pelo que em tempos fizeram ou pela atenção que lhes é despendida pela comunicação social. Os últimos 2 anos de Nani em Manchester e o facto de quase nunca ser utilizado não acontece por acaso.

É pela fraca utilidade actual do jogador face ao que já fez no passado. Nani estagnou como jogador e adoptou vícios que o tornaram pior jogador. Não compreende o jogo, pensa mal e sobretudo executa quase sempre mal. É um jogador demasiado inconsequente, sem critério nas suas acções, pouco regular e que tem uma taxa de sucesso dos seus lances a rondar o horrivelmente.

Nani deixou de ser o jogador que era e é necessário alguém o apontar de forma assertiva. O futebol não é fazer umas fintas e dar uns toques giros na bola. Nani mesmo a nível técnico demonstra limitações grandes sobretudo ao nível do cruzamento, situação que explora muito no seu jogo. Dos imensos que tira, poucos são aproveitados não só por não haver quem os finalize, mas essencialmente porque despejar bolas para a área é diferente de encontrar a melhor situação para permitir finalização a um colega.

Prospecção: Garry Rodrigues



Chegou à principal montra do futebol aos 22 anos e promete agora não ficar por aqui. Garry Rodrigues é um dos principais talentos do futebol cabo-verdiano e tem tido um percurso de clara ascenção. Formado no Feyenoord, terminou o seu percurso no Real Massamá, tendo jogado nas divisões secundárias da Holanda e Alemanha nos primeiros anos de Senior. A transferência para o Levski Sofia foi o passo decisivo do seu percurso, de onde se mudou no mercado de Inverno do ano passado para o Elche.

Garry é um extremo potente, agressivo nas abordagens e que parte invariavelmente para cima em situações de 1x1. Joga sobretudo descaído sobre o flanco esquerdo onde gosta de flectir para dentro e aplicar o seu venenoso pontapé, mas sabendo também jogar no lado contrário, onde tem uma taxa de sucesso grande e explora a sua velocidade e capacidade de drible para desequilibrar.


Ainda não é um jogador de processo terminado e tem margem para crescer. Sabe jogar sobretudo com bola e desenvolve o seu futebol através da força física e capacidade de drible onde consegue criar várias situações de finalização para si ou para os seus companheiros.. Um jogador para seguir.


Nacionalidade: Cabo Verde
Data de Nascimento: 27-11-1990 (23 anos)
Altura/Peso: 170 cm / 64 kg
Posição: Extremo Esquerdo/Direito
Clube: Elche

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Bryan Cristante




O Benfica, no último dia de mercado, fecha um objectivo antigo, apenas agora concretizável face à lesão de Ruben Amorim e ao empréstimo de Van Ginkel ao Milan. Cristante vem para o Benfica e vamos procurar perspectivar aquilo que acrescentará.

Cristante inicia esta temporada o seu primeiro ano como Senior. Formado no Ac Milan, estreou-se a temporada passada ainda enquanto Junior na 1ª equipa do grande de Milão onde participou em três partidas e marcou um golo à Atalanta.


Jogador da posição 6, é a referência da primeira fase de construção, embora também possa jogar mais à frente, como 8. Contudo, é a jogar mais recuado, assumindo o jogo desde trás que se sente mais confortável. Tem capacidade de desarme e recuperação de bola pela excelente capacidade física que tem. Protege bem a bola, sabe usar o corpo, mas é nos argumentos técnicos que se destaca.

Dotado a nível de recepção, assume o passe curto, médio e longo com qualidade, sendo forte no drible e na capacidade de manter a posse. Apenas tem ainda alguns problemas ao nível da intensidade de jogo e na execução quando pressionado, daí gostar de pisar terrenos menos "preenchidos" de jogadores adversários.


É culto tacticamente e tem excelente sentido posicional. Assume o jogo, gosta de ter bola e nunca se esconde. Oferece constantemente opções para manter a posse e progredir - é aliás aqui que se destaca sobremaneira, na forma como oferece coberturas ofensivas ao portador da bola e toma opções seguras.

Cristante fruto da capacidade física e técnica que tem pode também ser olhado para a posição 8 pois é forte em progressão e chega bem à área contrária. É um jogador parecido a André Gomes até na fisionomia mas com maiores argumentos a nível técnico e que pode atingir outra dimensão. O Benfica ganha aqui um jogador de valia para as duas posições do meio-campo, tal como Samaris.