terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Prospecção: Brandley Kuwas




Nasce na divisão secundária da Holanda um daqueles jogadores que bem comandados e com uma oportunidade podem dar muito que falar. O Volendam não está a fazer uma época por aí além mas nas suas fileiras mora um jovem jogador que trás fantasia e ilusão aos adeptos. Brandley é um extremo moderno, gosta de jogar no corredor direito, onde deriva em movimentos interiores, explorando a capacidade do seu pé esquerdo de inventar algo de imprevisível para causar perigo às balizas contrárias. Sabe movimentar-se, assume o um contra um com frequência, é objectivo e detém um excelente poder de drible e aceleração, sendo ainda um jogador veloz e muito potente na forma como aborda as suas decisões. Jogador interessante e para acompanhar.


Nacionalidade: Holanda
Data de Nascimento: 19-09-1992 (20 anos)
Altura/Peso: 178 cm / 70 kg
Posição: Extremo Direito/Esquerdo
Clube: FC Volendam

Histórico:

Época           Clube           Jogos           Golos
2012           Volendam      4(13)               2        

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Prospecção: Valentino Lazaro



Com apenas 16 anos, nasce na Salzburgo um talento quase certo do futebol austríaco e um jogador que promete ser referência no futebol do velho continente. Lazaro tem apenas 16 anos mas a personalidade e identidade com que está a construir a sua carreira não parece deixar dúvidas. Em termos de futebol, elas não existem. Qualidade, classe, irreverência, brilhantismo. Joga preferencialmente como médio de ligação, tem um raio de acção grande, preenchimento de espaços assinalável, duro e assertivo em despiques individuais, mas é com bola que o seu futebol ganha expressão. Muito forte tecnicamente, drible curto, execução rápida, veloz, remate forte... poucas dúvidas quanto ao seu talento. A ver vamos onde vai parar.



Nacionalidade: Áustria
Data de Nascimento: 24-03-1996 (16 anos)
Altura/Peso: 180 cm / 70 kg
Posição: Médio Centro
Clube: Red Bull Salzburgo

 Histórico:

 Época           Clube           Jogos           Golos
2012    Red Bull Salzburgo            

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Prospecção: Jhon Córdoba



Este é, até ao momento, o jogador mais entusiasmante do campeonato sul-americano de sub-20. A Colômbia apresenta alguns jogadores de muito potencial, mas Córdoba parece apresentar algo que o fará ter uma carreira, em breve, no futebol europeu. É um ponta-de-lança com toques antigos, de área e finalização, mas com apetência para jogar por fora, sendo extremamente veloz face à enorme capacidade física que detém. Joga muito bem de costas, onde usa o seu poder de choque para segurar, sabendo rodar e aparecer rápido em zonas de finalização. Na área é um "tanque", muito lutador e abnegado, finaliza bem, embora possa crescer, como é natural, fruto da sua idade. A Colômbia surge como uma das principais candidatas à conquista da prova e o colombiano já leva 4 golos. Para ir seguindo.



Nacionalidade: Colômbia
Data de Nascimento: 10-05-1993 (19 anos)
Altura/Peso: 188 cm / 84 kg
Posição: Avançado
Clube: Jaguares

 Histórico:

 Época           Clube           Jogos           Golos
2012          Jaguares            6(7)                 1                      
2011          Envigado            15                  6

Prospecção: Diego Laxalt



O Uruguai afirma-se como um dos principais exportadores de talentos da América do Sul. Bom exemplo disso é a sua selecção de sub-20 que conta já com alguns jogadores nos principais campeonatos europeus. Contudo, é de Laxalt que os observadores falam. Jogador a actuar ainda no seu país natal, este esquerdino promete muito para a sua selecção. Jogador de qualidade técnica acima do normal, denota uma capacidade de decisão e execução acima da média, face à idade. Personalidade, gosta de assumir o jogo (por isso o vemos um pouco por toda a parte), embora seja pelas faixas que se sente mais confortável. Rápido, imprevisível e muito irreverente. Um talento a seguir.


Nacionalidade: Uruguai
Data de Nascimento: 07-02-1993 (19 anos)
Altura/Peso: 177 cm / 67 kg
Posição: Médio Ofensivo
Clube: Defensor Sporting

 Histórico:

 Época           Clube           Jogos           Golos
2012          Defensor                        
2011          Defensor (sub-20)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Belenenses a caminho...


No saber reconhecer as suas limitações e potenciar as virtudes, está o ganho. Mas em tudo. E mais do que isso, conseguir adaptar-se a uma dificuldade nova, a um momento inesperado, e obter ganhos, é uma mais valia. Ainda havia poucas dúvidas que o Belem subiria este ano, mas depois deste jogo ficaram desfeitas, quanto a mim.

Uma equipa extremamente adulta, personalizada, confiante e com um espírito competitivo impressionante. Van der Gaag tem, claro, papel preponderante nisto. Ver a forma como a equipa está a jogar bem, com produtividade, e sofrer 2 golos em 2 momentos únicos no jogo, apanhar-se com menos 1 elemento em campo, e ter um jogador lesionado desde os 60 minutos sem ser possível realizar alteração, e conseguir empatar o jogo... é de equipa grande.

O Belenenses deixou o seu futebol apoiado e mais rendilhado, os seus sectores juntaram-se, sempre com os jogadores próximos, passando a apostar num futebol mais directo e vertical, procurando ganhar metros no campo descurando alguns critérios de organização bases e adaptando o seu modelo às inerências. O Belém deu tudo para as bolas paradas e conseguiu 2 golos. Saíram os dois virtuosos do ataque, Arsénio e Tiago Silva, mas não foi por isso que a equipa perdeu capacidade ofensiva.

Mas este texto é para falar do melhor médio da liga. Fernando Ferreira vem construindo uma carreira a crescer e enfrenta, talvez, o melhor ano de sempre. Tomada de decisão excelente, qualidade de passe, presença em campo e capacidade leitura dos momentos de jogo acima da média, e uma meia distância como upgrade das suas acções. Acima disso, mentalidade competitiva e liderança.

Kay confirma as credenciais. Rápido, bom posicionamento, inteligente nas abordagens, boa capacidade de desarme. E foi bom ver durante 45 minutos Tiago Silva. É jogador e vai a crescer para a 1ª liga.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Anarquia globalizada


Disputa-se por esta altura na Argentina o Sudamericano sub-20, prova onde têm despontado alguns dos jogadores sul-americanos que nos últimos tempos têm transitado para a Europa. Quem teve a oportunidade de assistir ao primeiro tempo do Argentina-Paraguai, até por curiosidade de observar alguns dos nomes que vêm sendo ligados aos grandes em Portugal, fica muito desiludido não com a qualidade individual dos atletas, mas com o nível em que se encontram, isto se tivermos em conta as indubitáveis qualidades técnicas que denotam.

Ver o jogo da Argentina é o que não se deve mostrar a quem pretende aprender sobre futebol. Um primeiro tempo com cerca de 75% posse de bola a favor e 1 remate à baliza. 2, talvez. Isto porque o jogo da selecção azul assenta num estilo rendilhado, de muitos adornos, e uma objectividade a transpor para o nulo, também devido à pouca qualidade na tomada de decisão. Contudo, ela está intimamente ligada ao aparente desconhecimento de processos de jogo, fluidez  padronização colectiva, organização sectorial concreta. Tudo se dilui em lances individuais sem expressão e quase sempre com erros nessa mesma tomada de decisão.

Uma equipa que tem, no ataque, Centurión, Alan Ruiz, Vietto ou Iturbe, tem de ser capaz de dar mais. Capaz de assegurar uma referência posicional de progressão em posse. Ser capaz de garantir um posicionamento entre-linhas do adversário de forma a permitir penetrações interiores. Referência para fixar os defesas contrários e garantir uma maior liberdade dos jogadores que caem nas faixas de forma a penetrarem para o espaço interior e garantir, aí, soluções de 2x1. Largura aceitável do jogo e não uma tendência desmesurada de pisar terrenos interiores sempre que a bola chega ao corredor lateral, não existindo, depois, a referência numa linha avançada para progredir, apoiar-se, ou criar as situações de 2x1 na zona de finalização a fim de visar a baliza, tal como citado.

A Argentina joga bem, de facto, mas falta-lhe muita coisa, e acima de tudo, muito trabalho colectivo. A desorganização dificilmente vence uma prova, vai dando para ganhar uns jogos, pois a qualidade individual dos jogadores é acima da média. Custa ver Alan Ruiz sempre a procurar apoio, sempre a procurar uma referência, sempre bem posicionado e a gerir os momentos da equipa, mas com pouco (de colectivo) a acompanhar o seu pensamento. Assim, a tomada de decisão está condenada ao fracasso.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

As mais valias da 2ª Liga

Terminada está a primeira volta da competitiva segunda liga portuguesa, importa olhar com atenção para o que de bom vai aparecendo no nosso futebol e que parece ter capacidade para passos mais ambiciosos em carreiras individuais que se perspectivam de bom nível.


Tiago Silva (Belenenses)
Posição: Médio Ofensivo
Idade: 19 anos

Imprevisibilidade, versatilidade e irreverência. Tiago Silva, produto das escolas do Benfica, está em Belém desde os 16 anos e assim chegou aos profissionais. Jogador dotado técnicamente, boa capacidade de drible, assume o um contra um, espelha irreverência nas acções que desenvolve. Pode jogar nas faixas mas também pelo corredor central em apoio a um jogador mais fixo. Boa qualidade de passe e para a idade excelente tomada de decisão.


João Mário (Sporting)
Posição: Médio Defensivo
Idade: 19 anos

João Mário é o cérebro da equipa B dos leões. Jogador da posição 6, características modernas. Visão de jogo, qualidade de passe, tomada de decisão, cultura táctica, classe na execução. Jogador de recursos técnicos altíssimos, tem qualidade que sobra para dentro de algum tempo estar nas escolhas principais da equipa principal do Sporting.


Filipe Chaby (Sporting)
Posição: Médio Centro
Idade: 19 anos

Chaby, na senda dos pés-esquerdos de qualidade a aparecer no nosso futebol (David Simão, Josué ou Rosado) tem algo que chama à vista dos que observam o seu jogo. Rapidez na execução, boas decisões, eficácia e objectividade no jogo, tem realmente um pé esquerdo de grandíssima qualidade.


Bruma (Sporting)
Posição: Extremo
Idade: 18 anos

É a grande pérola dos leões. Joga de igual forma nos dois corredores laterais. Excelente capacidade técnica e de improvisação. Vasto leque de recursos ao nível do drible, acima de tudo, veloz em condução e imprevisível na decisão que toma. Um perigo à solta na zona de finalização.


Rabiola (Aves)
Posição: Avançado
Idade: 23 anos

Uma das promessas do futebol português, tardou em demonstrar todo o futebol que se lhe previa. Hoje, Rabiola, demonstra nas Aves todas as credenciais que prometeu dar ao futebol português: golos. Leva 12 na Liga mais 5 na Taça da Liga. Faro de golo, qualidade técnica e de execução, ainda vai a tempo de construir uma boa carreira.


João Cancelo (Benfica)
Posição: Lateral Direito
Idade: 18 anos

Cancelo é a grande promessa do conjunto secundário do Benfica. Jogador irreverente, veloz, muito perigoso embalado, tem de crescer a nível posicional, mas tem todas as condições físicas e técnicas para ser jogador do Benfica. Talento tem, e muito, que bem direccionado, pode até ser curto para o emblema da Luz.

Sebá (Porto)
Posição: Extremo
Idade: 20 anos

O mini-Hulk dos dragões vai-se estreando pela equipa principal e promete. Jogador veloz, fisicamente dotado, agressivo, é explosivo em aceleração e detém um remate muito forte. Precisa crescer a nível das decisões no último terço, mas tem muita qualidade.


Fábio Martins (Porto)
Posição: Extremo
Idade: 19 anos

É a grande surpresa dos azuis e brancos. Vai crescendo de forma sustentada e promete. Jogador que ocupa ambos os corredores, tem passada larga, velocidade e uma técnica apurada. Muito objectivo e seguro nas suas acções, tem criatividade e sentido de improviso. Gosta de aparecer em zonas de finalização. Jogador interessante.


Paulo Oliveira (Guimarães)
Posição: Defesa Central
Idade: 21 anos

Muita maturidade. Paulo Oliveira promete liderar em breve a defesa dos vitorianos. Capacidade física (1,88cm), bom jogo de cabeça, agressivo q.b., excelente sentido posicional e presença em progressão com bola, vai-se destacando na Orangina.


Guilherme (Braga)
Posição: Médio Centro
Idade: 21 anos

Custa perceber como ainda não se assumiu em Braga. Jogador com excelente pé esquerdo, joga em terrenos interiores, sempre com o mesmo ritmo, intensidade, e qualidade na tomada de decisão. Agressivo e auxílio importante em terrenos defensivos, cresce com bola, em progressão, ou em tabelas. Jogador valioso.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Prospecção: Mansur


Muita atenção ao Vitória, clube recém promovido à Série A do Brasil. Nas suas fileiras mora um lateral esquerdo que faz lembrar o último dos grandes laterais a sair de Portugal. Joelinton Santos, conhecido por Mansur, é um jogador que deixa água na boca. Ocupando a faixa esquerda é uma autêntica locomotiva pelo seu corredor. Sem uma velocidade de ponta excepcional, é um jogador de elevada rotação e com grande embalagem quando vem de trás com bola. Forte no drible e na imprevisibilidade que coloca nas suas acções, aborda os adversários sem receio e assume a zona de decisão para si. Denota uma capacidade de passe interessante, excelente entre-linhas, sendo também agressivo e útil defensivamente, com um posicionamento interessante e capacidade de desarme, embora sejam, claramente, ofensivas as suas mais valias. Tem ainda o upgrade de ter um remate forte e colocado. Muita atenção. 


Nacionalidade: Brasil
Data de Nascimento: 17-04-1993 (19 anos)
Altura/Peso: 181 cm / 81 kg
Posição: Lateral Esquerdo
Clube: Vitória

 Histórico:

 Época           Clube           Jogos           Golos
2012          Vitória               21(1)              1
2011         Bahia (sub-20)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Os novos internacionais: Quem formou?


No seguimento do artigo anterior, onde se procurou analisar e desmistificar alguns temas relacionados com a formação de jovens talentos, convém deixar de olhar para o passado e o que outrora foi feito, para vermos o presente e analisarmos se os mesmos paradigmas se mantêm, ou por outro lado, outros fenómenos surgem e vão desmistificando alguns conceitos pré-concebidos.

E a realidade parece ser essa. Olhando para o percurso da selecção nacional, ninguém esconde que a actual geração está a alguma distância daquelas que foram, outrora, algumas das melhores equipas de sempre do futebol nacional. Ainda assim, e sem procurar os responsáveis ou apontar causas, vamos observar a última convocatória de Paulo Bento para a Selecção Nacional, no jogo amigável que Portugal disputou no Gabão.

6 são o número de jogadores convocados na casa dos 25 anos, ou menos. Entre eles estão Éderzito (Braga), Pizzi (Corunha), Ruben Ferreira (Marítimo), Luís Neto (Siena), Hélder Barbosa (Braga) e Sílvio (Atlético de Madrid). 

Este último, Sílvio, foge à regra, mas tem uma história curiosa para contar. Fez toda a formação ao serviço do Benfica mas, tal como acontece à grande maioria dos jogadores que chegam aos Juniores de equipa grande, dificilmente conseguem transitar para o plantel principal. Sílvio fez um ponto de ruptura completo na carreira. Tentou aventurar-se no estrangeiro mas foi recusado. Iria então para o Atlético do Cacém na III Divisão Nacional.

Fez lá uma época completa antes de se transferir para o Odivelas na II B. Mais um passo acima daria no ano seguinte. Rio Ave, primeira liga. Foi curto o caminho, mais curto do que supostamente pensou. Dois anos em Vila do Conde bastaram para ganhar bilhete para o Braga e desafios mais exigentes, ao ser vendido no final do ano para o Atlético de Madrid. Hoje é internacional português.

Hélder Barbosa agradece à Académica a sua formação. Foi de lá que se transferiu para o Porto com 17 anos. Jogaria ainda pela equipa B dos dragões antes de sair. Sucessivos empréstimos. Académica (2 anos), Trofense e Vitória Setúbal, uma época, antes da saída definitiva para Braga onde se vai fixando. Internacional português.

Neto chegou à Selecção aos 24 anos. Formação interessante: Sempre no Varzim, clube da terra. Acabaria por não aguentar ver o decréscimo de estruturas na Póvoa e saiu para o Nacional na 1ª Liga. Um ano bastou-lhe para convencer os responsáveis do Siena a pagarem por ele.

Rúben Ferreira, 22 anos. Jogador do Marítimo, com toda a formação completa no União da Madeira. Está a aparecer a grande nível e Paulo Bento premiou-o. Pizzi, um caso enigmático. Andou "escondido" e aparentemente perdido, pela opinião pública, no modestíssimo Bragança. Foi para o Braga com 18 anos, tendo sido emprestado 3 anos seguidos: Ribeirão, Covilhã e Paços de Ferreira. Evoluiu de forma assombrosa, faz um ano em grande no Braga, dividido por Paços novamente, acabando por sair para o Atlético de Madrid. Actualmente joga no Corunha e é uma das principais figuras da equipa.

Éderzito é outro caso curioso. Jogou toda a vida no Adémia, sendo recusado pela Académica, a mesma briosa que acabaria por o contratar já com idade adulta ao Tourizense, onde completou duas épocas, após uma passagem pelo Oliveira do Hospital.

Fica a questão: Onde andam os jogadores destas gerações de 1987, 1988, 1989, por exemplo, que jogaram no SLB, SCP e FCP durante a sua formação?

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Quem faz afinal formação?


No seguimento do estudo realizado pelo site Mais Futebol, sobre os jovens da formação que integram os plantéis dos chamados três grandes em Portugal (link que deixo no fim deste artigo - 1), faz sentido lançar outro olhar sobre a real formação que se realiza em Portugal. Os estigmas e os paradoxos existentes, que clubes realmente melhor formam, o mito de mais de metade da selecção nacional ter sido formada no Sporting, entre outros assuntos para abordar.

O que é afinal ser formado num clube. Para os regulamentos de inscrição na Federação Portuguesa de Futebol, um jogador conta como formado no clube, se entre os 15 e os 21 anos cumprir 3 épocas desportivas inscrito nesse clube. 

Este é um dado redutor e enganoso na maioria das situações. Tendo em conta que os jovens atletas iniciam a sua prática desportiva e competitiva, na maioria dos casos, entre os 7 e os 8 anos, temos de esperar quase o dobro do tempo para que se comece realmente a olhar para os dados de formação de um jovem atleta. Contudo, o seu percurso é muito mais do que o "dar uns toques e fazer uns jogos" até atingir os 15 anos.

A competição e o resultadismo existe mesmo logo a partir da idade de início, com a pressão de pais e dirigentes, mas fundamentalmente perpetuada por quem faz uma campeonite exacerbada com a venda de sonhos e ilusões que não passam de um meio para atingir os seus fins administrativos, financeiros e burocráticos de tudo o que envolve pertencer à formação de futebol no nosso país.

Vamos olhar para o passado. Longe dos grandes centros de treino de alto rendimento, com condições de topo a nível do processo de optimização de competências, os clubes iam sendo competitivos e iam abrindo espaço aos jovens que transitavam dos Juniores para a equipa principal. 

No último Europeu de Futebol realizado em 2012, fez-se ecos em Portugal e no estrangeiro dos méritos que o Sporting Clube de Portugal efectuou na formação de atletas. Escreveu-se que os leões eram o clube com mais jogadores formados no clube no Europeu de 2012 (link que deixo no fim do artigo - 2).

Olhando para os nomes citados, todos cumprem a regra de formado no clube. Dos 15 aos 21 anos estiveram efectivamente na formação de um grande. Contudo, sabemos que, tal como já foi dito anteriormente, esse é um processo demoroso, difícil, e muito turbulento. Não podemos olhar com normalidade para a campeonite de recrutamento que faz com que vejamos clubes com cerca de 40 atletas por ano de nascimento, cerca de 10 a 15, por época, novos no clube. Esta situação ocorre dos 7 aos 13 anos de uma forma cíclica.

Olhando para os nomes apresentados pelo artigo espanhol, saltam alguns nomes à vista. Vejamos então o percurso de alguns destes nomes, como Custódio, Nani ou Varela. Custódio, nascido em Guimarães, iniciou o seu percurso em Guimarães. Iniciou e concluiu, praticamente, Viajou para Lisboa aos 18 anos para jogar no Sporting B e iniciar o seu percurso como profissional. Estreou-se na equipa principal do Sporting aos 20 anos. Contudo, o facto de ter entrado com 18 anos, permitiu-lhe cumprir a regra e contar como formado no clube.

Silvestre Varela, ou o Drogba da Caparica, foi na terra de pescadores que fez o seu percurso. A jogar no Costa da Caparica era um jovem em grande momento, tendo sido contratado pelo Sporting para jogar na sua equipa de Juniores. Tinha Varela, na altura, 17 anos.

Nani é mais um dos casos de grande perspicácia da formação do Sporting para formar talentos. Um jogador de inegáveis qualidades, que está no top de atletas formados pelos lisboetas. Contudo, olhar para o trajecto de Nani é perceber, que mais uma vez, as coisas não são tão assim como nos pareciam. Nani, nascido num bairro problemático da Amadora, começa a jogar futebol no clube próximo de casa que melhores condições lhe oferecia: o Real Massamá. É lá que cresce, que evoluiu e que enfrenta o início da vida adulta. O Sporting conseguiu chegar até ele. Com 17 anos, Nani aparece de leão ao peito.

O que têm os responsáveis de Guimarães, Costa da Caparica e Real Massamá em comum? Um orgulho pelos seus atletas, que ajudaram a crescer e praticamente os empurraram para a vida adulta, estarem a brilhar na alta roda do futebol, mas também uma mágoa por neste tipo de conceitos e trabalhos não verem citados os seus nomes pelo trabalho que desenvolveram.

(continua...)

Link 1: http://www.maisfutebol.iol.pt/espanha/benfica-sporting-fc-porto-porto-formacao-jovens-formados/1389153-1486.html

Link 2: http://www.marca.com/2012/06/14/futbol/eurocopa_2012/portugal/1339669077.html